Governança e Desenvolvimento Territorial – Como avançar?

16 de fevereiro de 2018 - 11:34, por Dager Aguiar

Em nosso primeiro artigo de introdução da temática da “Governança” nesta coluna, destacamos a importância da Governança Corporativa para o sucesso das empresas. A ênfase foi para a dimensão empresarial da governança que busca um sistema equilibrado de decisões para a sobrevivência principalmente das grandes empresas, que avançaram além dos três estágios de sua evolução (empreendedorismo, expansionismo e fragmentação) de acordo com Andrade e Rossetti (2011). Também apresentamos a concepção de governança territorial como o conjunto de ações que revelam a capacidade de uma sociedade territorialmente organizada gerir seu desenvolvimento e convidamos os nossos leitores para o desafio de potencializar os ventos do desenvolvimento territorial que vem soprando em nosso município nos últimos anos com a implantação principalmente das universidades e equipamentos públicos na área de saúde como a federalização do Hospital Regional de Lagarto. Mas como podemos avançar na construção das estradas para o nosso desenvolvimento territorial?

Nas últimas décadas são inúmeras as experiências de desenvolvimento territorial que podem ser identificadas, de um modo geral, em diversos países. Trata-se de processos de aprendizagem, de adaptação e reestruturação produtiva, vivenciados pelas comunidades locais para enfrentar problemas como o desemprego, a quebra de produção e a perda de mercados, conforme nos apresenta Vàzquez-Barquero em seu texto “A Experiência Recente da Política Regional (1995). São transformações importantes num mundo onde a rápida escalada da inovação tecnológica, dentro do processo de globalização, parece favorecer as grandes empresas em virtude de sua maior capacidade gerencial para capturar mercados e realizar “lobby” nas esferas governamentais, argumenta Henderson em “Transnational corporations and global citizenship” (2000). Entretanto, os efeitos do processo de globalização, por sua vez, não são independentes da ação dos agentes locais. Sua manifestação local é resultado da forma como se concretiza a interação entre os processos de natureza global e a reação da comunidade a esses processos, gerando resultados diferentes e específicos em cada comunidade local, de acordo com Henriques em seu artigo “Globalização, Construção Européia e Coesão Social – Sem Desenvolvimento Local?” (2000). Existem, portanto, processos desenvolvidos no âmbito local que são capazes de “refratar” a dependência ou a influência exógena e que são necessários ao processo de compreensão da nossa realidade, afirma Reis em “Globalização e Inovação Urbana: uma discussão sobre as densidades urbanas” (2003).

Entretanto, não se pode continuar discutindo essas questões a partir de visões polarizadas: local versus global ou pequenas versus grandes empresas. A globalidade não se desenvolve por oposição às especificidades dos lugares individuais, mas alimenta-se deles, conforme nos apresenta Becattini e Rullani em “Sistema Local e Mercado Global”. (1995). É preciso construir melhores interações entre Global e Local e entre grandes, médias, pequenas e outras grandezas institucionais que nos permitam avançar num processo de desenvolvimento que se possa dizer sustentável. Há, portanto, uma necessidade de se “construir novos mecanismos regulatórios e de coordenação que possam melhor interpretar a governação das sociedades contemporâneas de regulação econômica e que possam coordenar de forma mais flexível a diversidade e a interdependência das questões local/global” (Reis, 2003).

Vàzquez-Barquero nos apresenta o que denominou de uma nova política de desenvolvimento local, caracterizada por um conjunto de ações de caráter muito diverso e que foram organizadas em três tipologias. Ao conjunto de ações destinadas a melhorar a infra-estrutura que serve de base aos processos de transformação estrutural denominou de hardware.  Ao conjunto de iniciativas locais ligadas aos aspectos qualitativos e de caráter imaterial do desenvolvimento, tais como a qualificação dos recursos humanos, a difusão de tecnologias e a criação e o desenvolvimento da capacidade empresarial local denominou de software. Finalmente ao conjunto de ações destinadas a melhorar a organização do desenvolvimento tais como o incentivo ao cooperativismo e a formação de redes de empresas o autor denominou de orgware.

No início deste artigo falamos sobre os ventos do desenvolvimento territorial que vem soprando em nosso município nos últimos anos. Em qual das três tipologias apresentadas acima você enquadraria a implantação das universidades e a federalização do Hospital Regional de Lagarto? Acredito que a contribuição de ambas para o “hardware” do desenvolvimento é inegável, e, no caso das universidades, poderemos vislumbrar uma ponte para entrarmos na dimensão do “software”, a depender de sua capacidade de difusão de tecnologias e da possível oferta de uma nova capacidade empresarial. O que dizer então do “orgware”, como poderemos contribuir para avançarmos nessa dimensão? Deixo este convite a todos que sonham com um voo de cruzeiro em nosso município. Então até o nosso próximo “Empreendedorismo, Gestão e Governança”.

Por Dager Aguiar

 

Xingó Parque Hotel & Resort

O Xingó Parque Hotel & Resort está situado perto da usina hidrelétrica Xingó e dos famosos cânions do Velho Chico, a 77 km do Aeroporto Paulo Afonso. Tudo isso, às margens do Rio São Francisco no município sergipano de Canindé. 

 

#Envie também a sua foto para o espaço. redacao@lagartonoticias.com.br

Contato

Alexandre Fontes

Diretor Comercial
79 99810-2533

Marcos Peris

Jornalista – DRT 1834
79 99803-2070