Gurita Santos: Uma senhora me pediu para falar com ela, e o marido dela mandou eu me afastar porque tinha nojo

30 de julho de 2017 - 14:00, por Marcos Peris

Portal Lagarto Notícias

Nesta semana, o Lagarto Notícias entrevistou uma pessoa considerada um ícone dos grupos de WhatsApp de Lagarto. Conhecida como Gurita, Antônio Everton dos Santos, de 37 anos, contou um pouco da sua vida, dos preconceitos vividos e de como os superou.

Além disso, ela – como gosta de ser chamada – teceu comentários a respeito da política lagartense, sobre o futuro do município e, é claro, falou sobre os famosos áudios que circulam em variados grupos de Whatsapp.

Entrevista da Semana

Entrevista da Semana

Confira na íntegra a Entrevista da Semana:

PLN: Quem é Gurita Santos?

Gurita: Sou uma pessoa alegre, extrovertida e que gosta de fazer as pessoas rirem com minhas presepadas. Coisas que as pessoas têm que entender que nem tudo que eu falo é sério. Enfim, eu sou azeda.

PLN: Podemos dizer que o seu propósito de fazer as pessoas felizes se dá por meios dos famosos áudios que circulam via WhatsApp?

Gurita: É isso mesmo. Graças a Deus nunca tive problemas com esses áudios, que surgiram a partir de uma brincadeira pedida pelo povo. Com esses áudios eu já ganhei muitas coisas, porque o povo chega para mim e fala: “Gurita, faça isso para mim que eu te dou isso”, e assim vai.

Mas é justamente por essa brincadeira que eu não posso sair na rua. Porque as crianças quando me vêm ficam impressionadas, e logo pedem uma foto. Eu acho até engraçado e acabado tirando a foto.

PLN: De onde surgiu o apelido de “Gurita”?

Gurita: Eu acho que quem colocou esse apelido foi a minha mãe, que antigamente me chamava de Tico. Eu não sei dizer qual o significado de Gurita e nem quem colocou esse apelido, porque desde criança que me chamam assim.

PLN: É sabido que muitos homossexuais passam por variados problemas ligados ao preconceito. Então como você lida com o preconceito social?

Gurita: Eu vou ser sincera, até agora não sofri um preconceito pesado não. Mas teve uma vez que uma senhora me pediu para falar com ela, e o marido dela mandou eu me afastar porque “tinha nojo de gente desse tipo”. Isso me deixou doente, mas o resto eu levo na brincadeira.

Acho que o mundo mudou muito com as universidades, as paradas gays, que ninguém mais chama o outro de “viado”. Acredito que estamos em um mundo muito melhor do que aquele de antigamente.

PLN: Você considera que se não fosse tão famosa, você poderia ter sido vítima de mais preconceito da sociedade?

Gurita: Acho que sim, porque isso depende muito da pessoa, de como ela é e de como a sociedade aceita. E eu sou muito conhecida dentro do Saramandaia e nos outros grupos políticos de Lagarto.

PLN: Após assumir homossexual, você decidiu mudar de sexo. Por quê?

Gurita: Eu decidi mudar porque não me via bem como um homem. Eu não me vejo como um homem, por isso que minhas roupas são femininas. Comigo não rola essa de se vestir como homem.

PLN: Como está sendo o processo de mudança de sexo?

Gurita: Está ocorrendo com muita naturalidade. Já comecei a tomar os hormônios passado pelos médicos; malho; como muitos alimentos ricos em ferro; já coloquei silicone no bumbum e vou tentar realizar o meu sonho de colocar o silicone nos peitos. Quero colocar a maior quantidade que puder (risadas).

PLN: Não há nenhuma contraindicação em relação a esses hormônios que está ingerindo?

Gurita: Dizem que no futuro eu posso ter problemas, como o câncer. Mas disso ai eu não tenho medo.

PLN: Nem tem medo de se arrepender depois da mudança de sexo?

Gurita: Não tenho não. Eu vivo o hoje e o amanhã, porque o futuro a Deus pertence.

PLN: Já sabe qual nome social você vai adotar depois que mudar de sexo?

Gurita: Eu queria colocar Patrícia Capitu ou Patrícia Santos.

PLN: No quesito política de Lagarto, a Gurita é autodeclarada “Saramandaia Doente”. De onde surgiu essa ligação com tal agrupamento?

