Valdiceio Martins: “Oi gente! Eu de cá e você de lá!”

1 de novembro de 2015 - 15:32, por Alexandre Fontes

Entrevistado da semana

Entrevistado da semana

A entrevista da semana é com um dos grandes ícones do radialismo sergipano, Valdiceio Martins, que aos 61 anos continua animando as tardes do munícipio de Lagarto com o seu programa musical.

Durante a entrevista, Valdiceio nos contou um pouco da sua carreira artística de 38 anos nas ondas curtas e médias do rádio, da sua breve passagem pela televisão, das suas melhores recordações, das suas alegrias e também das suas tristezas. Tudo isso sem falar do pseudônimo Benito Martins que adotou por um curto período de tempo, além de esbanjar o seu carinho aos amigos, ouvintes, colegas de trabalho e a sua terra natal o município de Lagarto.

Acompanhe na íntegra a entrevista com esse descontraído artista:

Lagarto Notícias: Quem é Valdiceio Martins?

Valdiceio Martins: Na realidade tudo está escrito no livro do destino de cada um de nós e eu não sabia que diante da minha presença na face da terra, Valdiceio iria ser um comunicador. Eu comecei antes cantando em programa de calouros, queria se cantor, tocar violão, e de repente entrei em um parque de diversões apresentando um programa num estúdio normal, dai foi que surgiu a minha vontade de ser locutor, apresentador de programa levando a mensagem no ar, no espaço sideral, para todos os ouvintes.

LN: O senhor trabalha há 38 anos no rádio sergipano, o que fez o senhor entrar para o mundo da comunicação?

Valdiceio: Eu comecei aqui, na minha terra natal. Na época, meu pai, Vicente Alves de Santana ou Vicente Sapateiro, como é popularmente conhecido, estávamos ouvindo o noticiário na Rádio Liberdade, naquela época não tinha energia e tínhamos aquele rádio dos anos 60/70 mais ou menos, e eu ouvia a Rádio Liberdade com um apresentador que, já faleceu, inclusive eu tenho lembrança deles aqui no pen-drive apresentando um programa jornalístico informativo, o Informativo Cinzano que era às 12h: 25. Naquela época o rádio tinha uma bateria, normalmente de caminhão, e tinha um Tunga que é um estabilizador utilizado para sobrecarregar a energia para continuar ouvindo, porque não tinha energia elétrica. Ai foi quando eu despertei e perguntava a meu pai: – Meu pai, esse homem ai que está falando. Ele está falando é dentro do rádio? É de ferro?- aquela curiosidade… Depois disso, ele me levou até Aracaju, capital sergipana, e foi onde eu conheci o José da Silva Lima, o Silva Lima apresentador do Informativo Cinzano, enfim me despertou a vontade de ser um apresentador. Não partir para o jornalismo, porém apresentei programas jornalísticos, fiz reportagens e plantões esportivos, mas o meu forte mesmo é a apresentação de programa disk jóquei. Apesar da mudança com essas novas tecnologias avançadas nesse mundo, eu me adaptei e ainda hoje com 61 anos de idade continuo levando a mensagem alegre e descontraída para o povo, que é o meu sonho até o dia que Deus me permitir o direito de permanecer aqui na terra.

LN: Como foi que tudo começou?

Valdiceio: Eu comecei apresentando programa em 1973, mais ou menos, na Rádio Esperança de Estância e depois parei… uma vez na Rádio Cultura houve uma divulgação precisando de radialistas, de pessoas com vocação para o rádio e fazer um teste. Eu fui aqui da cidade de Lagarto e Vanderlei Alves, um colega daqui de Lagarto que hoje mora em Aracaju e está fora do rádio, nesse teste eu participei. Ele [Vanderlei] foi aprovado em primeiro lugar e eu fiquei em segundo, ai fiquei esperando uma situação que surgisse no futuro, condições de entrar numa emissora, foi quando eu fui pra Rádio Liberdade em Aracaju apresentar o programa A tarde é nossa, com o fundo musical de Just Gring e outros sucessos. Ai foi quando eu comecei a dar o pontapé inicial da minha vida artística apresentando um programa disk jóquei.

