Afonso Augusto: Lagarto é meu ódio e meu amor

10 de julho de 2016 - 06:00, por Marcos Peris

Portal Lagarto Notícias

A Entrevista da Semana é com o um dos organizadores e fundador do Sarau da Caixa D’água e Som na Praça, Afonso Augusto, de apenas 30 anos. Durante a entrevista, ele nos contou um pouco da sua trajetória, bem como, dos eventos que ajudou a desenvolver e que hoje pode ser considerado uma das principais atrações do município de Lagarto.

Entrevistado da semana

Entrevistado da semana

Ainda na entrevista, Afonso comentou sobre a situação do cenário artístico-cultural na cidade papa-jaca, além de nos contar um pouco das suas alegrias e anseios, esse último em relação ao Sarau, o Som na Praça e a política lagartense de modo geral.

Acompanhe a Entrevista da Semana na íntegra:

PLN: Quem é Afonso Augusto?

Afonso: Eu sou uma cópia de tudo que eu gosto. Eu sou a ação de tudo que quero, e que eu tenho a força de todos que querem o mesmo que eu, que compartilham os mesmos ideais de cultura, de música, de poesia, de libertação, de melhoria, de evolução e construção.

PLN: Você é músico.

Afonso: Sou músico. Toco desde que era adolescente, a princípio comecei tocando para mim, mas antes de ser músico, eu sou poeta, escrevo para mim desde a minha adolescência e muito antes de tocar. Passei um bom tempo tocando, compondo, escrevendo e guardando pois não tinha onde mostrar né?!

Ainda na minha adolescência criei alguns eventos alternativos na cidade, os quais reuniam músicos.

PLN: Qual foi o primeiro evento que você organizou?

Afonso: O primeiro foi o lançamento do livro intitulado Labirintos da Percepção, que publiquei em parceria com William Almeida em 2005. Nessa época já havia eventos em praça pública, onde a gente se reunia para tocar violão, falar poesia e conversar.

PLN: E como foi que surgiu a sua paixão pela poesia e pela música?

Afonso: Eu sempre senti que era diferente, mas acredito que talvez foi a maneira peculiar que encontrei para ver as coisas, e de dar valor as coisas. Eu não conseguia ver algo bonito e ignorar. Eu gostava de ver algo bonito, ou interessante, ou excêntrico, até mesmo algo que seja incomum eu gostava de ver, e aquilo provocava em mim uma inquietude e um desejo de busca. Além de uma interpretação pessoal que eu transformava em interpretações ora em escrita, ora melodiosa.

PLN: Podemos dizer que você é um amante do diferente?

Afonso: Eu gosto do que não é óbvio.

PLN: Existe algo que você goste muito e que não seja óbvio?

Afonso: Eu gosto de alguns clichês, alguns clichês são extraordinários. Eu gosto das boas relações, eu gosto do bom dia cotidiano, do sorriso cotidiano porque são necessários. Alguns clichês são necessários para a boa convivência.

PLN: Você se inspira em algum artista?

Afonso: Durante a minha formação, o cara que mais transformou minha cabeça – e olhe que eu venho de um lar protestante – foi Raul Seixas.

PLN: Por quê?

Afonso: Porque Raul Seixas vinha romper com tudo que eu já conhecia na vida até então, até os meus 11 anos. Raul Seixas vinha romper com tudo que eu tinha ouvido na igreja, na rua, na escola. Depois de Raul, que foi responsável pelo meu primeiro contato com a música, eu tive o contato com alguns artistas brasileiros e estrangeiros.

PLN: Você costuma levar algum traço desses artistas para os seus shows?

Afonso: Durante um bom tempo, eu achava que eu sempre faria um bom show tocando Raul. Não sei porquê, mas era como se me trouxesse sorte. Me trazia segurança abrir o show tocando Raul, quer seja com banda, quer seja com voz e violão.

PLN: Qual que é o seu estilo musical?

Afonso: Eu diria pop-poesia.

PLN: Para um público jovem?

Afonso: Sim, a minha música tem um apelo juvenil. Acho que ela fala de coisas de uma geração que tem um complexo de velhice, uma geração que tem uma atração pelo vintage, uma geração que de alguma forma está meio perdida. Acho que a minha música faz com essas pessoas se encontrem por estarem nessas condições.

PLN: Você tem quantas letras escritas?

Afonso: Eu tenho música pra caramba. Eu costumo dizer que se eu fosse famoso, já estaria gravando disco acústico, mas eu só tenho um disco EP gravado [A sigla EP vem do inglês “extended play”, usada para um disco longo demais para ser um single].

PLN: Qual o nome do seu EP?

Afonso: O meu disco é intitulado Instintos, ele foi feito em parceria com Ítalo Duarte, Danilo Duarte e Glauber Play de Aracaju.

