LAGARTO E A CRÔNICA DE UM NATAL FANTASMA

24 de dezembro de 2016 - 11:37, por Claudefranklin Monteiro

O título do presente texto remete à obra do consagrado escritor inglês, Charles Dickens (1812-1870), sobretudo ao seu romance “Christmas Carol” (em português, Conto de Natal, 1843). O seu enredo gira em torno de uma personagem chamada Ebenezer Scrooge, um homem avarento que é antipático a época natalícia.

No ano em que o comerciante Ursulino Loiola Silva (Seu Nosinho da Casa Oriente) estaria completando 100 anos de nascimento, Lagarto mais parece um cenário dos contos de Dickens: frio e deserto, sem luz e vida, cercado de incertezas e pouquíssimas esperanças.

Seu Nosinho talvez tenha sido um dos últimos símbolos dos melhores natais lagartenses, em que pese, de modo particular, o fato de sua loja se dispor, nestes tempos, a valer-se da magia do Papai Noel e fazer a alegria de inúmeras crianças, pobres e ricas, nas principais artérias de nossa cidade, por pelos menos três décadas.

Foi-se o tempo em que ansiávamos como seria a feitura do Presépio da Prefeitura Municipal, instalado com galhardia na Praça da Piedade, de frente para o Santuário Nossa Senhora da Piedade. Em tempos remotos, sob a batuta do saudoso Tonho de Sinhô. E mais recentemente, por conta da sensibilidade artística de Nenê Prata.

Em 2016, nada. Absolutamente nada, faz lembrar Natal em Lagarto, salvo a iniciativa do comércio e da Igreja Católica. Nas ruas, nenhuma menção, nem enfeite ou pisca-pisca. Nada tem feito o lagartense lembrar que ele está vivendo o Natal.

As lembranças de natais inesquecíveis repousam num silêncio incômodo, num vazio de memória que faz até mesmo os mais jovens ficarem inquietos. Nenhum gesto de dignidade, nenhuma demonstração de gratidão. Nada. Simplesmente, nada.

 O tempo costuma ser cruel com as pessoas. Sua oficina eleva e enaltece aqueles cujo desprendimento valeu mais do que o egoísmo perverso, vingativo, debochado. Sedimenta sua história no panteão da vida pública.

Ao passo em que julga e sepulta sua lembrança na mesquinharia do malquerer mal resolvido, ancorado sobre o orgulho do dinheiro e do poder. Malgrados serão os dias em que as letras se fizerem presentes a dizerem antes tarde do que nunca.

E nessa toada, vamos tecendo mais uma página triste de nossa malograda história, ainda regida pela vontade e caprichos de tabaréus endinheirados, carentes de espírito de Natal e de Cristianismo.

Ainda que minha pena, hoje, precise ser cruenta como Dickens, acreditemos que a esperança nos move, ao passo em que a indignação nos fortalece e nos anima a revermos conceitos, tempos, pessoas e lugares.

Que Seu Nosinho, do céu, evoque ou implore a Deus melhores natais para Lagarto, repletos de magia, mas também de melhores dias. Que nossos sonhos não sejam mais interrompidos ou frustrados, que nosso romantismo natalino reviva, se reinvente até, mas permaneça vivo, intenso e grande como nossa história.

 

 

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