Naum Lira e outras estórias das Cacimbas de Joaquim Prata

9 de dezembro de 2017 - 12:33, por Claudefranklin Monteiro

Dr. Claudefranklin Monteiro

Enfim um fim para Naum Lira. Por mais de três anos, isso consumiu minha mente ao mesmo passo que eram consumidas, também, minhas memórias de seu genitor, o Confrade da Academia Lagartense de Letras, Joaquim Prata, falecido em 2014.

Foto: Dr. Claudefranklin Monteiro, Ângela Prata (viúva) e Paulo Andrade Prata (Presidente da ALL)

Foto: Dr. Claudefranklin Monteiro, Ângela Prata (viúva) e Paulo Andrade Prata (Presidente da ALL)

O desfecho veio à baila na última quarta-feira, dia 06 de dezembro do corrente ano, nas dependências do Centro Cultural de Aracaju, antiga Alfândega, toda ela reformada e restaurada. Na companhia de amigos de velha data, a exemplo de Dr. Paulo Andrade Prata, pudemos testemunhar um momento ímpar da literatura lagartense. Por iniciativa de seus familiares, mais de perto Carol e Rita, filhas do saudoso imortal lagartense, foi lançado o livro As Cacimbas de Joaquim Prata.
Organizado por Rita Souza e Euler Lopez, a obra póstuma foi publicada pela Editora Chita Cartonera, ideia lagartense, cujo selo foi editado em Aracaju, com uma proposta ousada e inovadora, na medida em que disponibiliza para os escritores a edição e feitura de livros artesanais, com exímia qualidade, arte e esmero. A sede fica na Praça da Piedade, número 20.
O livro é prefaciado por Rita Souza e dedicado a familiares de Joaquim Prata, a amigos, a exemplo de Antônio Rocha, e à Academia Lagartense de Letras. Para quem conheceu o autor de perto, na sua intimidade, é impossível não interromper a leitura várias vezes, para chorar de saudade.

E foi assim, entre lágrimas, sorrisos e muita emoção, que me deliciei de cada página, saboreando cada período, no afã de me reencontrar com Joaquim Prata, traquina e matreiro como a algumas de suas personagens. E nesse movimento de saudade e leitura, não necessariamente nessa ordem, a certeza da imortalidade, sacramentada nas palavras de Rita Souza: “(…) é por meio da palavra que a história e o sentido não se esgotam, que o afeto é, de todo modo, o idioma mais bonito e pulsante…” (p. 7).
O livro é uma dádiva da cultura e da capacidade intelectual lagartense. Está eivado de sensibilidade e criatividade, de estórias que se passaram numa vila fictícia do nosso Lagarto histórico, quadricentenário. E nesse sentido, se apresenta também como atemporal, mas também, atual e localizado em tempos preciosos da outrora cidade sertaneja de Sílvio Romero.
A pena de Joaquim Prata, já o sabia e só se confirma, é leve e fluida. Seus contos encantam e seduzem o leitor. São ricos em beleza poética e em realismo fantástico e intimista, até mesmo, religioso. A narrativa é um convite e um ingresso ao mundo de pessoas, cuja marca é a diversidade e a simplicidade, a exemplo do casal Consuelo e Otacílio.
São incontáveis os personagens da obra. Nomes os mais hilários e inusitados possíveis, como era o próprio Joaquim Prata. Mas Naum Lira é o meu predileto. Meu e de minha esposa, a Professora Patrícia Monteiro. Ele é o tipo anti-herói, que rouba a cena de qualquer protagonista. De caráter extremamente duvidoso, esteve por algum tempo a tirar o sossego do autor, ansioso para lhe dar um fim, que não ousarei contar, passando adiante a curiosidade para outros leitores.
Afora isso, o livro está repleto de sujeitos muito conhecidos de nossa história provinciana, como Monsenhor Marinho e Maninho de Zilá, nos contos “Juízo Final” e “O Incêndio”. Aqui, memória e ficção fazem um enlace matrimonial perfeito. Sem falar nas referências ao real, como ao Rio Jacaré, à Praça da Piedade, enfim, às várias facetas de um Lagarto que não existem mais, da cidade miúda sem graça, das Quaresmas recolhidas de outrora, das bodegas, dos bordéis e dos Padres, que pendulavam entre o sacro e o profano.
Por fim e não ao cabo, fico a imaginar Joaquim Prata, no céu das Cacimbas, a caçoar de todos nós, com os olhos marejados, deixando verter lágrimas de infinito e imortalidade sobre as terras do Lagarto.

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