PLN: Como músico, como você analisa a atual situação da sua classe no município de Lagarto? Porque existem pessoas que desistiram da carreira por causa da dificuldade financeira.

Afonso: Depende do que você quer ganhar da música, depende do que você espera da música. Se você quer sobreviver de música tocando as suas próprias canções, Lagarto não é o lugar para você sobreviver, mas se você quiser viver como um músico comum, um músico de barzinho, que é contratado para fazer show, também não dar para viver porque o público de Lagarto ainda é restrito, e há casas de shows, há barzinhos e restaurantes que não valorizam o que um show realmente vale.

Porém, a gente não pode culpar os donos de casas de shows e barzinhos porque há um efeito dominó quando a economia vai mal. Ele começa a diminuir o marketing, a diminuir a atração, então é dificultoso viver de música em Lagarto, eu acho que ele pode até ser lagartense, mas vai ter que ir pra fora para fazer shows, tocar em casamentos, e tocar estilos que ele não curta porque tem que agradar a todo mundo. E viver de arte é mais difícil ainda.

PLN: Arte em que sentido?

Afonso: Arte no sentido de compositor.

PLN: Essa dificuldade para viver de arte, foi o que motivou a criação de eventos como o Sarau da Caixa D’agua e/ou o Som na Praça?

Afonso: O Som na Praça surgiu porque o Sarau da Caixa D’agua estava ficando pequeno para a quantidade de artistas que estavam querendo se apresentar. O Som foi uma expansão do Sarau.

O Sarau tinha uma demanda de aproximadamente 20 artistas na lista para se apresentar, ou seja, em cada Sarau a gente coloca uma média de 3 bandas, ou seja, tinha gente que ia esperar muito tempo para se apresentar. Ai criamos o Som na Praça para suprir essa demanda dos aristas, bem como, essa carência musical que há no município.

PLN: Você esperava que tanto o Sarau, como o Som na Praça ganhassem a proporção que ganharam?

Afonso: A princípio eu criei, em parceria com amigos, o Sarau pensando na cena musical e artística em Lagarto, a qual não tinha assistência nenhuma, e eu me sentia na necessidade de recriar algo aqui que fazia no passado, quando eu ainda não tinha voz.

Ai eu trouxe uma ideia que vi em Aracaju, que era o Sarau Debaixo, para o Sarau Debaixo da Caixa D’água. Daí criamos o Sarau para atender a necessidade de expressão de toda a juventude dessa cidade. Mas eu já imaginava que fosse crescer, que era somente questão de tempo.

PLN: O Sarau foi criado para além de ser alternativo, também servir de plataforma para derrubar estereótipos?

Afonso: Também porque o Sarau agrega e não segrega ninguém. Lagarto é uma cidade ainda muito conservadora, e o conservadorismo acaba distanciando pessoas devido as mais variadas diferenças, da ideológica a sexual, e o Sarau veio para quebrar paradigmas antigos. No Sarau a gente agrega as pessoas, dar voz aos poetas que escrevem e engavetam, a pessoa que homossexual jamais vai ser descriminada, pelo contrário, a gente vai combater quem é homofóbico. Com pequenos discursos, com pequenos ensaios a gente também combate a cultura do estupro.

PLN: O Sarau e o Som na Praça são ações políticas apartidárias, ou você acredita ser difícil se distanciar do partidarismo? Porque muitas vezes os movimentos políticos sociais comparecem para levantar bandeira A ou B, quiçá filiar novos militantes.

Afonso: A gente tenta combater todo tipo de manifestação partidária lá, mas manifestação política não tem como porque só esses eventos já são atos políticos.

PLN: São eventos políticos apartidários?

Afonso: É político apartidário, mas estamos mantendo um equilíbrio entre alguns movimentos sociais – tipo o Levante, a UJS e o Quilombo – entende? A gente sabe que esses movimentos trazem e agregam pessoas, mas a gente também sabe que essas pessoas dos movimentos, elas vêm com a sua carga política e peculiar de cada movimento. Diante disso, a gente tenta equilibrar a convivência com esses movimentos porque há extremismos, há radicalismos de tudo quanto é canto.

Então para que a gente consiga manter o evento em harmonia com a sociedade, com os movimentos, com o comércio e com o público, a gente tenta manter um equilíbrio agregando a todos de maneira sutil e delimitada para evitar extremos.

PLN: O objetivo principal do Sarau e do Som na Praça é dar voz a quem não tem? Porque você é de uma época em que não se via espaços para manifestações culturais.

