Empreendedorismo Social

19 de novembro de 2016 - 08:53, por Dager Aguiar

Um olhar diferente em busca de soluções para os problemas sociais pode ser o sinal de que você está visitando o universo de uma nova categoria de atividades empreendedoras. Imagine um aplicativo simples e de baixo custo capaz de ensinar qualquer analfabeto. E quem sabe ainda um robô-médico capaz de diagnosticar os primeiros sinais de uma grave doença ao preço de um almoço popular. Pode ser um sonho, mas há uma onda de indivíduos trabalhando para transformá-lo em realidade. São os chamados empreendedores sociais. Este é o tema deste nosso artigo que busca despertar uma reflexão sobre como construir uma sociedade verdadeiramente desenvolvida, capaz de beneficiar mais pessoas, garantindo a todas elas a oportunidade de ter acesso a uma vida digna e sustentável. Hoje é dia de Empreendedorismo e entraremos agora no território do Empreendedorismo Social, a área do empreendedorismo que mais se têm falado na última década em razão dos problemas ecológicos, doenças, problemas sociais como a fome e a miséria e problemas como a desigualdade econômica e a discriminação social. Mesmo em uma época de intensos avanços tecnológicos e científicos, ainda temos 900 milhões de pessoas que não têm acesso à água potável; 2,6 bilhões de pessoas (39% da população mundial) não dispõem de saneamento básico; mais de 1,8 milhões de jovens entre 15 e 24 anos morrem a cada ano por enfermidades que poderiam ser prevenidas; 1,6 bilhões de pessoas não possuem acesso à eletricidade; 5,4 bilhões não têm acesso à internet e 2,6 bilhões de pessoas vivem na pobreza com menos de dois dólares por dia. São sinais de desequilíbrios visíveis e que deixam claro que temos urgência na busca de novos caminhos. O historiador catalão Gonzalo Pontón em seu livro “La Lucha por La Desigualdad” (2016) nos apresenta uma interessante reflexão sobre as origens de um processo de transferência de riqueza e também patrocinador da aceleração das desigualdades econômicas a partir de uma análise histórica do mundo ocidental no século XVIII. Pontón apresenta ainda informações da OXFAM (uma confederação internacional de 18 ONGs que trabalham em parceria para acabar com as injustiças que contribuem para o aumento da pobreza: www.oxfam.org ) que revelam um aumento na concentração da riqueza nas últimas décadas. No ano de 2015 apenas 1% da população mundial acumulava uma riqueza igual aos 99% restantes e que muito pouco vem sendo feito pelos líderes políticos do mundo para reverter essa situação, revela o autor. Mas se as soluções não chegam desse setor, felizmente, milhares de projetos em busca de soluções para um mundo melhor, mais solidário e com mais justiça econômica e social têm surgido dos chamados empreendedores sociais. E são inúmeras as instituições em todo o mundo que estão atuando nessa área e que vêm consolidando o perfil desse novo profissional.

A Escola para Empreendedores Sociais (SSE) do Reino Unido (www.the-sse.org) define empreendedor social como aquele que trabalha de uma maneira empresarial, mas para um público ou um benefício social, em lugar de ganhar dinheiro. Na visão da SSE os empreendedores sociais podem trabalhar em negócios éticos, órgãos governamentais, públicos, voluntários e comunitários.

A Fundação de Empreendedorismo Social do Canadá (CSEF) (www.csef.ca)  apresenta o empreendedor social como aquele que identifica um problema social e utiliza os princípios do empreendedorismo para organizar, criar e administrar recursos financeiros para gerar uma mudança social.

O Instituto para Empreendedores Sociais nos Estados Unidos ( www.institute4se.com ) nos revela um empreendedor social que incorpora sua paixão e experiência pela administração e gestão de negócios para a criação de soluções inteligentes para os problemas sociais.

Temos também a ASHOKA que é uma organização internacional sem fins lucrativos, fundada na Índia por Bill Drayton em 1980 e, com foco no empreendedorismo social, atua no Brasil desde 1987 (www.brasil.ashoka.org). Drayton é considerado o criador do termo empreendedorismo social ao identificar indivíduos que combinam pragmatismo, compromisso com resultados e visão de futuro para realizar profundas transformações sociais.

