Robson Oliver: “Se o campo não produz a cidade não come”

26 de abril de 2020 - 19:08, por Alexandre Fontes

Portal Lagarto Notícias

Em tempos de incertezas na economia, o Portal Lagarto Notícias entrevista com exclusividade o gerente de Negócios do Banco do Brasil (Superintendência Varejo Sergipe e Alagoas), Robson Oliver.

Portal Lagarto Notícias – Os efeitos do novo Coronavírus na economia mundial abalou os mercados financeiros desde o início da pandemia. Neste cenário, de que maneira a agropecuária vem sendo afetada?

Robson Oliver – Em menor grau que outros setores, mas o agro sofre com o covid-19. As regras de distanciamento social reduziram o consumo, dificultaram a distribuição de itens mais perecíveis. Além do mais, temos o fator psicológico, num cenário instável as pessoas tendem a restringir o consumo ou mudar hábitos alimentares, por exemplo, há números que dizem que a demanda por ovos aumentou consideravelmente, isso significa que a população, afetada no seu poder de compra, está optando por uma fonte de proteína menos onerosa.

PLN – O comentarista do Canal Rural, Glauber Silveira, afirmou que apesar do coronavírus afetar a economia do Brasil e consequentemente do agronegócio, o avanço da doença no país pode tornar o setor produtivo mais visível e melhorar a percepção da população sobre a agropecuária. Você concorda com essa afirmação? Se sim/não, porquê?

RO – Concordo. Assim como na crise de 2008 é no agro que encontraremos arrimo para nossa economia, as pessoas vão perceber que é possível viver sem alguns profissionais, mas sem o agricultor não! Sabe porquê? Porque o leite não brota na prateleira! Por trás da caixinha tem o suor e a força de um produtor rural. Espero que o momento ajude a valorizar o homem do campo, sem eles não haveria alimento na mesa do brasileiro.

PLN – O Ministério da Agricultura afirmou que o Brasil tem recebido diversos pedidos de abertura de novos mercados durante a pandemia do novo coronavírus. O que essa procura demonstrar para o setor?

RO – Mercado consumidor externo representa demanda e num cenário no qual o mercado interno está desaquecido. Independente da crise, o mundo vai precisar se alimentar e a agricultura Brasileira tem muito a ganhar. Nunca foi tão importante refletir sobre o mercado externo, exportar parece coisa de outro mundo para o pequeno produtor de Sergipe, mas isso tem que ser desmistificado. Temos casos de sucesso em JAPOATÃ, no Platô de Neópolis, onde o coco e o limão conquistaram a Europa. Porque não aumentamos o número de culturas? É possível!

PLN – As atividades agropecuárias tiveram seu fluxo de comercialização impactado pelos efeitos do coronavírus? De que forma?

RO – Sim. Como eu falei, as regras de distanciamento social pegaram o setor ainda despreparado para o comércio delivery. Setores como o de hortaliças e frutas, principalmente. O pequeno produtor ainda tinha a feira livre como praça principal para seus produtos.

PLN – O Banco do Brasil anunciou medidas para agricultores afetados pelo coronavírus. Quais são essas medidas e como acontecerão?

RO – O Banco do Brasil vem acompanhando os impactos diferenciados nas cadeias de produção agropecuária e implementando ações para garantir a continuidade do apoio creditício. Em decorrência das medidas de distanciamento social adotadas para mitigar os impactos da pandemia Covid-19, o fluxo das propostas de crédito Rural está iniciando ainda mais perto do produtor. As propostas estão sendo acolhidas nos correspondentes bancários agro, que também são assistências técnicas rurais. O envio para o banco é eletrônico e na agência é feito a análise do crédito, quando o contrato está pronto e impresso, agendamos com o produtor, ele assina e os valores são liberados.

Outras medidas foram adotadas pelo BB para a continuidade da contratação do crédito rural neste cenário de pandemia do COVID 19 dentre elas, destaco: Ampliação das hipóteses de dispensa de registro cartorário em operações de custeio agrícola e Estabelecimento de prerrogativa para liberação do crédito com registro cartorário posterior sem a apresentação do protocolo de registro, com prazo de 120 dias para a efetivação do registro. Sabemos da importância do agro para a segurança alimentar do país.

Nossas agências, embora com atendimento contingenciado, estão fazendo o melhor para garantir que o crédito rural chegue ao produtor de forma tempestiva, no volume e com as características adequados à sua necessidade.

PLN – O que será do mercado agronegócio após essa pandemia?

RO – Ele deve sair mais fortalecido frente a outros setores, seu protagonismo frente à crise vai acabar por destacá-lo e quem sabe com isso chame a atenção para velhos problemas do setor como os de infraestrutura e custo de produção.

A pandemia deixa uma lição quanto à forma de comercialização, o delivery passa a ser opção a não ser desconsiderada e por último, a sociedade deve reconhecer ainda mais a importância do agropecuarista, afinal, se o campo não produz a cidade não come.

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