Em 2016: “Quem disponibilizar o seu nome que se prepare porque nós vamos cobrar!”, diz Nazon Barbosa

14 de fevereiro de 2016 - 16:28, por Alexandre Fontes

A entrevista da semana é com o professor e sindicalista mais conhecidos do município de Lagarto, ele tem 51 anos de idade, 30 na docência e 15 na luta sindical. Ele é o professor Nazon Barbosa.

Prof. Nazon Barbosa

Prof. Nazon Barbosa

Durante a entrevista, Nazon nos contou um pouco da sua história, da atual situação dos professores do município de Lagarto, esclareceu alguns pontos criticados por muitos sobre a luta dos professores e desafiou o prefeito Lila Fraga (DEM). Além disso, deixou uma mensagem para o eleitorado lagartense.

Acompanhe na íntegra:

Lagarto Notícias: Quem é o professor Nazon?

Nazon: O professor Nazon é um cidadão lagartense de família humilde. De baianos que vieram morar em Sergipe e aqui tiveram seus quatro filhos entre eles está o professor Nazon, um cidadão comum e que está na luta para ver se consegue assistir um país melhor, uma cidade melhor, com felicidade e tranquilidade. Por isso, Nazon é um cidadão que escolheu o magistério para exercer a sua função de cidadão e dialogar com a juventude e com a sociedade. Além de ter escolhido entrar na luta sindical por entender que o trabalhador merece respeito e dignidade.

LN: Há quanto tempo o senhor leciona? E qual disciplina?

Nazon: Eu sou professor há praticamente 30 anos. Trabalhei um pequeno período na rede particular no meu inicio de carreira, depois em 1986 eu fiz um concurso da rede municipal e estadual. Então hoje eu tenho 30 anos de ensino, 28 desses na rede pública e dois ou três na rede privada. Eu sempre gostei da área de ciências, de áreas que tratam dessas questões humanas e da natureza, por isso, hoje sou formado em pedagogia, biologia (FACIBA) e pós-graduado em ‘Mídias na educação’ pela UFS. Sempre lecionei na área das ciências naturais. Iniciei minha carreira no povoado Água Fria, passei quatro anos ali, e depois me transferi para o Polivalente, onde estou até hoje, e pretendo me aposentar por lá. Já no município comecei no povoado Caraíbas e depois vim para o Frei Cristóvão onde permaneço até hoje.

LN: Por que escolheu a carreira do magistério?

Nazon: Porque essa é uma profissão digna e importante para a sociedade, ela traz grandes desafios e a gente tem a oportunidade de, a partir dessa profissão, conseguir modificar e trabalhar a consciência, bem como, dialogar com a juventude fazendo com que eles possam vislumbrar e trazer alguma diferença no futuro. Então eu acho que isso é importante porque o profissional ele tem que ter um objetivo e eu acho que o magistério, a docência, o educador, o professor ele tem essa capacidade e essa oportunidade de lidar com a juventude e com isso poder fazer com que essa reflexão possa abrir caminhos para esses jovens. É empolgante ter essa oportunidade de mudar o país através da educação, muito embora os discursos políticos não sejam muito coerentes, mas não há nenhuma duvida de que é através da educação que o país se desenvolve.

LN: Professor, em todas as áreas há dificuldades, até a medicina tem as suas dificuldades, os telejornais estão mostrando isso diariamente, mas qual ou quais as maiores dificuldades enfrentadas por um professor, atualmente, em sala de aula?

Nazon: As dificuldades são várias. Inicia essa dificuldade pelo estimulo que hoje o professor não tem, estimulo que digo não é somente o salário, mas uma serie de outros fatores, e o salario é importantíssimo né?! É o principal.

LN: Aperto de mão não enche barriga…

Nazon: Não adianta, a gente precisa entender isso. Então essas dificuldades são essas relações que a gente tem com aquele que está, naquele momento, responsável por cumprir as leis que não cumpre. A dificuldade é em garantir uma escola de qualidade na sua estrutura, as condições de trabalho que não encontramos, as dificuldades que existem dentro da escola para que a gente possa garantir uma aula ou um projeto de boa qualidade, existem essas dificuldades dentro da escola. Tem também o desestimulo do nosso alunado, a consciência desse alunado que ele precisa ter para enfrentar tudo isso. Então eu acho que temos varias dificuldades hoje, mas não só hoje.

