ZÉ DE MANÚ

29 de maio de 2018 - 10:02, por Claudefranklin Monteiro

O tronco de uma jaqueira frondosa que fortalece nossas raízes identitárias, de tempos em tempos, permite a colheita de alguns de seus frutos, cujas sementes sempre serão lembradas e estarão fincadas na memória cultural e social de Lagarto. Aos poucos, nossas reservas morais estão desaparecendo, deixando vazios nossos espaços de referências. Crentes em suas imortalidades, almejamos que seus legados gerem novos e valiosos frutos.

Amante incondicional da vida, José Messias de Santana nos deixou semana passada, próximo de completar noventa anos. Nascido no dia 06 de junho de 1928, no Povoado Várzea dos Cágados, era filho de Maria Madalena de Santana e Manoel Messias de Santana. De seu pai, que foi fiscal da Prefeitura Municipal de Lagarto, recebeu a alcunha que lhe deu fama: Zé de Manú.

Estudioso, não fez o Nível Superior, mas completou a formação necessária para lhe dar as condições de exercer suas funções. Chegou a ser carrego de feira para pagar os estudos. Inicialmente, foi alfaiate, profissão pela qual era apaixonado. Entretanto, foi convencido pelo pai a ir trabalhar no Cartório de Seu Zé Lins, com quem adquiriu inúmeras habilidades, como a de escriturário e escrivão, chegando a ser conhecido como advogado prático.

Contando com o apoio político do Coronel Acrísio Garcez, Zé de Manú assumiu o Cartório do 2º Ofício de Seu Zé Lins, depois de uma pendenga familiar e tendo que se desfazer de um sítio que possuía. Na função, ficou até os 70 anos, e após litígio na justiça, foi compulsoriamente aposentado, transformando o lugar do Cartório, na esquina do Calçadão Dom Pedro II com a Praça Filomeno Hora, em um escritório, onde suas filhas exercem diversas atividades de expedição de documentos pessoais até a presente data.

Viúvo de Valdice Almeida, ele casou-se uma segunda vez com Ilda Batista dos Santos, com quem viveu por trinta e oito anos. Ao todo, Zé de Manu teve 10 filhos: Messias, Sérgio, Jorge, Márcio, Lenalva, Elenalda, Selma, Sônia, Jaqueline e Tathianne. A filha mais velha, Lenalva, foi responsável por aproximar Zé de Manú de Dona Ilda Batista, que era secretária da Coopertreze e depois de casada passou a colaborar com o esposo nas atividades cartoriais e também no Fórum Josias Machado.

À época de Zé de Manú, funcionavam ainda mais dois Cartórios que marcaram esse aspecto da vida social de Lagarto: o Cartório de Dr. Ernane Librório, de 1º Oficio, e o Cartório de 3º Ofício, de Dr. João Almeida Rocha, onde pode, também, dar a sua contribuição.

Sua relação com música foi visceral. E não foi diferente, também, com a Filarmônica Lira Popular de Lagarto, influenciado por um de seus fundadores, o Coronel Acrísio Garcez. Na adolescência, chegou a tocar clarinete, sem muito sucesso. Na Lira, embora nunca tivesse sido Presidente, sempre esteve presente na Diretoria, como Tesoureiro, e era decisivo na escolha de novos dirigentes. Uma grande referência.

Carinhoso com os filhos e com os netos, incentivando-os a ler e a estudar, era conhecido socialmente como um exímio dançarino. Era visto, com frequência, em bailes e, sobretudo, em eventos juninos. Curtia seresta, Luiz Gonzaga e até mesmo, música clássica.

Católico e devoto de São José, no plano político ele foi discreto e sociável, evitando envolver-se nas contendas locais. Preferia viver o trabalho e o ambiente familiar. E, em razão disso, cultivou grandes amizades, a exemplo de Benedito Figueiredo, Zé Corrêa, Seu Anísio Alfaiate, Artulino, Dr. João Rocha, Joaquim Prata e Paulo Prata. Este último, assim se refere a Zé de Manú: “Homem de muito trabalho, determinação e força de vontade. Não tinha a alma pequena. Revelou sabedoria, no seu modo de viver. Foi no cartório, que eu aprendi aquilo que a faculdade não me ensinou”.

Por fim, um entusiasta da alegria e do bom viver. Patriota, cumpriu seus direitos civis e políticos até os últimos anos de vida. Deixou, como vimos, significativas marcas na História de Lagarto, e um legado que será referência para muita gerações que sucederão à nossa, carente de bons exemplos, de ética e de profissionalismo.

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