LN: Há algum tempo atrás o senhor chegou a trabalhar na TV, como foi essa experiência?

Valdiceio: Eu saí da Rádio Liberdade, fui para o Sistema Atalaia de Comunicação, primeiro fui à FM Atalaia apresentar um programa que era uma programação enlatada que vinha de São Paulo da empresa Transbrasil, eu apresentei o programa com hora certa e algumas divulgações, informação tipo: foguete bem rápido e música. Depois fui pra Rádio Jornal 540, mas antes iniciei na Tv Atalaia fazendo programas de forró na época junina, apresentando, fazendo vinhetas e programas comerciais. Depois eu continuei na Rádio Atalaia AM, em seguida fui convocado para a Rádio Jornal, lá apresentei programas e depois recebi um convite para participar do programa de jornalismo na Tv Jornal, nessa época eu comecei a fazer reportagens de rua com ouvintes, participei de programas sociais na tv com o saudoso João de Barros, dai eu comecei a apresentar programas na televisão. Tudo pra mim serviu de lição, para o meu alicerce da minha base na formação da minha parte profissional.

LN: Em todos esses anos de rádio, qual a sua melhor recordação?

Valdiceio: Recordação a todo o momento existe na nossa vida aqui na face da Terra. Sinceramente, na época que eu estava na Rádio Jornal, o diretor era o saudoso Glau Peixoto, e tinha um programa com participação de Roberto Silva do Jornal da Cidade com dicas do radialista, o dia a dia dos radialistas na capital. E passei um ano sempre em primeiro lugar na apresentação de um programa a noite, o A noite é nossa, na Rádio Jornal 540. É a melhor recordação que eu tenho na minha vida, passar um ano, 365 dias, sempre em primeiro lugar de audiência na capital sergipana. Isso pra mim foi muito importante, e eu jamais esquecerei.

LN: Quais os desafios que o senhor encontrou no mundo do rádio?

Valdiceio: O desafio na parte de profissão: quando eu comecei, a maneira de apresentar, o vocabulário, tratar o ouvinte no ar, utilizar a palavra na hora certa. É difícil você sair do interior pra ir, diretamente, pra capital para dar o seu pontapé inicial. Sem falar dos colegas que tem os bons e ruins, mas Deus me ajudou, me iluminou e para mim, sou um grande vencedor como um grande radialista que não parou no tempo e que trata o ouvinte com humildade.

LN: Todo grande profissional, seja ele de que área for, tem os seus mestres. Quem ou quais foram os mestres do Valdiceio Martins?

Valdiceio: O meu primeiro mestre, que me incentivou em 1976 em Aracaju, foi o saudoso Lisandro Ferreira Machado, Simão-diense, apresentador de programa jornalístico, ele colocou um pseudônimo no meu nome artístico, ele disse: “seu nome Valdicéio não cai bem pra o rádio, seu nome a partir de hoje vai ser Benito Martins”, e eu perguntei o porquê, ele respondeu: “ você tem o jeito de Benito de Paula”. O pseudônimo ficou e depois eu transformei, novamente, em Valdicéio Martins, porque na minha terra eu sou Valdicéio Martins e o nome ficou até hoje, mas ele foi um mestre, eu tenho muita saudade dele, me ensinou bastante na minha vida, aprendi muito com Lisandro Ferreira Machado. Ele tinha um programa de jornalismo e finalizava dizendo: “até amanhã, se eles deixarem!”, ai depois naquela época tinha a censura que se envolvia e o proibiu de finalizar assim, então ele mudou e no outro dia ele encerrou: “até amanhã, se elas deixarem!”, dai a censura perguntou quem era elas e ele disse que elas eram as mulheres. [Risadas] Bem bolado!

LN: Em todos esses anos nas ondas do rádio, qual a maior alegria do Valdiceio Martins?