LN: Em qual rede a situação está mais difícil? A municipal ou estadual?

Nazon: Elas são muito semelhantes. A gente costuma dizer que: “Os municípios se espelham no estado”, então quando o estado faz alguma coisa de ruim, os municípios copiam então eles são muito parecidos. Se o governador parcela o 13° salário, o prefeito logo diz: “Bom, se o estado fez então nós vamos fazer também!”. Então a gente percebe que não existe diferença no descumprimento da lei e do direito, eles estão sempre buscando o que o outro fez pra sair do sufoco, e não importa se foi desumano ou irresponsável. Então é tudo muito parecido quanto a essa questão de descumprir e negar o direito ao trabalhador.

LN: Mesmo com essas três dificuldades referentes ao aluno, à estrutura escolar e a questão salarial. O quê que motiva a classe a ainda ir às salas de aula?

Nazon: O que estimula o profissional primeiro é o seu compromisso, compromisso com a sociedade e com os nossos alunos. Então os problemas existem e a gente precisa lutar para reduzir essas dificuldades, mas há um compromisso porque nós temos os nossos direitos e os nossos deveres. Acima de tudo nós somos profissionais, somos servidores da sociedade e ela espera de nós o cumprimento de nossas obrigações. Então quando eu me propus a prestar um concurso à gente tinha uma noção do que era o nosso direito, o que era o nosso dever. Quando o direito me é negado, eu vou a busca dele até por uma questão da própria função, eu sou um professor, então eu preciso conduzir nas palavras e na prática aos meus alunos de que como é que a gente precisa fazer, mas de qualquer forma a gente precisa cumprir com a nossa obrigação.

LN: Foi essa busca por direitos que fez o senhor ingressar na vida sindical?

Nazon: Sim. Eu não sou antigo no movimento, eu entrei na luta sindical em 2001 porque naquele momento eu percebi que a luta sindical precisava ser fortalecida, e não era com a minha chegada que se daria esse fortalecimento, mas eu como professor, no momento em que me filio e busco participar das ações, estou contribuindo ou unindo uma categoria em busca de direitos que ela tem. Então essa luta sindical me mostrou isso, então decidi me filiar, participar e nela eu tenho grandes satisfações.

LN: O senhor lembra se houve algum motivo especifico que o fez ingressar na luta?

Nazon: Não tem algo tão pontual assim, mas me lembro que em 2001 a situação do professor era muito pior do que é hoje. Era um ganho salarial muito pequeno, o desrespeito era generalizado, a gente não tinha conquistado coisas importantes como o Piso que conquistamos então o sofrimento era grande, o tratamento dos gestores e patrões de plantão era muito ruim e ainda continua sendo, mas ali. Então eu vi a necessidade nesse contexto, não existe apenas uma luta salarial, existe uma pauta de luta que fala de condição de trabalho, em melhoria salarial… Então há um conjunto de bandeiras a ser defendida e naquele momento eu via uma independência desse sindicato daqueles que vez ou outra se trocavam no poder. Então eu digo que é o meio que a gente tem, eu vi no sindicato a independência que a gente não tinha e aquilo me chamou a atenção porque temos ideais e bandeiras a serem defendidas sem qualquer dependência de A ou B, então nesse grupo da pra gente se fortalecer.

LN: Nesses 15 anos de vida sindical qual foi a maior vitória que vocês conquistaram?

Nazon: A maior vitória, não sei se é a nível estadual ou municipal, foi a gente ter um avanço porque o que me deu mais satisfação foi ver a categoria se unir cada vez mais, para mim isso é uma vitória. Por exemplo, nós tivemos uma greve agora no ano de 2015 de 93 dias e que nós não conseguimos benefícios financeiros nenhum, pelo contrario, mas o beneficio da união foi muito bom e pra nós isso é uma vitória. Os professores de Lagarto, hoje, estão conscientes, unidos e prontos para enfrentar as dificuldades. As vitórias poucas que existiram, por exemplo: nós conseguimos o Plano de Carreira, o Piso Nacional que foi aprovado em 2008 e que fomos à luta e conseguimos implantar aqui em Lagarto, o salario melhorou um pouco em relação ao que era antigamente.