Gurita: Isso veio desde pequeno, por causa de toda a minha família que sempre foi Saramandaia. Acho que foi essa convivência com o meu pai e minha mãe que me fez gostar do grupo. Eu respeito e admiro os outros grupos políticos de Lagarto, mas só me vejo sendo Saramandaia.

Gosto muito de Fábio e adoro Goretti Reis, como candidata, amiga, como tudo, porque admiro o jeito como sou tratada por ela, e o modo dela trata as pessoas. As vezes nem parece que é política. Só quem não a conhece é que pode falar mal dela. Além disso, ela nunca me disse não.

PLN: Diante disso, como você lida com os demais agrupamentos políticos de Lagarto?

Gurita: Eu não tenho nada contra eles, inclusive o Prefeito Valmir Monteiro gosta muito de mim. Toda vez que ele me ver, ele fala. É mais fácil os puxa-saco vim para cima de mim com baixaria do que ele.

Além disso, Valmir me recebe super bem em qualquer lugar. Ele mesmo não se incomoda com os candidatos que voto, ele nem ver isso como maldade. No Festival da Mandioca só porque eu tirei uma foto com ele, disseram que eu tinha pulado. Isso não tem nada a ver, porque eu sou educada e se você me chama para tirar foto, eu vou.

O que tem demais em uma foto? Foto não ganha eleição, e se ganhasse tava bom até demais. Foto só incomoda quem não tem o que fazer e quem gosta de picuinha.

PLN: Ainda sobre política, você avalia como positiva ou negativa essa disputa histórica entre Bole-bole e Saramandaia em Lagarto?

Gurita: Eu acho que essa disputa deveria acabar, porque tem horas que essa briga se torna uma baixaria. Acho que já está acabando porque o Bole-bole era Ribeirinho e Cabo Zé, hoje dizem que é Valmir, mas eles nem se falam. Então não é Bole-bole.

Além disso, é muito difícil lidar com gente, porque o prefeito mal entrou e já estão falando que não presta.

PLN: Você aprova a Gestão Valmir Monteiro?

Gurita: Mais ou menos. Eu não tenho do que reclamar, mas também não tenho o que elogiar.

Da minha parte, espero que ele continue fazendo festa, porque sou festeira.

PLN: Você acha que é possível o fim da disputa entre Bole-bole e Saramandaia?

Gurita: Acho que não. Nós que andamos muito pelos lugares vemos que é tudo do mesmo jeito, a mesma picuinha.

PLN: E até onde vai a sua lealdade ao Grupo Saramandaia?

Gurita: Por mim vai até o resto da vida, mas também depende deles não é? Porque se eu quisesse mudar de lado, eu teria feito isso na época da foto no Festival da Mandioca.

PLN: O que você espera para o futuro de Lagarto?

Gurita: Espero que muita coisa melhore, principalmente, na diversão. Porque Lagarto já recebe muita gente de fora, então precisamos melhorar essa situação com a construção do shopping, com a contratação de bandas diferentes para os shows, porque as festas além de serem caras, trazem a mesma coisa a vida toda.

Lagarto carece de muitos eventos, porque quando você vai sair só encontra açaí.

PLN: Já falamos demais da Gurita, mas como era o Antônio Everton?

Gurita: O Antônio era tudo (risadas). Ele vivia vestido com roupinhas de homem e andava com a mamãe. Até que completou 15 anos e deu início a transformação se vestindo de menina.

PLN: Qual a reação da sua família?

Gurita: Meu pai fechava. Ele me odiava. Mas a minha mãe e o resto da minha família me aceitaram numa boa, quanto a isso não tive problemas. E quando alguém me xingava na rua, depois eu dava risada lembrando porque tem coisas se tornam engraçadas.

Era um engraçado ofensivo, por isso só dava risada depois que já tinha passado. Hoje, tem vezes que nem eu mesma aguento os meus áudios, principalmente, quando meus amigos me enjoam. Ai eu me estouro e esculhambo.

PLN: Qual mensagem você gostaria de deixar para o povo de Lagarto?

Gurita: Que o povo deixe de olhar a vida dos outros. Se preocupe mais com a sua vida, e deixe de ficar falando coisas que não existem. Além, é claro, de colocar de lado o preconceito existente perante os homossexuais.

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