Valdiceio: A maior alegria foi retornar para a minha terra natal [Lagarto] e mostrar o meu potencial a minha profissão de radialista e receber o carinho dos meus conterrâneos. Eu retornei em torno de 1988.

LN: Qual decepção?

Valdiceio: Eu falar arrodeando porque nem tudo você pode falar, mas foi aqui na minha terra natal, algo que eu não esperava. Eu como um profissional do rádio e de repente aconteceram algumas coisas que eu me decepcionei com o ser humano, com as pessoas, não quero focalizar no nome de pessoas. Entreguei tudo ao tempo que o tempo se encarrega de tudo, só o tempo dirá. Mas serviu de uma grande base pra eu encarar isso pra mim, um novo desafio, depois da decepção eu retornar no mesmo pique com a alegria pra comunicar numa emissora como hoje ainda estou.

LN: O senhor, como um grande radialista, acredita que o rádio está perdendo o seu espaço para as novas tecnologias?

Valdiceio: Está sim, porque mesmo com as novas tecnologias o homem é quem faz essas novas tecnologias. Ainda precisa um pouco da presença humana nessa tecnologia e o profissional que não se adaptar as novas tecnologias, ele também perde o espaço dele. Tudo na vida é transformação, tudo muda.

LN: Todo radialista tem o seu bordão, o do Prefeitinho é “O bolo é grande!”. Qual o bordão do Valdicéio?

Valdiceio: “Oi turma!”, “eu de cá, você de lá!”, “se ligue, ligue, não desligue!”, tem muitas vinhetas e o principal é “eu de cá e você de lá!”.

LN: Qual a marca do Valdicéio nas ondas do rádio?

Valdiceio: A marca é no clima em cima pra cima! Se ligue, ligue, não desligue! Quem tem competência não tem concorrência! Todo tempo, todo dia, toda hora!

LN: Como gostaria de ser lembrado pelos comunicadores e também pelo povo?

Valdiceio: O ouvinte que escuta uma apresentação ele sabe acima de tudo analisando, e cria para dentro de si, através do comunicador, algo importante para ser lembrado. Eu gosto quando alguém escuta a música dos Incríveis, O Milionário, que é o BG musical do meu programa. Há muito tempo, há muitos anos, eu de cá e você de lá! Valdilas! Esse jeito descontraído que eu levo para todos os ouvintes. De qualquer maneira, lembrar do Valdicéio Martins, para mim é importante, seja como apresentador ou ser humano porque apesar dos meus defeitos, eu tenho minhas qualidades.

LN: Se pudesse deixar uma mensagem para o povo, qual seria?

Valdiceio: O ano passado eu passei por um grande problema de saúde, eu me emociono um pouco, mas Deus sabe o que faz e nós não sabemos de nada porque a vida é duvidosa. Por mais que você seja inteligente, mas você às vezes não sabe e nem nunca vai saber o dia de amanhã. Você pode premeditar alguma coisa, mas o que me deu o prazer através da emoção, do amor, da fé, foi o carinho dos meus conterrâneos lagartenses quando me encontraram hospitalizado, os médicos, os enfermeiros, os colegas de trabalho e os amigos que até hoje não esquecem o Valdicéio e vem aqui em minha residência me visitar. E o carinho da equipe do Portal Lagarto Notícias de vim aqui me entrevistar, essa entrevista que será inesquecível para mim. Quero dizer aos lagartenses que a vida é sucessão sucessiva de sucessos que se sucedem sucessivamente sem cessar, eu de cá e você de lá! Toda a galera de Lagarto, eu amo Lagarto, minha cara e nobre família lagartense meu abraço de coração!

Xingó Parque Hotel & Resort

O Xingó Parque Hotel & Resort está situado perto da usina hidrelétrica Xingó e dos famosos cânions do Velho Chico, a 77 km do Aeroporto Paulo Afonso. Tudo isso, às margens do Rio São Francisco no município sergipano de Canindé. 

 

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