Afonso: Esse é o objetivo principal, e hoje ainda é. Óbvio que com aquele ideal primário de querer dar voz a galera e o pessoal da poesia, porque quer queria, quer não, Lagarto é para mim um amor sabe? Lagarto é meu ódio e meu amor.

Eu tive uma adolescência conturbada aqui, eu não me encontrava em nada, eu não me encontrava nos meios, não me encontrava na escola e nem nos rachas e discursos políticos, mas eu amava a cidade como um todo porque fui enfeitando-a com minhas coisas para poder viver em harmonia com ela. Até que encontrei a galera, encontrei pessoas que me fizeram amar ainda mais essa cidade.

PLN: Você tem ideia da revolução que o Sarau da Caixa D’água e o Som na Praça causaram ao município de Lagarto? Você mensurou a dimensão que tais eventos tomariam no futuro?

Afonso: No início não tinha, demorei a perceber essa noção da abrangência. Eu só vim perceber a abrangência quando vi algumas pessoas falando mal e outras falando bem, e pessoas que não frequentavam o evento. Eu dizia: “Poxa, se essas pessoas que não frequentam estão falando mal, e outras que também não frequentam estão falando bem é porque existe uma repercussão comportamental no todo”. Eu acho isso bacana, é saudável, eu fico contente.

Depois que descobri, percebi que serei lembrado pelos tempos de Sarau e Som na Praça.

PLN: Para você, como era Lagarto antes e como ficou depois do Som na Praça? Porque há algum tempo a praça Filomeno Hora era o ponto de encontro das pessoas.

Afonso: Eu sou de um tempo em que a Filomeno Hora era o ponto de encontro das pessoas, você queria se mostrar, paquerar, namorar, era só ir pra Filomeno Hora. A Filomeno Hora era o lugar da cidade onde todo mundo se reunia, e onde todo mundo se achava importante, mas depois eu acompanhei o vazio da Filomeno Hora, o recuo das pessoas das praças, não sei se foi por causa da violência, e junto com isso a ausência de um atrativo maior porque o que atraia o jovem de antigamente não é o mesmo que atrai o jovem de hoje.

Antes a gente ia para a praça e não tinha nada, só o povo lá, hoje o Som na Praça atrai as pessoas com música e também com as pessoas que vão estar lá e que também gostam de música. Daí acaba havendo uma interação, uma troca.

PLN: É um movimento de ocupar as praças.

Afonso: Perfeitamente, é um movimento de ocupação das praças, e de resgate da beleza poética que as praças inspiram, principalmente as do interior.

PLN: Quais as dificuldades enfrentadas para realizar eventos como esses?

Afonso: No Sarau da Caixa D’água, a princípio a preocupação foi de tentar manter o Sarau com iniciativas autônomas do próprio Sarau – vendendo obras que o Sarau criava para se manter -, tivemos essa dificuldade, mas encontramos no comércio um parceiro. A gente tem comerciantes e pessoas que se dispõem a contribuir, apesar dos tempos difíceis ainda existem pessoas que nos procuram e nos dão uma contribuição simbólica, não é patrocínio, é apoio.

PLN: Mas algum desses apoiadores já tentaram interferir no evento?

Afonso: Não. A única interferência que eles pedem é para que a gente faça o sorteio de algum brinde da sua loja para poder fazer um merchandising para eles, e a gente faz de bom grado porque se a pessoa tá apoiando, a gente apoia quem apoia a arte, é uma troca justa.

PLN: Dizem que o Partido dos Trabalhadores se perdeu da sua essência. Você tem medo que tanto o Sarau como o Som na Praça percam da sua essência?

Afonso: Eu tenho medo que se perca, por isso que mantenho distancias. Como o líder desses movimentos, eu tento manter distância. Tudo é equilíbrio, se a gente tende a defender um lado, o outro vai reivindicar que quer ser defendido, então a gente tenta zelar pela democracia artística e pelo equilíbrio.

Falo muito a palavra equilíbrio porque ela é necessária para a permanência desses eventos. Temos que manter distância de oportunista, valorizar o artista e a maneira quando enxergam Lagarto artisticamente. Não gosto quando veem Aracaju como a Meca cultural de Sergipe.

PLN: Lagarto tem movimentos culturais muito bons, mas que estão se perdendo.

Afonso: Exatamente, e a gente já tentou resgatar os grupos folclóricos tradicionais.

PLN: Falta investimento público para valorizar esses grupos?

Afonso: Falta sim, Lagarto precisa de pelos menos um evento anual que reúna todos esses grupos folclóricos tradicionais, e que tivesse políticas públicas naturais para perpassar essa cultura para as novas gerações, para que novos dançantes de parafusos venham a surgir e não sumir.

PLN: Falando em políticas públicas, as eleições estão chegando. Você acredita numa melhora no cenário artístico-cultural de Lagarto após o pleito?