LN: Houve uma pequena melhoria significativa, mas a de se reconhecer que houve algum avanço…

Nazon: E uma das vitórias bem importante para nós foi à chegada do Fundo de Manutenção do Ensino Fundamental que tinha a validade de 10 anos e que quando acabou o governo federal fundou o FUNDEB ampliando para a educação básica. Mas antes do FUNDEF a nossa luta era uma luta que a gente fazia os cálculos pedir reajuste sem uma lei que nós desse o devido respaldo. Com o FUNDEB, essa lei dizia que no mínimo 60% da verba era pra pagar professor, isso mudou a história porque nós começamos a perceber o que entrava no fundo e no mínimo a gente poderia ver o nosso salario, além disso, com o FUNDEB chegou o controle social através dos conselhos. E com esses conselhos nós conseguimos enxugar a folha com coisas absurdas que naquela época, como não tinha o controle social para fiscalizar, os caras colocavam todo mundo pra receber o seu dinheiro lá no FUNDEF, a gente via tratorista, um cara que trabalhava na secretaria do turismo tava lá porque era um dinheiro especifico pra pagar professor e como eles não podiam mexer enchiam a folha com outros servidores, e com o conselho nós conseguimos detectar. Hoje tem alguns problemas, mas muito menos.

LN: Esse conselho aproximou os professores da rede como um todo.

Nazon: Sim, o professor conhece a rede. Quando a gente chegava e pegava a folha de pagamento, olhava a relação de escola por escola, a gente via o nome de pessoas que era motorista, dirigia caçamba, fazia estrada, mas que recebia com a verba dos professores. Dai nós começamos a denunciar e quando alguém pedia para por um nome estranho na folha, as autoridades começaram a pensar duas vezes devido a fiscalização do conselho que dava acento aos alunos, professores, país e o sindicato. Nós já descobrimos, em outro município, um vereador que recebia pela folha de educação, isso foi um grande avanço.

LN: Então nós tivemos um grande avanço em Lagarto que foi a união dos professores, o FUNDEB e o conselho de fiscalização popular.

Nazon: Sem contar com o mais grandioso, este a nível nacional, que foi a conquista da lei do piso que foi em 2008.

LN: Quais são as atuais bandeiras levantadas pelo Síntese da região centro-sul de Sergipe?

Nazon: A nossa sub-sede atende oito municípios da região centro-sul. As nossas pautas são muito parecidas, a primeira é a defesa do direito do trabalhador, às vezes as pessoas criticam o sindicato porque ele só fala em dinheiro, mas o sindicato, na sua essência, nasceu para defender o direito do trabalhador e o que se repete a cada ano é a negação de direito financeiro mesmo, então a gente tem que lutar por isso.

LN: Então são pautas econômicas?

Nazon: Não são só econômicas, mas na sua grande maioria a nossa pauta é a garantia do direito, seja ele qualquer. Por exemplo, todos os municípios tem o Plano de Carreira e tem o estatuto do magistério, qualquer negação daquela lei, nós iremos cobrar pra garantir os nossos direitos. Mas nós temos pautas como: a garantia da alimentação escolar, a condição do transporte escolar, temos pautas também pedagógicas, a discursão da mudança do currículo nacionalmente, nós temos discursão sobre a gestão democrática, mas os gestores têm dificuldades quanto a isso porque eles não querem uma gestão democrática. Então a gestão democrática é uma bandeira nossa para que acabe esse cabide de emprego de diretor, coordenador para que a escola tenha, de fato, uma autonomia de escolha daqueles que vão dirigir a escola. A gente tem uma pauta extensa, além de defender o trabalhador na sua dignidade, nós trabalhamos de forma coletiva para todos, mas se algo acontecer individualmente nós também temos um setor para resolver.

