Rodrigo Bispo: “Enquanto eu tiver vida e saúde, eu não vou deixar de representar nossa cidade”

15 de maio de 2016 - 15:34, por Alexandre Fontes

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Entrevistado da Semana

Entrevistado da Semana

Aproveitando a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro, este ano, a Entrevista da Semana é com o Jiujitero, Rodrigo Bispo. Ele é um atleta um pouco tímido, mas que luta diariamente para representar o município de Lagarto e o estado de Sergipe nos mais diversos campeonatos de Jiu-jitsu pelo Brasil.

Durante a entrevista, Rodrigo nos contou um pouco da sua história, da sua rotina como atleta, dos problemas enfrentados pelos atletas na atualidade em Lagarto e confessou que apesar dos problemas não desistirá de levar o nome de Lagarto para os mais variados podiums do Brasil e do mundo.

Recentemente ele disputou campeonatos mundiais e sul-americanos de Jiu-jitsu e subiu ao podium em ambos.

Confira a Entrevista da Semana como esse orgulho lagartense na íntegra:

Lagarto Notícias: Quem é Rodrigo Bispo?

Rodrigo: É um atleta lagartense e que tem o prazer de representar a nossa cidade de Lagarto dentro e fora dela. Um cara amigueiro, um pouco tímido, mas que gosta muito de fazer amizades.

LN: O que te fez querer lutar Jiu-Jitsu?

Rodrigo: O Jiu-jitsu foi uma das artes marciais que eu comecei a treinar depois de praticar outras porque eu comecei com o Boxe, ai passei pro Muay thai, até quando eu conheci o meu professor Alex Pereira e me apeguei com a arte, gostei e logo comecei a competir e me destacar nas competições, daí criei um amor pelo Jiu-Jitsu.

LN: Desde quando você pratica esses esportes?

Rodrigo: Desde 2012, na época eu tinha uns 18 anos e apesar de ter lutado Muai-Thai, hoje eu foco muito no Jiu-Jitsu e pretendo lutar MMA.

LN: Você sempre quis se dedicar as artes marciais?

Rodrigo: Eu sempre achei bonito, desde pequeno eu dizia: ‘quem sabe um dia eu não possa praticar também?’, ai foi quando eu conheci um amigo meu que tinha acabado de chegar de Salvador, através de outro amigo que é professor de Boxe, e ele passou um treino pra gente, treinei, ai passei um tempinho parado, depois voltei e não parei mais. Ai fiz Boxe, Muai-Thai junto Jiu-Jitsu.

LN: Mas quem te influenciou?

Rodrigo: No começo foi esse amigo meu, que veio de Salvador, isso na parte do Boxe. Ele tinha começado a treinar o cunhado dele, ai eu perguntei se podia treinar também. Ai ele disse que sim e me deu a maior força, ai eu comecei a treinar Boxe como, é um ótimo professor. E no Jiu-Jitsu também, quando comecei ele me deu muito incentivo nos treinos.

LN: Os treinos são aqui em Lagarto?

Rodrigo: Sim, eu treino aqui em Lagarto, as vezes em Simão Dias com um professor a noite mesmo, as vezes a gente vai treinar em Aracaju.

LN: Quais os desafios encontrados no começo dessa jornada?

Rodrigo: O maior desafio – no começo – foi conseguir patrocínio porque quem pratica e vive viajando para as competições é que sabe a dificuldade que a gente passa. Porque a gente vai competir e muita gente pensa que a gente ganha dinheiro quando não ganha. A gente ganha algo só para representar nossa cidade e nosso estado porque a gente ama o esporte, só por isso. A gente tenta correr atrás de patrocínio para custear nossos gastos com viagem, hospedagem, alimentação e inscrição pro evento. Tudo a gente ganha para ir somente representar mesmo a cidade porque não ganha nada.

LN: Fora essa dedicação ao esporte, você se dedica a alguma outra coisa?

Rodrigo: Eu trabalho, mas sempre buscando o máximo de tempo possível para me dedicar ao esporte porque não é fácil chegar na competição quando a maioria dos competidores só focam no seu esporte, ai a gente tem que acompanhar a evolução deles também senão a gente não consegue subir no podium.

LN: Tem algum patrocinador que sempre esteve contigo?

Rodrigo: Tem sim, tem o pessoal que me ajudou no começo e que sempre me ajuda, que é Frank da Friberg, Sorriso & Cia, além do pessoal da academia que sempre me dá uma força direta como pode.

LN: Dizem que essas artes ensinam algo aos seus praticantes. Então o que Rodrigo Bispo aprendeu nesses anos de luta?

Rodrigo: Aprendi muita coisa, ganhei muitos irmãos tanto no Jiu-Jitsu, quanto no Muai-Thai, tem muitos esportistas que considero irmão. Mas aprendi a parceria, a humildade e muitas coisas além da disciplina porque a gente foca muito nessa parte da disciplina.

LN: Seu comportamento chegou a mudar ou você se manteve como era antes de iniciar no esporte?

Rodrigo: Mudou sim. Antes de eu praticar as artes marciais, eu era um pouco rebelde, não ligava para nada, era um voador. Depois que comecei a praticar as artes marciais e mesmo sem querer, a parte da disciplina veio chegando, o meu comportamento também mudou bastante, minha forma de pensar mudou e hoje diante das competições, eu vejo o mundo de uma forma diferente. Com certeza, mudei para melhor. Bem melhor.

