DIÁRIO DE UMA QUARENTENA (A ALEGRIA)

24 de maio de 2020 - 09:37, por Claudefranklin Monteiro

Perto dela ninguém consegue ficar triste. É raro encontrá-la de cara amarrada ou reclamando da vida. Salvo quando estava para se aposentar. Iniciou a carreira de professora das séries iniciais na Rede Pública Estadual de Sergipe muito cedo e já andava sem paciência. Hoje, não perde uma oportunidade de tirar uma onda conosco: “nem sei o que vou fazer nas férias”. E o diz, com a gargalhada que lhe é muito peculiar. Tem sempre boas histórias para contar e o faz como ninguém, com a carga dramática e cômica de toda excelente representação.

            Quando era nova (não que esteja velha, certo?), tinha um corpo de boneca e causava frisson (aposto que está dizendo enquanto lê essa crônica: “ainda tenho, querido!”). De modo particular, em Antônio Melo que a pediu em casamento e logo iniciaram uma bela jornada, hoje com dois filhos (Antônio Bruno e Rita Lorena) e uma penca de três netos: Leonardo, Bernardo e Gustavo (filhos de Bruno e Rejane). Devo salientar que a jovem senhora sequer alcançou ainda a chamada idade “sexy”: sexagenária.

            Os pais de Antônio, os saudosos Seu João Martins e Dona Maria, eram da Estancinha, um povoado que fica na divisa entre Lagarto e Itaporanga. Um sítio enorme, bem arborizado e cuidado, onde fui algumas vezes para curtir a fartura de frutas e de generosidade daquele lindo casal. Família de pessoas trabalhadoras, dedicadas à lavoura. Meu cunhado, depois enveredou para o trabalho com máquinas pesadas, serviços de terraplanagem, entre outros. Ofício que ainda hoje exerce com o mesmo entusiasmo, competência e dedicação.

            O casamento de Claudineide foi uma apoteose. Nosso pai já havia falecido e Padinho Cláudio e Tio Tonho não mediram esforços para que fosse uma grande solenidade. Salvo engano, no dia 23 março de 1983, no Santuário Nossa Senhora da Piedade. A recepção foi no Sítio de Tinho Tonho, à época no povoado Horta, atualmente bairro, ao lado do que é hoje as futuras instalações do Hotel das Palmeiras, do empresário Geraldo Majella. Ainda guardo boas lembranças daquele dia, principalmente das iguarias calóricas: refrigerante e salgados.

            Claudineide e Tia Maria do Carmo (irmã de nossa mãe) têm em comum além de traços físicos parecidos, a capacidade de trocar alhos com bugalhos, geralmente em situações as mais inusitadas. Coisas do tipo: ir num velório e desejar bom parto à viúva; sair à francesa de uma reunião escolar e no meio do salão fazer o gesto da cruz, como se estivesse numa igreja. E olhe que essas são algumas das experiências de Tia Carmo, pois não ouso entregar as dela, sob pena de não consegui terminar esse texto sem o riso cessar.

            Herdou de nossa mãe o jeito leoa de lidar com os filhos. Quem quiser que diga alguma coisa ou se meta na criação. Antônio Bruno não foi muito de estudar, mas a exemplo do pai é trabalhador a toda a prova, se virando tenazmente para se manter e manter os seus. Atualmente é taxista (fazendo a rota Lagarto-Aracaju-Lagarto). Rita Lorena segue procurando afirmação. Formada em Letras pela Faculdade Dom Pedro II (Campus Lagarto), atua no serviço público, mas não leciona ainda.

            Lembro do nascimento dos dois, mais de perto do nascimento de Rita Lorena. Dia 1 de junho de 1996. Eu estava num momento de turbulência sentimental: procurando o que fazer da vida, se compromisso ou boemia (risos). Claudineide teve os primeiros sinais do parto na noite anterior. Fomos no carro de Anselmo Andrade (dentista amigo da família) e Padinho Cláudio para Aracaju. A cidade de Lagarto ardia em fogos, pois a Cilibrina já tomava conta das ruas.

            Rita Lorena, muito novinha, na casa de mamãe (todos em volta dela, como era costume aos domingos), foi pivô de uma cena curiosa. Para espanto de Claudineide (“menina, isso é pergunta que se faça ao seu tio?”), minha sobrinha sapeca queria saber o que era menstruação. Com o consentimento de Dona Claudemira, procurei usar toda a minha capacidade didática, sem causar espantos na curiosa e ainda contribuir para minimizar umas das preocupações da adolescência, tirando de letra, mais tarde, depois de lembrar da aula do tio que até hoje está ruborizado.

            Certa feita, o filósofo Nietzsche assim se expressou e me valho dele para traduzir a essência de minha irmã mais velha (“peste, diga isso não; diga a mais linda!”): “Se nossa alma, por um momento, como uma corda, vibrou e ressoou a alegria de viver, então todas as eternidades eram necessárias para que esse único evento acontecesse”. Ninguém nasce no dia 29 de junho (São Pedro) para ser e viver triste. Bendita seja a alegria de Claudineide! Que ela continue a nos contagiar por muitos anos e muitos anos.

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