Eraldo de Cabeça Dantas: “vou procurar dar o melhor de mim para esse município”

30 de outubro de 2016 - 04:15, por Alexandre Fontes

Portal Lagarto Notícias

O Portal Lagarto Notícias inicia a partir deste domingo uma série de entrevistas com os prefeitos eleitos e reeleitos da região Sul e Centro-sul de Sergipe.

O nosso primeiro entrevistado é o prefeito eleito de Boquim, Eraldo de Andrade Santos, conhecido como Eraldo de Cabeça Dantas, de 44 anos, filiado ao Solidariedade (SD), casado, pai de dois filhos e natural de Boquim/SE.

Eleito com 58,23% dos votos válidos

Eleito com 58,23% dos votos válidos

Eraldo de Cabeça Dantas foi eleito com 9.612 votos (58,23% dos votos válidos), vencendo o atual prefeito, Jean Carlos (PSD), que obteve 6.864 votos (41,77 % dos votos válidos).

A Coligação Acreditamos na Mudança foi composta pelos partidos: SD, PT, PSC, PV, PSDB, e PROS.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o prefeito eleito comprovou que gastou R$72.169,34 durante a campanha eleitoral. O vice-prefeito eleito é Chicão Almeida (PT).

Confira a entrevista na íntegra:

Portal Lagarto Notícias: O senhor foi candidato a vereador em 2004, e não obteve êxito, rompeu com o grupo do então prefeito eleito, Pedro Barbosa, e foi candidato em 2008 obtendo êxito.

Eraldo: Fui candidato pela segunda vez em 2008 pelo grupo dos Fonseca, através do empresário Jorge Mitidieri. Naquela oportunidade, a Câmara de Vereadores de Boquim possuía 12 cadeiras, e diminuiu para nove. Mesmo assim eu consegui ser eleito com 687 votos, fui o quarto colocado na cidade de Boquim, daí procurei desempenhar o meu papel no poder legislativo, além de desenvolver um trabalho social forte no município, ganhei destaque.

Até que em 2012, na minha reeleição, fui o terceiro colocado. Boquim já disponibilizava 11 cadeiras no legislativo, e ai fui fazendo meu trabalho, até que nas eleições deste ano, o nosso candidato até então era Luiz Fonseca, e ele por diversos motivos acabou desistindo. E o grupo optou pelo meu nome, pois entendiam que eu tinha chance real de ganhar a eleição, conversei com minha família e amigos, até que lançamos a nossa candidatura.

PLN: Essa mudança de nome foi em que mês?

Eraldo: Isso foi há 30 dias antes da convenção partidária. O deputado Laércio Oliveira mandou chamar os partidos de oposição, o Partido Verde e o Partido dos Trabalhadores, de Chicão, o qual compôs a nossa chapa como vice-prefeito. Depois disso, demos o pontapé inicial e, graças a Deus, deu tudo certo.

PLN: Houve alguma rejeição da população da zona urbana porque o senhor reside no povoado Cabeça Dantas?

Eraldo: Não. Mas houve rejeição por parte dos nossos opositores, até que houve um momento infeliz em que postaram nas redes sociais: ‘analfabeto vota em analfabeto’, isso para tentar me desqualificar porque não tenho uma formação a nível de mestrado ou doutorado, mas eles esqueceram que um dos melhores prefeitos de Boquim até hoje foi Horácio Fontes, e ele não tinha mestrado e nem doutorado, e nem por isso deixou de ser um grande prefeito. Então não vejo problema nenhum, foi questão de campanha, não considerei a frase e nem guardo mágoa no coração, agora vou procurar dar o melhor de mim para esse município, porque entendo que a população necessita de um administrador que cuide da cidade e do seu povo, e que queira ver o desenvolvimento do município.

PLN: O que levou o senhor a ser candidato de oposição a um grupo político que está há 12 anos à frente do executivo boquiense?

Eraldo: Nós vínhamos fazendo um trabalho social muito forte no município, até que chegou um momento em que observei que não tinha mais como ser vereador, porque eu não tinha mais como sustentar um trabalho que construí enquanto vereador.

A gente entende que quem tem que fazer trabalho social é o município, mas como ele não faz ou fazia, nós realizávamos porque temos um coração maior que Boquim, vamos dizer assim. A gente acabou gerando expectativa na população, a qual sempre nos procurava diante de uma dificuldade, e a gente ajudava mesmo sem condições. E foi ai que vi que precisava conquistar algo maior, e já que tinha aparecido a oportunidade de ser prefeito, eu aceitei ser o candidato. Eu até pensei em desistir, mas eu vi a imagem de Deus dizendo para seguir naquela porta que ele tinha aberto, então fiz a campanha, chamada de campanha dos lisos porque não tinha dinheiro, começamos a juntar o povo, e eu não me permitia fazer falsas promessas, pois não estaria enganando o povo de Boquim, estaria enganando a Deus.

