DIÁRIO DE UMA QUARENTENA (Maria Madalena)

6 de abril de 2020 - 21:23, por Claudefranklin Monteiro

Ao longo da narrativa de Jesus Cristo, particularmente sua Paixão, Morte e Ressureição, há uma personagem que sempre me chamou a atenção. Primeiro, por ser mulher num ambiente dominado por homens; segundo, por representar todo o amor de Deus por aqueles que abrem mão de tudo que é nocivo e ruim para se entregar, sem reservas. Maria Madalena é, lado de Pedro, a representação da ideia de que todos temos um olhar especial voltado para nós por Deus. Não importa o que fizemos e o que fomos, mas a vontade e a disposição de sermos melhores.

Madalena aparece sob as mais diversas formas no campo da cultura, seja na literatura, no cinema e na música. No romance de Marco Antônio Vieira (Maria Madalena e o Romano, 2018), antes de conhecer Jesus, ela teve uma relação de amor e de submissão com um legionário romano. No cinema, foi bode expiatório para os filmes inspirados na obra de Don Brow, a exemplo de O Código da Vinci (2006), do diretor Ron Howard. Recentemente, numa série mexicana, produzida pela Sony Pictures, exibida na Netflix, María Magdalena (2018/2019), em que fatos históricos e bíblicos se misturam com a ficção. Por fim, na canção de Gilberto Gil e Isidoro, de 1992, ela é associada, como forma de autoestima a uma jovem menina pobre da Bahia, que a mãe consolava dizendo-lhe: “Há uma Santa com seu nome”.

Ainda nas telas do cinema, é importante citar Maria Madalena, com Rooney Mara e Joaquim Phoenix, fazendo o papel de Jesus, premiado no Oscar desse ano como melhor ator pela interpretação de Coringa. Ao ser lançado na época, a crítica fez elogios ao filme dizendo que ele quebrou um padrão que sempre procurava distorcer a personagem: “Mostra-a como discípula íntima, não no sentido romântico. É uma fiel escudeira, seguindo à risca os ensinamentos e batendo de frente com apóstolos”, disse Juliana Cavalcanti (UFRJ), à época.

Isto, sem falar nas inúmeras matérias de revistas magazines e revistas especializadas. Numa dela, Daniel Meurois-Givaudan destaca: “O espaço que Jesus concedeu às mulheres em seu ensinamento foi uma das facetas da atitude revolucionária que assumiu diante da sociedade em que viveu” (Revista História Viva, Grandes Temas, nº 19, p. 62).

Enfim, Maria Madalena nunca rendeu e nunca vendeu tantos produtos culturais como nos últimos anos. Em geral, a visão sobre ela tem sido maliciosa e distorcida, no afã de espectacularizar e também escandalizar a Igreja, notadamente, a Igreja Católica.

A meu ver, Maria Madalena precisa ser vista como alguém muito especial e que exerceu um papel importante na História do Cristianismo. Papel de protagonismo, que lhe foi negado por anos, sobretudo em razão de ser mulher e de sua origem possivelmente adúltera. Há que se ter um exercício de compreensão da personagem como alguém que foi amada e perdoada por Jesus e a quem lhe foi dada a confiança e a importância que nunca lhe deram.

Sobre Maria Madalena, sabe-se que era natural de Magdala, pequeno povoado nas proximidades da Galileia. Sua aparição nos evangelhos algumas vezes se deu de forma controversa, o que lhe custou a peja de adúltera e prostituta, pois é confundida com aquela que seria apedrejada, por exemplo. O certo é que ela foi perdoada e passou a frequentar o grupo mais próximo de Jesus.

Dentre tantas coisas que são ditas e escritas sobre Maria Madalena, quero destacar um trecho do Livro das Santas, de autoria de Sarah Gallick (2017): “Seja qual for a verdade sobre a vida de Maria Madalena antes da Crucificação, ela esteve entre os que prantearam Jesus no Calvário e foi a primeira testemunha da Ressurreição” (p. 223). Estas passagens de Mc 15,40 e Jo 20, 1-18 e outras significativas dos evangelhos ressaltam a tese de sua importância na História do Cristianismo e na propagação do ideário de Jesus Cristo.

Diante disso, após um longo período de resistências, mesmo já tendo sido reconhecida por São Thomas de Aquino e São João Paulo II, desde junho de 2016, por iniciativa do Papa Francisco, Maria Madalena está como Santa no calendário romano, cuja festa é celebrada no dia 22 de julho. Ela entra, em definitivo para a História como sendo “A Apóstola dos Apóstolos”.

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