Sizino Mariano: “Ainda bem que a vaquejada segue viva em Lagarto”

2 de setembro de 2018 - 16:00, por Marcos Peris

Portal Lagarto Notícias

A Entrevista da Semana é com o vaqueiro que acorda todo o município de Lagarto, através das ondas sonoras da Rádio Comunitária Juventude FM, Sizino Mariano Souza. Com 75 anos, ele ainda demonstra disposição para continuar tocando e animando a sua e as outras vidas de gado.

Filho, neto e irmãos de vaqueiros, Sizino é lagartense de criação e baiano de nascimento. Por isso, carrega consigo a bandeira das vaquejadas por onde passa; reconhece que seria uma pena muito grande se em Lagarto a vaquejada não tivesse mais a sua força; e segue a vida sob a proteção de Nossa Senhora da Piedade.

Confira a Entrevista da Semana na íntegra:

PLN: Quem é popular Sizino Mariano?

SM: Sizino Mariano é o cabra da vaquejada que gosta do que é bom. Eu faço bolão de vaquejada, cavalgada, corrida de argola, pega de boi no mato. Enfim, falou nessas coisas de gado é comigo mesmo!

PLN: De onde vem essa sua paixão pelas vaquejadas?

SM: Eu sou filho, neto e irmão de vaqueiros, tanto que o meu irmão e compadre Chico Mariano é quem me acompanha nos aboios e toadas. Então levo minha vida fazendo cavalgada em todos os finais de semana.

PLN: Como o senhor descreveria a sua trajetória de trabalho?

SM: Eu comecei a trabalhar com gado com sete anos de idade. Na época, eu para as fazendas soltar os bezerros para os outros tiraram os leites das vacas; depois aprendi a tirar leite e fui trabalhar como vaqueiro.

Mas o tempo foi passando e eu acabei passando por tudo que é fazenda da região trabalhando como vaqueiro, gerente de fazenda. Minha vida toda foi ligada ao gado. Meu jeito sempre foi esse.

PLN: O senhor é natural de Jeremoabo, mas reside em Lagarto desde quando era menino. Como o senhor descreveria a sua infância? Quais as diferenças com a atual realidade de Lagarto?

SM: Naquela época era boa! Hoje também é bom, mas antes você vivia folgado, fazendo as coisas sem medo de andar pela cidade por causa da violência. Naquele tempo, você podia dormir com a porta aberta e não sumia nada.

PLN: Sendo um vaqueiro, o que lhe fez ingressar nas ondas sonoras do rádio?

SM: Eu morei 14 anos em Salvador sem voltar a Lagarto, e lá eu comecei cantando forró no Forró do Luna, na Rádio Sociedade da Bahia, que acontecia todos os domingos. Depois que retornei para Lagarto, fiz muitos programas na antiga Rádio Progresso, onde fiz o Programa Canta Sertão; depois fui para a Eldorado, Rádio Cidade de Simão Dias e agora estou na Juventude FM.

PLN: Com tantas passagens pelo rádio sergipano e baiano, qual delas o marcou?

SM: Todas elas me marcaram muito, porque eu tinha os meus programas. Tive o Canta Sertão que era ouvido por esse mundo todo e hoje tenho o Programa Chapéu de Couro, que é o que faço na Juventude FM para acordar a vaqueirama para tirar o leite da vacaria. Além disso, temos os amigos nos ouvindo, o que é muito bom para a gente, porque ficamos muito gratificados em ser reconhecido com todas essas histórias de gado.

Eu entrei no rádio para falar para os vaqueiros e sobre a vaquejada. Entrei porque todas as manhãs ouvia o rádio e isso me motivou a entrar no rádio. Aonde chego o povo me conhece e elogia o meu trabalho. Essas coisas me satisfazem.

PLN: Qual o sentimento do Sizino Mariano ao chegar o mês de setembro, onde a vaqueirama se reúne em Lagarto?

SM: Ave Maria, eu me sinto muito contente. Eu gosto muito desse tempo, e acho que a Vaquejada já esteve melhor em Sergipe. Ela caiu um pouco, mas ainda mantém a sua tradição. Ainda bem que a vaquejada segue viva em Lagarto, porque seria ruim demais se aqui não tivesse ela. A gente não pode ter um dia de domingo sem ter um fim de semana para uma pega de gado.

PLN: Como definiria seus laços com a igreja?

SM: Sou católico e devoto de Senhora Sant’Ana e Nossa Senhora da Piedade, que agora temos o postal dela em nossa cidade. Uma beleza! Eu mesmo já fui muito agraciado por essas santas.

Há 20 anos, eu tinha umas dores de cabeça que não tinha gente que desse jeito, tomava remédio, ia me rezar e nada. Mas pedi a Senhora Sant’Ana que me curasse, que eu ia para a procissão dela descalço. Depois desse dia, não sinto mais qualquer dor de cabeça.

Já a Nossa Senhora da Piedade eu só peço proteção. Em todos os eventos delas, eu vou com meu carro de som, porque ela não é somente a padroeira de Lagarto, mas também a minha protetora. Por isso que todos os eventos que tem dela, eu vou à frente!

PLN: Com 75 anos, a saúde ainda o permite seguir firme nos eventos?

SM: Permite sim. Hoje me aperreio mais com o Diabetes, porque eu pelejo para dar a alguém e ninguém quer (risadas). Mas, graças a Deus, ainda aguento o rojão.

PLN: Como uma pessoa que praticamente acorda o município de Lagarto, que mensagem o senhor deixaria para a população?

SM: Fica sabendo que Lagarto gosta da cavalgada, da vaquejada e tudo quanto é coisa boa. Eu tenho muitos amigos aqui e não tenho inimigos em canto nenhum do mundo, mas deixo a mensagem de muita paz, tranquilidade, sorte e que Nossa Senhora da Piedade continue nos protegendo.

PLN: No futuro, como o senhor gostaria de ser lembrado?

SM: Eu vou deixar meus CDs e DVDs, mas se as pessoas lembrarem de mim graças a minha animação para a vaqueirama do nordeste, irei muito feliz para o outro mundo. Mas quero dizer o seguinte: Eu ainda estou sofrendo por um amor proibido. Estou amando um alguém e este alguém tem um marido. O marido dela é brabo e eu tô ficando escravo desse namoro escondido.

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