E quando digo que vou dar o melhor de mim, é porque a nossa eleição, foi uma eleição em que poucos acreditavam e confiavam, mas como nós temos sempre Deus na frente, tenho certeza que faremos uma grande administração.

PLN: Quando o senhor percebeu que seria eleito?

Eraldo: Quando recebi essa resposta de Deus, tive certeza que ganharíamos a eleição. Embora muitas pessoas, inclusive minha esposa, diziam: ‘Eraldo, você vai entrar num negócio desses como um peixe pequeno diante desses tubarões. Está vendo que você não vai ganhar?’, e eu respondia: ‘Vou entrar, e vamos ganhar a eleição porque a minha fé é muito grande’, e ficou maior depois que ouvi a voz de Deus. Mas foi do meio para o fim da campanha que percebi que o nosso nome sairia vitorioso, pois os nossos eventos engrandeceram. Além disso, as nossas pesquisas só apresentavam largas vantagens.

PLN: Qual a sua relação com a família Fonseca?

Eraldo: Em 2014, quando fui candidato derrotado a vereador, eu era opositor a família Fonseca. Mas não tinha contato com eles, eu tinha uma rejeição sem ter contato com eles, e isso aconteceu porque o grupo em que estava passava uma certa imagem deles para mim, porém quando me aproximei deles, ganhei as eleições, e eles confiaram em mim, até que fui percebendo que tudo o que se falava deles não era verdadeiro.

Pra você conhecer melhor, você tem que conviver junto, morar, ou andar junto, e eu passei a conviver com essas pessoas, elas confiaram em mim, e eu me elegi vereador e prefeito dessa cidade. Vou dizer mais, nessa campanha falavam muito de Luiz Fonseca, que quem iria mandar era ele, mas faço questão de dizer que até hoje os Fonseca nunca interferiram no meu mandato, e eu admiro essa postura deles.

PLN: Eles serão convidados para compor o secretariado da sua gestão?

Eraldo: A família Fonseca deu uma contribuição muito grande a nossa campanha, mas vou provar que quem vai administrar é Eraldo Chicão. Luiz é uma pessoa muito querida, sei da importância dele e da sua família da nossa eleição, mas Luiz não quer ser secretário, e eu não devo fazer isso porque nossa eleição veio da base popular. Precisamos deixar de fora esse pacto político, e fazer uma administração com o povo.

Hoje a Secretaria de Juventude está nas mãos de alguém do meio político, nós iremos conceder essa pasta a alguém do meio do povo. Vamos tirar uma pessoa do meio do povo para ser secretário de Ação Social, é preciso trazer de volta a esperança do povo de Boquim, porque o costume de algumas administrações é nomear a esposa para a Ação Social. Nós viemos para ser diferente. Luiz foi uma pessoa importante, mas acho que não é hora dele participar. Não nos elegemos com compromissos políticos pós eleição. Então os Fonsecas não participarão do meu secretariado.

PLN:  O senhor foi eleito por um partido de oposição ao governador Jackson Barreto, então como será a relação entre a Prefeitura de Boquim e o Governo do Estado?

Eraldo: Ainda não tive contato com o governador, mas este momento chegará. Eu entendo que o palanque tem que ser desarmado, a eleição acabou, e Jackson é o governador de todos os sergipanos. Eraldo é prefeito de todos os boquiense, então eu preciso buscar recursos com o Governo do Estado sim, e vou conversar com ele, e ele tem que entender que administra para todo o Sergipe. Além disso, o que eu puder buscar para o município através do governo, irei buscar e espero que ele nos atenda. Tenho minha consciência política, e irei atender a todos os boquiense de igual para igual.

PLN: Quais os pilares da sua administração?

Eraldo: Transporte universitário gratuito, embora saiba que isso não é obrigação do prefeito, mas um prefeito que quer ver o desenvolvimento da sua juventude, ele tem que incentivá-la; a saúde, principalmente na questão das ambulâncias pois Boquim foi um município que já teve duas maternidades, e que hoje tem dificuldade de encontrar uma ambulância. Por isso, vamos implantar uma rede de ambulâncias 24h, a qual assistirá toda a população que precisa de atendimento.