LN: Voltando para Lagarto, desde que se mudou a gestão municipal que nos tradicionais desfiles de 7 de setembro o Sintese vai as ruas de preto para mostrar a atual desvalorização da classe. Como o senhor observa essa situação entre os professores da rede municipal e a atual gestão?

Nazon: Os professores, como eu falei no inicio, nós temos buscado independência. O nosso sindicato não impede ninguém de se filiar etc. Agora, a nossa relação professor com os gestores sempre foi difícil porque os gestores preferem que a sociedade não seja organizada, e quando eles percebem que os professores são organizados e unidos se cria o conflito, alguns mais outros menos. Diga-se de passagem, que com o prefeito Lila o conflito tem sido mais, muito maior.

LN: Por quê?

Nazon: Porque ele decidiu, no inicio do seu mandato, não garantir direito para os servidores digo geral e, especificamente, os professores. Ele não tem nenhuma pretensão de chegar para as questões da educação porque no momento da eleição se prega como prioridade, mas quando se ganha tem que se pensar e saber que vai enfrentar dificuldades, mas quando eles chegam ao poder isso é esquecido e ai vem como se não tivesse nenhum compromisso com a educação. Dai nos trata assim: “Não tenho nenhum compromisso, se der pra fazer eu faço, se não der também não faço e também não vou fazer esforço algum”, então o conflito é muito grande.

O prefeito Lila se perdeu na sua administração, ele não controlou as coisas, hoje ele tá cada vez num bolo de neve muito maior, não acredito mais na gestão do prefeito Lila, ele não tem condições de reverter à situação. Ele apenas garantiu o piso no primeiro ano de mandato dele, de lá pra cá não garantiu mais, negou todos os anos e para piorar a situação ele conseguiu aprovar, com o apoio de nove vereadores na Câmara Municipal, um projeto congelando os nossos salários até o último dia do mandato dele, para ele não ter nenhum compromisso com o professor, ou seja, achando ele que essa lei o dar o direito de ferir uma lei nacional negando os nossos direitos porque existe uma lei municipal que congela os nossos salários até o dia 31 de dezembro de 2016 e, quando chegar o novo prefeito que ele assuma.

Saiba que quando descongelarem os nossos salários, eles voltarão ao valor de 2014. Com isso, a perda salarial dos professores de Lagarto chega a quase 35% do seu salario, numa inflação que ultrapassa os 10% e não ter esse reajuste veja o quanto os professores estão perdendo no município de Lagarto.

LN: O senhor acredita que existe perseguição política contra o senhor, a classe como um todo?

Nazon: Eu não me vejo perseguido, eu conduzo a luta aqui na região, sou muito criticado, eles utilizam a rádio oficial deles para me criticar o tempo todo, colocar mentiras contra a minha pessoa, dizer que sou isso ou aquilo e tal, mas isso para mim é normal do ponto de conflito ideológico, sem problemas. Não sou perseguido como profissional, trabalho no Frei Cristóvão, participo das reuniões e coloco minhas posições, mas não vejo perseguição. Mas com outras pessoas tem algumas características. Eu recebo denuncias de professores que colocam que existem, no seu local de trabalho, ações que caracterizam a perseguição, agora eu tô dizendo isso, mas não estou falando de A ou B, pode ser o método interno de cada instituição, não estou afirmando que é culpa do prefeito ou de qualquer outra pessoa.

Mas para nós está claro que a perseguição ela é generalizada, é uma perseguição na negação do direito. O prefeito Lila não tem nenhuma vontade de resolver o problema dos professores.

LN: Na sua ótica, a atual crise econômica é motivo suficiente para explicar os constantes atrasos salariais?

