FONTES PARA A HISTÓRIA DE LAGARTO A PARTIR DA GENEALOGIA*

17 de novembro de 2017 - 09:48, por Claudefranklin Monteiro

           Durante anos, a História de Lagarto esteve envolta por uma lenda. Uma pedra, em formato de réptil, teria sido o mote para a origem da toponímia de um dos lugares mais antigos do Estado de Sergipe. Se a pedra de fato existiu, qual teria sido seu paradeiro? Onde ela estava? Quem a destruiu? É verdade que foi utilizada para calçar as primeiras ruas de Lagarto? Porque não foi preservada, tamanha era a sua importância simbólica e identitária? Realmente teria existido?

            Estas e outras inquietações moveram, durante anos, curiosos e estudiosos em busca da verdade. Não a verdade histórica, por si só uma incoerência, mas a verdade dos fatos, capaz de dar solidez às respostas, coerência e mesmo justiça à informação correta, limpa e sem distorções. Todos têm direito ao mito, mas também à lógica racional, que explica tanto quanto as estórias.

            Partindo dessa premissa, nos anos 50, o historiador Sebrão Sobrinho publicou no número 22 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, o artigo “Cordialidade à Fonseca”, fazendo um questionamento desafiador para nossas inteligências (aqui, vênia aos incautos): “Ora, se tal pedra criada pela fantasia, era existente ao norte do atual Lagarto, como é que ao local primitivo, em Santo Antônio, onde há a primitiva Matriz, se deu o nome Lagarto?”.

            Sebrão Sobrinho crava, com precisão, algo que passou a direcionar com mais desenvoltura os novos estudos em torno das origens de nosso lugar. Ele afirma que o nome Lagarto é derivado da história da família do fundador, Antônio Gonçalves de Santomé, cujos pais eram: Cristovam Lagarto e Leonor Soares.

            Em minha tese de Doutorado em História, pela Universidade Federal de Pernambuco, sob a Orientação do Prof. Dr. Severino Vicente da Silva, pude aprofundar esse ponto nebuloso de nossa rica História e me vali das técnicas de uma ciência, cuja premissa básica é o “estudo do parentesco”, qual seja a genealogia. A homepage http://www.geneall.net foi crucial, nesse sentido, e o exame de seu conteúdo abriu flancos importantes

            Textualmente, na página 69, de meu livro, “Contradições da Romanização da Igreja no Brasil”, afirmo a respeito da família Lagarto: “(…) trata-se de uma família de origem portuguesa, provavelmente derivada dos primeiros séculos de fundação da nação; houve ramificações em outros países como na Espanha; há notícias da existência de um brasão com a insígnia de três répteis picados de outro, entrelaçados; registra-se a presença da família Lagarto no Brasil em Minas e no Rio de Janeiro, entre os séculos XVIII e XIX; ainda há, nos dias atuais, membros da família cujo sobrenome é lagarto em Estremoz, cidade portuguesa”.

            Nessa perspectiva, para além de ser uma história marcada pela religiosidade, notadamente católica, a cidade de Lagarto tem uma história cuja tônica se dá, também, a partir da compreensão das origens dos parentescos, cujo projeto da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, FamilySearch, pode vir a ser de vital significância.

            Trata-se de uma iniciativa das mais importantes, voltada para o registro da história de inúmeras famílias, em nível mundial, a partir, por exemplo, da digitalização e acesso público de fontes significativas, algumas delas da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, por exemplo, como livros de batismo, casamento e falecimento.

            A História das Famílias se apresenta, à luz das técnicas da genealogia, como uma ferramenta importante na oficina do historiador lagartense, tão cheia de vontades e talentos, mas ainda caduca na sua feitura e carente de ações que realmente levem em conta o compromisso com a verdade dos fatos.

             Mais do que egos lustrosos e explicações toscas e teimosas, para além do chamado revisionismo histórico de que alguns de nós somos apontados de estar fazendo, precisamos de uma História que realmente esteja atenta às expectativas de uma geração de jovens mais sensíveis e conectados às mudanças inevitáveis do tempo presente.

* Extrato de Palestra proferida na Igreja dos Mórmons, em Lagarto-SE, no dia 11 de novembro de 2017.

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