Também resgataremos o esporte criando uma Liga Municipal, para trazermos de volta a alegria do futebol e do esporte para a nossa juventude, assim tirando o mesmo da criminalidade e das drogas. Então temos que resgatar o esporte, pois muitos atletas saíram de Boquim.

PLN: Por que a escolha de Chicão Almeida como seu candidato a vice?

Eraldo: Na nossa pré-convenção, Chicão disse que me conheceu como um menino de calças curtas. Ele é uma pessoa que tem uma afinidade muito grande com a nossa família, hoje ele tem 56 57 anos, vou fazer 45, mas ele me viu garoto na casa de meus pais. Além disso, ele fez trabalho social na Banco do Brasil com o Fundeb, criou as associações de Boquim, e naquela época meu pai era líder comunitário e criou um vínculo muito forte com ele.

Chicão foi candidato em algumas eleições com terceira via, chegamos a conversar e eu percebi que o projeto dele é o meu também. Então por termos essa afinidade, o nome dele contribuiu muito na campanha, e contribuirá ainda mais durante a administração. Quero destacar que Chicão não será um vice decorativo, ele terá o espaço dele porque o povo votou em Eraldo e Chicão. Agora caberá a ele saber aproveitar.

Vice-prefeito eleito, Chicão Almeida

Chicão é filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT)

Chicão é filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT)

PLN: Após o impeachment da agora ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o vice aparece como uma figura importante em uma gestão. Como será a sua participação na administração que iniciará no dia 1° de janeiro de 2017?

Chicão: No momento em que Eraldo nos convidou para que a gente pudesse compor a chapa como candidato a vice-prefeito, evidentemente nós discutimos algumas questões ligadas a minha participação na gestão. Nós faremos uma boa administração nesses quatro anos, e nós teremos a nossa participação porque se não fosse assim, eu não teria aceitado ser vice-prefeito. Não sou aquele tipo de pessoa que deseja ser vice para apenas receber o subsídio no final do mês.

Em 2012 fui convidado para ser vice-prefeito, e não aceitei por não acreditar no projeto apresentado, além disso, naquela época acreditávamos que o vice teria uma participação meramente figurativa. Dificilmente encontramos um vice atuante nos governos, e para que pudéssemos ser candidato a vice, a condição era que pudéssemos dar a nossa contribuição. Nós temos um prefeito e um vice-prefeito, e temos consciência que essas pessoas têm condições de somar não somente na campanha, mas também na gestão. Temos consciência do nosso papel, mas estaremos lá para ajudar e contribuir com a execução do nosso projeto de governo.

PLN: Como está o processo de transição de cargo?

Eraldo: Nós já oficializamos a transição, mas até agora não obtivemos resposta. Entretanto saiu uma matéria do Ministério Público obrigando os prefeitos a fazerem esse procedimento. Eu não sei de que forma conduziremos, mas pretendo criar – em 2017 ou 2018 – um Projeto de Lei no município em que torne a transição de um prefeito para outro obrigatória. Acho que é mais do que natural se fazer essa transição, para que o novo prefeito saiba como irá receber a prefeitura.

PLN: Como o senhor acredita que receberá a Prefeitura?

Eraldo: No município a folha de pagamento está em dia, as certidões também. Mas espero que tudo esteja em perfeita ordem, para darmos andamento a esse município tão importante no estado de Sergipe.

PLN: A imprensa divulgou que houve alguns embates entre a prefeitura e o Sintese. Como será a relação da sua administração com os professores?

Eraldo: Eu vivi na Câmara Municipal as manifestações do Sintese, e nós sempre tivemos do lado dos professores, nunca votamos contra ao Sintese. Enquanto prefeito desse município darei de direito o que é de direito.

PLN: Qual a mensagem que o senhor quer deixar para os 9.612 eleitores de Boquim?

Eraldo: Quero deixar uma mensagem de esperança. Uma mensagem de dias melhores, uma mensagem em que reafirmo que vou procurar dar o melhor de mim, como dei enquanto vereador desse município. Eu vou ser sincero em dizer, não esperava ser prefeito de Boquim tão depressa como aconteceu, para mim é tudo muito novo, mas esses votos que recebi, irei retribuir com muito trabalho, disposição, transparência, e dividindo a responsabilidade da administração com o povo, pois ele deve ser prestigiado durante toda a gestão e não somente durante a campanha política.

Queremos uma administração participativa para a população se sinta orgulhosa, e diga: ‘Valeu a pena ter votado nesse rapaz’. Além disso, durante a gestão tiraremos um dia para visitar os povoados e os bairros da cidade, pois quem sabe o problema de uma comunidade é quem vive nela. Não ficaremos trancado no gabinete.

 

 

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