DIÁRIO DE UMA QUARENTENA (o ócio criativo e a paz de espírito)

27 de março de 2020 - 21:19, por Claudefranklin Monteiro

Nesses tempos de confinamento vale refletir: nada para fazer ou o que deveria ter feito? A inspiração para o tema de hoje vem da música dos Titãs, de autoria de Sérgio Britto. Como já devem ter notado, nossas reflexões, em geral, têm sido pautadas pela música. Sim, isto mesmo. Sobretudo por entender que é uma das linguagens mais preciosas do ser humano. Universal, a música diz até sem conhecermos uma única palavra em outro idioma. Música é sentimento e isso é tudo que precisamos para superarmos o momento que estamos vivendo.

O que tem de tão especial na canção Epitáfio, da banda Titãs? A meu ver, trata-se de uma canção sobre a qual podemos compreender muitas coisas em nossa vidas, principalmente nossas escolhas e decisões, em grande medida tomadas sob açodamentos e impaciências, ou mesmo, em meio a e por conveniências.

Sempre gostei da ideia de ócio criativo. Mas o ócio é um luxo para nosso tempo, que nos exige muito. O fazer nada, para além da antiga representação de vagabundagem, pode ser exatamente o contrário. Pode ser a oportunidade de fazer algo, de preferência, criativo e que surta efeitos positivos na pessoa e para as pessoas.

Como sujeito inquieto que sou, não concebo ócio que não seja criativo. Embora concorde com ideia principal da canção Epitáfio de que devia ter: amado mais, chorado mais, arriscado mais, aceitado mais as pessoas como elas são. Como também, ter: complicado menos, trabalhado menos, ter me importando menos com problemas pequenos, aceitado a vida como ela é. Enfim, e principalmente: ter morrido de amor.

Eis que estamos diante de uma grande oportunidade de fazer tudo isso, afinal, ainda estamos vivos e eu não gostaria que fosse esse o meu epitáfio em meu túmulo. Gostaria que fosse exatamente assim: aqui jaz alguém viveu intensamente. Alguém que precisou desacelerar (e ainda preciso), porque estava adoecendo e sendo relapso com as coisas mais importantes em nossa existência.

Trabalhar é preciso? Viver em paz muito mais ainda. Alcançar a paz de espírito é garantir saúde mental e física. A maioria de nossos problemas têm sua origem em pensamentos ruins, em sentimentos ruins, que vamos guardando sem nenhuma necessidade. Nos destruindo por dentro e tolhendo a nossa capacidade de fazer coisas que devia ter feito mais, tais como: ficar em casa e experimentar mais e melhor a importância da convivência familiar.

Minha busca, a essa altura de minha vida, é encontrar paz de espírito e ser paz de espírito para as pessoas. É uma tarefa difícil para quem, até então, devia ter chorado mais, arriscado mais, complicado menos… e toda uma série de coisas que não fizemos por conta de nossa insegurança natural, nossos pudores, receios, medos, convenções sociais e por aí segue cada detalhe de nossas vidas, por vezes presas a metas e projetos sobre os quais nem o acaso da canção Epitáfio é capaz de nos proteger.

E quando eu andar distraído, repare não. Devo estar orando ou pensando no que deveria ter feito, antes que a morte me alcance e meu epitáfio seja repleto de lamentos sobre o que devia ter sido e feito. Sobre essas letras e palavras jaz um ser que anseia pela paz, ainda que uma paz inquieta, num ócio criativo.

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