José Wilton Chaves Fonseca

28 de abril de 2020 - 11:44, por Wilton Fonseca

Sou José Wilton Chaves Fonseca, 40 anos e um cara cheio de esperança e que adora a vida.

Sou um adicto em recuperação e hoje venho dividindo as minhas experiências como terapeuta ocupacional, design de interiores, lighting design, food style, cenógrafo e design de conteúdo para mídia social. Moro em Recife. Sou pai de duas filhas maravilhosas, o filho mais velho de Dona Selma e agora vamos novamente nos ver aqui na Home Life, toda semana estarei com novas matérias e aguardando vocês com opiniões e sugestões.

Aprendendo a lidar com a vida. Hoje estou entrando em novo momento da minha vida, mais seguro e muito mais confiante em mim. Apreendi a me aceitar e com isso eu consigo entender os meus limites, a vida não foi tão fácil pra mim mas foi intensa, e não posso reclamar porque vivi experiências incríveis, e no meio delas descobrir que preciso apreender a valorizar as pessoas que amo e que nunca desistiram de mim, no momento em que estava recluso e me conhecendo como pessoa e como adicto, descobrir um valor que pouco usava no meu dia a dia a humildade e a gratidão, hoje eles permeiam meu dia e faz ser um adicto consciente.

A adicção não me envergonha ela me fortalece e me faz ter a empatia de ajudar as pessoas que sofrem e não sabe a quem recorrer. Hoje dedico parte do meu dia para me doar e ajudar as pessoas que estão sofrendo dessa doença, não é sentindo pena que ajudo o meu próximo e sim estendendo a mão e escutando. Na sala de NA ou até mesmo no telefone, mas hoje eu sei a importância de falar e escutar, e foi falando que compreendi as minhas dificuldades.

Abra a boca e grite, só  não fique calado porque falar faz bem!

Eu faço terapia há alguns anos. Minha terapeuta é adicta e é uma grande especialista. Você pode falar a maior barbaridade da face da Terra que ela não se assusta com nada.

Já ouviu tudo de pior que um ser humano em tratamento contra o vício pode falar.                                                       

É necessário falar, falar esvazia a angustia e deixa a alma mais leve. Mas muita gente não está preparada para ouvir. Então, escolha bem quem serão seus interlocutores. Não adianta de nada falar com gente leiga. Desculpa, mas não adianta.

“Nossa, você é tão lindo, porque você se droga?”

“Mas você é tão inteligente… não precisa usar droga”

Amor, isso eu não quero ouvir. Desculpe.

Tem que falar com gente que entenda o seu discurso e fale de igual pra igual. Gente que já passou pelo que você passa ou, obviamente, especialistas no assunto. Gente leiga que vem com esse discurso raso, eu nem discuto. Dou um leve sorriso, balanço a cabeça, como se estivesse concordando, e permaneço calado.

O silêncio é a melhor saída. Sempre.

A melhor dica é o NA, Narcóticos Anônimos. Eu frequentei tanto em Sergipe como aqui em Recife. Lá você esta perto de pessoas que te entendem e que sabe o tamanho da sua doença. Com certeza tem um perto da sua casa.

A primeira vez é meio chocante ouvir tantas histórias fortes mas é fortalecedor. É gente que fala a nossa língua, que entende o que a gente passa, que não faz cara de pena pra gente e nem se assusta com as nossas histórias. São seres humanos em recuperação. Como eu. Como você!

Lá no NA eu aprendi os 12 passos importantes para todo Adicto. Clique aqui e leia um milhão de vezes se necessário for:

É isso: só por hoje. Quanto mais você falar, menor será o seu medo de enfrentar esse problema. Por isso, fale, fale muito.                                         

 Será nessa ferramenta do falar que você sentirá o alivio e a sensação de bem estar na sua vida! Peça ajuda, não tenha vergonha.

Vergonha é viver essa vida aprisionado e castigado por essa doença!

Toda semana vou publicar uma crônica minha feita no momento em que estava recluso!

Vamos começar a batalha, os punhos cerrado e o suor escorrendo por dentro dessa roupa escura, o sol esta a pino e os pés estão bem fixados no chão, já sinto a poeira das pisada forte figura 2 dos meus adversários. A respiração está ofegante, o corpo está a cada momento ficando mais avermelhado junto com meus lábios e dentes que não param de pressionar um ao outro, as lágrimas se concentram no canto do olho, um misto de emoção e dor, um rostinho de desespero suplica por ajuda meio que sufocado do seu lado estão seus adversários. Mas eles não estão prontos para a batalha, nela um rosto assustado amedrontado e cheio de dúvidas, nele a cara firme a voz forte e determinada, quase que imperceptível ele demonstra o seu nervosismo em uma leve batida constante do pés em seu sapato preto bem engraxado, ela com o olhar sofrido sufocada de dor pede quase que implorando para que pense antes de tomar a decisão final. O nervosismos toma conta da situação. Ânimos já são pálidos e quase incompreensíveis e em um simples gesto de redenção um dos lados toma sua decisão sensata e a mais esperada, o suspiro profundo dela já se estende a um quase esboço de um sorriso, já não era mais o olho desesperado mas sim um leve alívio de salvação ele sai e ela o abraça e acarícia mesmo com toda a dor no peito, o amor sempre vai prevalecer é um misto entre os sentimentos.

A guarda vai baixando os dedos vão se entrelaçando em um gesto de caricia e afeto e assim surge o sorriso leve e despretensioso, mas sincero, assim os lados se despedem e o afastamento não muda apenas separa um coração apertado um outro frio, mas cheio de acolhimento e deixa um coração sem maturidade sem saber o verdadeiro sentido do amor. Assim os olhos se distanciam os km separam os lados e fica só a saudade e as lembranças, mas em breve estamos juntos novamente respire e deixe oxigenar esse coração que precisa crescer.

Por Wilton Fonseca