Empreendedores: Nascidos ou Criados?

27 de março de 2017 - 09:51, por Marcos Peris

Existe um permanente desafio dos estudiosos do empreendedorismo em busca dos ingredientes de sucesso que fazem parte do perfil do empreendedor. Já apresentamos, em textos anteriores, um pouco da história do empreendedorismo, desde quando o economista francês Richard Cantillon (1755) descreveu o empreendedor como aquele disposto a correr riscos e Schumpeter (1936) enfatizou sua importância como um impulsionador da inovação. Hoje é dia de Empreendedorismo, então vamos juntos avançar nos segredos que movem o chamado “espírito empreendedor”?

O economista e pesquisador indiano Soumodip Sarkar, radicado na Universidade de Évora em Portugal, apresenta que o estudo do empreendedorismo tem sido enriquecido com o aporte de estudos de outras áreas como a sociologia e a psicologia. Em seu livro Empreendedorismo e Inovação (2014, 3a. Edição), Sarkar apresenta que um dos maiores desafios para os investigadores é descobrir se a capacidade empreendedora é nascida ou pode ser criada. A diferenciação entre essas duas alternativas é fundamental no processo de promoção do empreendedorismo. Assim, desenvolvendo um resgate histórico, Sarkar nos apresenta alguns estudiosos e pesquisadores que podem nos ajudar a consolidar uma posição sobre essa questão.

McClelland, em The Achieving Society (1967), surge como ponto de partida na associação entre as necessidades dos indivíduos e o empreendedorismo ao apresentar três tipos de necessidades motivacionais: a de realização, a de autoridade, a de afiliação. Em seus experimentos, McClelland observou que as pessoas com necessidades de realização pessoal enfrentam melhor as oportunidades que surgem, considerando-as mais aptas a triunfarem no mundo dos negócios, fatores registrados em seu livro Human Motivation (1988).

Outro investigador, J.B.Miner, em “A Psychological Typology of Successful Entrepreneurs” (1997) também buscou traçar o perfil psicológico do empreendedor de sucesso e após sete anos de estudos e experimentos no Centro para Liderança Empreendedora da State University of New York em Búfalo, Estados Unidos, organizou os empreendedores em quatro categorias:

C1- o empreendedor “verdadeiro gestor”;

C2- o empreendedor “gerador de ideias”;

C3- o empreendedor “super-vendedor empático”;

C4- o empreendedor “que busca a realização pessoal”

Conclui ainda Miner que nas três primeiras categorias estão os intraempreendedores ou ainda chamados empreendedores corporativos. Vamos resgatar o conceito de empreendedorismo corporativo do Instituto Brasileiro de Coaching que apresentamos em nosso artigo de 14/10/2016?

O empreendedorismo corporativo é o processo de usarmos todo o nosso talento e recursos para investir em algo que idealizamos e construímos, porém sem a necessidade de abrir um negócio, mas sim atuando dentro da organização onde trabalhamos.

Pois então, para Miner o empreendedor “gestor”, o “gerador de ideias” e o “super-vendedor empático” são aqueles cujos perfis psicológicos estão mais voltados para empreender num ambiente corporativo, entretanto considera o verdadeiro empreendedor aquele da categoria C-4 (o que busca a realização pessoal), incluindo ainda outras características desse empreendedor tais como: apresenta uma forte iniciativa pessoal, controle interno, forte compromisso com seu empreendimento; desejo de obter informações e aprender e desejo de planejar o futuro. Percebemos, então, um forte alinhamento entre McClelland e Miner com relação a característica do desejo de realização pessoal como impulsionadora de um verdadeiro empreendedor.

No livro “Por que as pequenas empresas não funcionam e o que fazer sobre isso” (1995), Michael E. Gerber afirma que para compreendermos o empreendedor e seus equívocos é importante examinar cuidadosamente uma pessoa que inicia um negócio. Gerber apresenta três características que marcam a  personalidade do empreendedor: o técnico, o gerente e o empreendedor. O autor chama atenção para o que denominou “ataque de empreendedorismo” que é quando um profissional que tem o conhecimento técnico de um negócio acha que pode dominar os processos empresariais da empresa que lida com essa técnica. Para ter sucesso afirma que é importante ter um equilíbrio entre essas três características e que o empresário típico é apenas 10% empreendedor, 20% gerente e 70% técnico. Na publicação “A Mente Empreendedora” (1989), J.A. Timmons apresenta uma matriz com a combinação dos fatores criatividade e inovação juntamente com a capacidade de gestão de negócios. Nessa combinação revela quatro tipos de personalidade: o promotor, o gestor, o inventor e o empreendedor. Segundo Timmons, o empreendedor é aquele que apresenta o maior índice de habilidades de criatividade e inovação juntamente com o maior nível de conhecimento de negócios.

Existe ainda um teste psicológico, muito utilizado nos Estados Unidos, para determinar o tipo de empreendedor que é baseado na teoria do psiquiatra e terapeuta suíço Carl Gustav Jung, criador da psicologia analítica e dos conceitos de personalidade extrovertida e introvertida. Trata-se do teste Myers-Briggs que define diferentes personalidades de acordo com quatro grupos de traços do empreendedor:    (1) – Extrovertido ou Introvertido (E ou I); (2) – Intuitivo ou Sensitivo (N ou S); (3) – Pensador ou Sentimental (T ou F) e (4) – Julgador ou Compreensivo (J ou P). A combinação de personalidades quem tem mais jeito para ser empreendedor é a “ESFP”, ou seja (Extrovertido, Sensitivo, Sentimental e Compreensivo).

Finalmente, resgatamos o artigo de um dos primeiros pesquisadores que buscaram uma abordagem diferente para os estudos sobre empreendedorismo que geralmente eram voltados para o conhecimento da personalidade do empreendedor. Trata-se do artigo “Who is an entrepreneur? is the wrong question” (1988) de William B. Gartner, onde o autor argumenta que é preciso minimizar a analise dos traços de personalidade do empreendedor para se concentrar mais no seu comportamento. O foco, portanto, deve ser no que o empreendedor faz e não no que ele é.

Há muitas controvérsias e resultados não conclusivos nos estudos sobre quais são as características da personalidade do empreendedor de sucesso, ou seja, de como deve ser o “empreendedor nascido pronto”. Mas com a mudança de foco para os estudos do comportamento do empreendedor vamos encontrar muito mais consenso de que a exposição a uma cultura empreendedora tem um forte papel na determinação de um indivíduo ser ou não empreendedor, crescendo assim nossa esperança do que fazer para termos mais “empreendedores criados”. É pensando dessa forma que muitas empresas vem apostando na implantação de núcleos de empreendedorismo como uma alternativa de fomento a cultura empreendedora. A Fundação Dom Cabral tem um Núcleo de Inovação e Empreendedorismo, com o propósito contribuir para o desenvolvimento de conhecimentos, ferramentas e tecnologias relacionadas à gestão da inovação, competitividade e empreendedorismo. O Itaú criou o CUBO, o Banco do Brasil instalou o LABB em pleno Vale do Silício dos Estados Unidos. Aqui no Nordeste, o Banco do Nordeste criou o HUBINE – Hub de Inovação do Nordeste e em todo o Brasil muitas empresas vem desenvolvendo projetos nessa direção. Vamos mergulhar nessa cultura em busca de desenvolvermos a capacidade empreendedora que existe em cada um de nós? Então até o nosso próximo Empreendedorismo e Gestão.

Por Dager Aguiar

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