Nazon: Não, não é motivo pra isso. Eu sou meio descrente dessa crise, eu acho que tem uma crise política, acho que tem uma crise moral nesse país, de caráter, de corrupção, de indivíduos que precisam ser punidos e trazer de volta os bens do povo. Então explodiu essa briga política, não entendo essa parte de crise econômica pelo seguinte: como é que existe uma crise financeira se todos os entes federados de um ano pro outro recebeu mais dinheiro? Eu desafio o prefeito Lila dizer que recebeu menos dinheiro de 2013 para 2014; de 2014 para 2015 e menos dinheiro de 2015 para 2016. Eu o desafio em qualquer receita, não estou falando apenas da receita de educação não porque eu acompanho aqui o FPM, ISS, exportação, Simples, todas as receitas aumentam ano a ano. Lagarto recebeu mais de 200 milhões em 2014, 2015 chega a muito mais do que isso, FUNDEB que é um recurso muito falado por eles, todos os recursos chegam sempre a mais. Nós recebemos em 2014 cerca de 49 milhões, ai veio à crise e essa coisa toda e 2015 fechou com 53 milhões, ai eles dizem: “a mais eu queria que fosse 10 milhões a mais, só chegou 53”, mas foi a mais entende? Então não consigo assimilar essa coisa do financeiro. Então eu acho que eles estão se aproveitando disso para negar a valorização do profissional, do trabalhador. Acho que dizer que essa crise vai me prejudicar ou não vai garantir que eu não possa pagar os servidores, isso não existe. Isso é falta de organização e de gestão, de você saber o que vai fazer com aquele recurso.

Eu costumo sempre pensar como um doméstico: Eu tenho R$ 1.000 todo mês pra lidar com minha família, esse mês veio R$1.100, eu tava esperando R$ 1.200, mas veio R$ 1.100. Bom, mas eu tava acostumado a lidar com R$ 1.000 e eu tenho mais R$ 100 para melhorar alguma coisa. Agora se eu tivesse R$ 1.000 e recebesse R$ 900 ai eu teria mais dificuldade para administrar porque veio menos, mas não é isso que acontece. Vem a mais. Enquanto isso, Lagarto está sem reajuste de 2014, 2015, 2016 e o dinheiro do FUNDEB aumentando todo ano e eles atrasando os salários.

LN: O quê que o senhor acha que seria necessário para melhorar esse embate entre a prefeitura e os professores?

Nazon: O que precisa hoje é que esse gestor, que eu não acredito devido aos desmandos desses três anos, é ele garantir o direito, garantir aquilo que é esperado e determinado em lei para os professores. “Críticos” falam muito de que nos quatro anos da gestão passada o sindicato não fez greve, é verdade. Nós não fizemos greve na gestão passada não era porque estava tudo perfeito, mas porque o mínimo necessário nos foi garantido. Em todos os anos nós tínhamos uma audiência para negociar o piso e em todas elas o piso era garantido, nos tivemos reajuste até de 22%, ele tinha garantido um direito mínimo necessário, mas muito importante para nós que é a valorização profissional.

O professor já ganha mal por natureza, mas ai você já consegue vislumbrar de um ano pro outro um percentualzinho maior e você consegue se animar com aquilo, você percebe que, a partir daquilo ali, você consegue trabalhar melhor. Veja que quando não há greve, já é um grande avanço pra educação, a greve é prejudicial para todo mundo. Então se você conseguir que uma categoria não entre em greve, você estará contribuindo bastante para a qualidade daquele serviço. Por isso nós passamos quatro anos sem greve porque os nossos direitos foram garantidos, mas nós tivemos disputas e discursões na questão de estruturas e reformas.

LN: Então para apaziguar os ânimos o que precisa é de respeito ao direito dos trabalhadores da educação?

Nazon: Não é o respeito de nos receber e apertar a mão, mas aquele respeito no sentido de garantir o que é seu. Eu vou garantir o seu direito, é lei e eu vou me esforçar para garantir, até porque eu garantindo estou cumprindo a lei e levando beneficio para o povo. Não é um esforço só entre nós porque a satisfação da categoria se refletirá no agrado de toda aquela comunidade que eu lidero. Esse tipo de respeito não é somente para com os professores, mas com todas as classes porque é isso que a gente quer.

LN: Qual a maior derrota que os professores de Lagarto já sofreram?