LN: Como você lida com sua timidez nos bastidores das competições? Você leva isso para lá?

Rodrigo: Não. Na hora da concentração, eu me sinto como se estivesse em casa e a timidez não me atinge.

LN: Quantos prêmios você já ganhou?

Rodrigo: Comecei em 2013 quando fiquei em terceiro lugar do sergipano; depois competi vários outros campeonatos maiores em Aracaju, como o de MMA da Guarda Municipal de Aracaju; o campeonato Sul-Americano que foi em Feira de Santa; o Campeonato Mundial em 2015, que também foi em Feira de Santa, fiquei em terceiro lugar.

LN: Mas qual desses prêmios foi o que mais te marcou?

Rodrigo: O Campeonato Mundial e o Sul-Americano.

LN: Você foi o único sergipano vencedor nesses torneios?

Rodrigo: Não, no Mundial teve eu, meu professor e uma aluna que treinou com a gente, cada um na sua categoria.

LN: Qual categoria você lutou no Mundial?

Rodrigo: Lutei no médio, mas parei, agora depende da competição.

LN: Como foi o seu primeiro combate oficial?

Rodrigo: O meu primeiro combate foi em 2013, no sergipano. A experiência só sabe quem passa na hora porque é muito bom, muito bom mesmo. Tem a adrenalina, o pessoal torcendo e gritando o seu nome, também tem muitos torcendo contra e aquela tensão no ginásio. É uma sensação muito boa.

LN: Como que é a rotina de um lutador de Jiu-jitsu?

Rodrigo: O cara que quer ser realmente um lutador de Jiu-jitsu, ele tem que se dedicar bastante, tem de treinar, abrir mão de muitas coisas: de final de semana, festas com amigos, ele tem de treinar bastante, tem de focar bastante. Eu mesmo treino de segunda a sábado porque eu faço aula de Jiu-jitsu três vezes por semana, mas treino de segunda a sábado juntando com o Muai-Thai e MMA, só o domingo de descanso. Quando tenho competição, no domingo eu treino de novo.

LN: Tem alguma restrição ou orientação que o seu professor te passa?

Rodrigo: Ele passa muitas orientações, se não fosse ele, eu não subiria em podium nenhum, tanto ele como todos os outros amigos da academia que a gente treina. Eu digo direto: Quando eu subo no podium, não estou subindo sozinho, ali estou eu e a academia toda porque se não fosse meu professor me treinando, me orientando, tirando meus erros e se não fosse os amigos da academia também para estar ali treinando direto, eu nunca teria a capacidade de subir no podium de uma competição.

LN: Além desses treinos, você pratica musculação?

Rodrigo: Sim, pratico na faixa de três a quatro vezes por semana de forma bastante intensa, focando na parte de força e resistência porque é o que nós praticante precisamos mais.

LN: Qual o seu maior sonho?

Rodrigo: Meu maior sonho é que talvez eu lute MMA esse ano e quem sabe não pegue uns campeonatos fora do país porque no próximo ano eu tive a oportunidade de ir, mas pela falta de patrocínio acabei não indo.

LN: Era em qual país?

Rodrigo: Era um torneio de Jiu-jitsu em Buenos Aires, na Argentina. Isso foi em julho de 2015 porque como eu fui podium naquele ano aqui no Brasil, eu acabei ganhando a vaga para ir para a Argentina, mas por falta de patrocínio, não fui.

LN: Podemos dizer que este sonho é o que faz você ir à luta todos os dias?

Rodrigo: Pode ser, é esse sonho mesmo. Tanto de subir no podium em campeonatos fora do país, como a minha força de vontade de querer representar a nossa cidade e de querer ver o nome de Lagarto e do nosso estado se expandindo para fora do Brasil.

LN: Como você descreveria o cenário esportivo em Lagarto?

Rodrigo: Na parte das artes marciais é fraco no Brasil todo.

LN: Você acha que falta divulgação?

Rodrigo: Bastante porque quanto mais divulgação, mais chega o patrocínio que já ajuda a pessoa a ir para as competições. Aqui em Lagarto mesmo, o foco é só no futebol, futebol, futebol, futebol.

LN: Não tem nenhum torneio a nível municipal né?

Rodrigo: Isso porque durante o evento que teve de Muai-Thai aqui no Ribeirão, eu via a correria dos treinadores para tentar levantar patrocínio para realizar o evento aqui na cidade. Aqui na própria cidade que tinha atletas que iriam lutar com os outros de outras cidades, e quando teve o evento, este não teve o apoio da população. Então é isso que acho fraco aqui na cidade, e os próprios atletas quando viajam que chegam aqui não tem aquele reconhecimento que faça ele se animar né? Então como o cara vai competir? Não ganhar nada, só para competir e representar a cidade.

LN: Vai no anonimato e volta no anonimato.

Rodrigo: E ficar nisso, se não postar nos grupos que o cara está saindo daqui para disputar algo lá fora, ninguém sabe. Se o próprio atleta não correr atrás para divulgar, ninguém sabe.

LN: Como esportista, qual a mensagem que você gostaria de deixar para o povo de Lagarto?

Rodrigo: Como atleta, eu gostaria de dizer que enquanto eu tiver vida e saúde, eu não vou deixar de representar nossa cidade não. E gostaria de agradecer a Cia Fight de Muai-Thai e a Lagarto Combat que treino Jiu-jitsu.

 

 

 

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