Há, portanto, um oceano de espaço para ações e iniciativas nesse sentido, embora nem todas estejam ao mesmo nível da “causa social”, conforme nos apresenta Miguel Nuno Portugal em seu livro “Empreendedorismo – Gestão Estratégica” (2016). De acordo com o Nuno Portugal alguns projetos nasceram porque a causa social está na moda e em outros casos porque existem bilionários que buscam devolver à sociedade de uma forma filantrópica, parte daquilo que a sociedade lhe deu ao longo da vida através de suas empresas. Neste caso, há que se falar em Responsabilidade Social, o que não deve ser confundido com Empreendedorismo Social, argumenta o autor. Existe ainda outro aspecto que precisamos estar atentos pois envolve o oportunismo em questões sociais. Na própria definição de oportunismo encontramos o comportamento de quem pauta sua conduta segundo as circunstancias, subordinando princípios a interesses momentâneos. Uma atitude de onde não se pode esperar nenhuma contribuição à questão social a não ser o fato de obter dela algum proveito. Tenho certeza que o leitor é capaz de identificar uma situação em que o comportamento de alguém se volta apenas à obtenção de vantagens em benefício próprio, sem preocupação com questões éticas ou morais, e ainda assim procura um apelo social que justifique essa atitude.

Nos conceitos de Responsabilidade Social e Empreendedorismo Social há muita controvérsia quanto a sua diferenciação, existindo autores que consideram os esforços dos bilionários em promover alterações sociais como um novo tipo de empreendedorismo social. Entretanto, encontramos nos estudos de Melo Neto e Froes, em Empreendedorismo Social (2002), algumas diferenças que consideramos importantes para a compreensão da complementaridade dos dois conceitos: (1) na responsabilidade social as empresas mantém o foco no mercado e produzem bens e serviços para si e para a comunidade buscando assim agregar valor estratégico ao seu negócio; (2) no empreendedorismo social as organizações tem o foco na solução dos problemas sociais e na produção de bens e serviços para a comunidade buscando resgatar as pessoas da situação de risco social, gerando inclusão e emancipação social.

O sonho de todo empreendedor social é ver funcionando de forma sustentável o seu projeto de construção de uma sociedade melhor e mais justa. Assim, impacto social aliado à geração de riqueza é o combustível que move os empreendedores sociais que se multiplicam a cada dia. David Bornstein, em Como Mudar o Mundo (2005), nos presenteia com um livro sobre pessoas que resolvem problemas sociais em grande escala. O Professor Muhammad Yunus, criador do Grameen Bank, em Bangladesh, é um excelente exemplo de empreendedor social. Em 1974 tomou a iniciativa de lutar contra a pobreza e a fome no seu país a partir da concessão de pequenos empréstimos para estimular o empreendedorismo e o empoderamento das mulheres através do Microcrédito. Sua experiência foi a inspiração para muitas iniciativas em todo mundo e particularmente no Brasil para o Programa de Microcrédito “CrediAmigo” do Banco do Nordeste, iniciado em 1998 e consolidado como o maior programa de microfinanças do Brasil, gerando atualmente trabalho e renda para mais de 2 milhões de famílias em todo o Nordeste. Os empreendedores sociais se multiplicam no Brasil, tais como Vera Cordeiro (Associação Saúde Criança), Sérgio Rodrigo Andrade (Agenda Pública), Rodrigo Baggio (Comitê para Democratização da Informática), Cybele Amado de Oliveira (Instituto Chapada), Eduardo Lyra (Gerando Falcões), Antônio Sergio Petrilli (Graacc), para citar alguns. E são muitos os que também surgem em todo o mundo, como o caso do médico indiano, Dr. Govindappa Venkataswamy (conhecido como Dr. V.), cujo vídeo de 6 minutos compartilho com vocês no link (https://www.youtube.com/watch?v=5We6KNrn0KI). Um exemplo que nos revela a força extraordinária do empreendedorismo social que se inicia quando ousarmos perguntar, como fez o Dr. V., “Como pode o meu trabalho fazer de mim um melhor ser humano e também contribuir para um mundo melhor?”.

Então, até o próximo Empreendedorismo e Gestão.

Por Dager Aguiar

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