Nazon: A derrota é toda vez que a gente não consegue o direito, isso é uma derrota e das piores. E nós acabamos de colocar aqui: Congelamento de salário na gestão Lila, derrota que deixou o professor desestimulado, o professor está arrasado, ele ver no dia a dia a inflação subindo e o salário dele sendo achatado de ladeira abaixo, isso é uma perda irreparável, é muito complicado. Nós tivemos ai a não garantia do piso nesses anos, o congelamento e agora, para piorar a situação, vem os atrasos. Eu acabei de dizer que os recursos vêm aumentando e as despesas diminuindo, teoricamente, porque houve congelamento. Então eu aumentei a receita naquele ano, mas eu tô mantendo a mesma folha.

Diga-se de passagem, que em Lagarto ainda tem uma outra situação: ele além de não garantir o direito, poderia permanecer com a mesma folha, mas não é isso que acontece, ele diminui mais ainda porque muitos professores estão saindo. Nós já tivemos aqui no município de Lagarto no inicio do mandato Lila, ele teve 1.150 professores na rede depois daquela historia do concurso que Valmir mandou colocar todo mundo e tal, mas hoje os dados da SEMED são de 980 professores. O professor saiu! Passou numa coisa melhor, ou não gostou da situação etc. Então nós temos diminuição de professores, congelamento de salários e ai encerramos o ano passado e passamos o inicio desse tendo atraso de salário, nós ainda não recebemos o mês de janeiro. E se você me perguntar quando vamos receber, eu te digo que essa pergunta a gente faz a prefeitura e ninguém tem resposta. Dai nós decidimos fazer um alerta paralisando o município com uma manifestação popular.

LN: 2016 é um ano de eleição, e o senhor é uma das vozes mais conhecidas da síntese. Diante disso, pretende se candidatar a algum cargo público?

Nazon: Não tenho pretensão, não tenho manejo, não acho que é interessante me dispor para essa questão. Eles utilizam muito isso, o próprio Lila Fraga vez ou outra coloca que eu serei candidato, tudo especulação. Eu não serei candidato a nenhum cargo político, só quero dizer uma coisa: Quem estiver pretensão de colocar o seu nome a disposição, analise como vai administrar essa cidade porque nós temos uma categoria e outras já estão se formando consciente dos seus direitos, e nós vamos exigir de qualquer candidato que seja o nosso direito. Então eles venham preparado, os professores vão continuar na luta pelos seus direitos.

Então não serei candidato a nenhum cargo publico, vou continuar na luta sindical, não importa quem apareça porque a cobrança vai continuar, para mim nenhum desses grupos servem. Nenhum! Só estou dizendo que quem se colocar à disposição que esteja preparado porque se negar direito, independente se vamos sair ganhando ou perdendo, nós vamos continuar na luta. Porque o que vemos por ai é que mesmo com a crise e todos os problemas ninguém arreda o pé. Por isso, vamos continuar a luta seja com quem for. Tomara que o que vier, venha com disposição, com organização, com responsabilidade, respeito e esforço para conseguir conduzir e gerenciar esse município com mudanças drásticas para que possamos viver num clima melhor.

LN: Professor, qual a mensagem que gostaria de deixar para o povo de Lagarto?

Nazon: Que as pessoas analisem tudo que está acontecendo. O ano é o ano que está dando a oportunidade para os cidadãos, o povo lagartense é um povo unido, trabalhador e que merece ter uma outra desenvoltura, que merece ter satisfação, orgulho de viver em paz e crescendo numa cidade promissora como Lagarto. Agora às vezes falta algo que gerencie tudo isso que está chegando para reverter para o povo de Lagarto esses benefícios porque nós não estamos tendo essa pessoa, mas nós temos a oportunidade neste ano para que possa haver mudança.

O que desejo ao povo de Lagarto é criticidade, independência, que não se deixe envolver pelas paixões ou pelos grupos políticos que só tem prejudicado nós cidadão, mas que o povo de Lagarto tenha o direito de decidir, da melhor maneira possível, e que faça uma escolha consciente para que não venhamos a sofrer mais do que nós estamos sofrendo. Espero que nesse ano possamos dizer: Acertamos! Porque o prefeito Lila não foi uma boa opção para Lagarto, vai ser difícil até pelos nomes que temos, mas o mesmo voto que põe é o mesmo voto que tira.

 

 

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