Afonso: Eu acredito sim. Desde que o Sarau tomou corpo, que veio o Som na Praça, e a gente começou a agregar todo um conjunto de pessoas que precisa de arte, já começaram a surgir interesses públicos em nos ajudar. Ai mais uma vez para manter o equilíbrio das coisas, preferimos acreditar que as coisas vão melhorar porque já estão melhorando. A partir do momento que a gente vai ganhando espaço, as pessoas vão olhando pra gente com outros olhos.

PLN: Falando em marketing, para você ao que se deve as proporções tomadas pelo Sarau e o Som na Praça? Foram as redes sociais, a boca a boca?

Afonso: As proporções é o contato dos amigos, isso vem agregar muito, mas eu diria que o principal fator é o diferencial. Lagarto nunca teve um evento em praça pública para agregar pessoas e tribos de estilos de vida tão distintos. Lagarto é uma cidade aonde existe uma cultura de massa vigente voltada a Vaquejada, que é a única tradição preservada, mas Lagarto não tem somente pessoas que gostam somente de Vaquejada, tem pessoas que gostam de MPG, Rock and Roll, poesias, teatros e as miçangas.

PLN: Qual a sua maior tristeza?

Afonso: Foi ter visto amigos de arte e cultura depreciando o evento e suas intenções.

PLN: Qual a sua maior alegria?

Afonso: Pode parecer demagogo, mas minha maior alegria dentro da perspectiva de organizador e líder de um movimento, seria de ver conquistas. A minha alegria é conquistas, conquistas de ver pessoas que não se sentem mais acuadas, que se sentem confortáveis e encontradas dentro de uma tribo, onde antigamente havia solidão.

É solitário ser diferente, e esses solitários por serem tão diferentes já têm uma galera, na qual eles podem dividir e compartilhar ideias. Então essas conquistas me deixam muito alegre, além do reconhecimento, eu gosto de reconhecimento, porque esses eventos estão trazendo turistas e pessoas que iam consumir cultura num outro lugar.

PLN: Em um ou duas palavras, como você descreveria o Som na Praça?

Afonso: Necessário, agregador e divertido.

PLN: Como Afonso Augusto gostaria de ser lembrado?

Afonso: Eu gostaria de ser lembrado por esses atos que estou ajudando a construir. Também quero ser lembrado pela minha música, pela minha poesia e, principalmente, pelos que se identificam com tudo isso.

PLN: Como você tem observado as movimentações políticas em Lagarto?

Afonso: Eu vejo com a repetição de tudo que eu já vi antes. Algumas pessoas começam aparecer agora como interessados, como engajados condoídos com a condição do povo, mas continuam com a mesma perspectiva de reprodução. Reprodução do assistencialismo na qual o vereador não é pago para legislar, mas para levar o cidadão no hospital, pagar um talão de luz etc. E esse é um tipo de assistencialismo que só faz atrofiar a cidade porque o político não cresce, o povo não cresce porque não terá políticas públicas voltadas para o seu benefício, ele também não cobra.

Para ser mais sucinto eu vejo a reprodução do que já vi antes.

PLN: De zero a 10?

Afonso: Dois é o nível de evolução, isso numa análise na condição prefeito-vereador.

PLN: Na conjuntura prefeito?

Afonso: Não boas perspectivas para o ano que vem não, a não ser que seja feito um trabalho de inserimento de uma nova postura de se fazer política, porque até aqui temos visto a reprodução de dois grupos políticos que se perpetuam no poder. Não critico porque isso é tradição, mas as pessoas têm de parar de olhar para a política nacional e municipal, como olham para Vasco e Flamengo, não é um jogo que está na disputa, somos nós, são os interesses do povo.

Eu não culpo os políticos em 100% não, se a população acompanhasse o trabalho dos vereadores, acredito que pelo menos 20% da corrupção se acabava.

PLN: Para encerrar, qual a mensagem que você gostaria de deixar para o povo de Lagarto?

Afonso: Que os lagartenses estejam abertos para o novo. Que amadureçam, que evoluam, que tirem suas revoltas do armário, que tirem suas indignações do armário e que abram os olhos. Deixaria como recado também que as pessoas deixem as conveniências e os egoísmos de lado, e vamos pensar na construção do bem coletivo.

Deixem as paixões no passado e construam o novo. Eu deixo o recado que o povo de Lagarto confie em si mesmo, e que assuma o lugar que a ele pertence na sociedade, que deixe de ser coadjuvante e venha a ser protagonista da sociedade, da política, do comércio, da cultura e dos valores. Enfim, que o povo de Lagarto se empodere e se destaque, porque Lagarto é a capital do interior, meus amigos de Itabaiana que me perdoem.

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