KLEITON E KLEDIR TRI LEGAL

18 de julho de 2020 - 21:28, por Claudefranklin Monteiro

            Em 1980, a Música Popular Brasileira foi invadida, no melhor sentido da palavra, pela dupla gaúcha, natural de Pelotas, Kleiton e Kledir. Os irmãos marcaram época na cena artística, com sucessos que ainda estão na mente e na boca das pessoas de várias idades até a presente data.

Embora trate de questões regionais ao longo de sua trajetória, a dupla apresenta em sua discografia uma variedade de temas, do místico ao amoroso. Pode-se dizer que a presença da dupla no cenário nacional chamou a atenção para outros tipos de produção e para outros lugares do país, a exemplo de Brasília e Rio Grande do Sul, de onde partiram grandes bandas de rock and roll, a exemplo de Legião Urbana e Engenheiros.

            Em seu primeiro LP (1980), canções como Fonte da Saudade e Vira Virou tiveram uma significativa aceitação em nível nacional. Fonte da Saudade é uma canção intimista e sensual, fala do desejo de forma diferenciada e com versos bem originais, a exemplo das passagens: “o teu corpo é uma serpente a me provocar” e “se isso é coisa do demônio, eu quero pecar”, para se referir à vontade de beijar. Vira Virou é uma espécie de fado com sotaque gaúcho, com um refrão forte e marcante: “Ah! Vira virou, meu coração navegador / Ah! Gira girou, essa galera”. Foi interpretada por grupos como MBP4, Nenhum de Nós e pelo cantor Ivan Lins.

            No ano seguinte, em 1981, mais um LP, outros hits e a afirmação do sucesso. Destaque para as canções: Deu pra ti; Semeadura; Paixão. Destaco ainda mais duas canções: Noite de São João e Navega Coração. Deu pra ti tem uma melodia muito agradável e positiva, usando expressões típicas do Rio Grande do Sul: “Quando eu ando assim meio down Vou pra Porto e…” bah”!, tri legal”.

Em Paixão, a dupla soube novamente traduzir o desejo em suas canções e também o amor. O trecho aquele maldito “Ah! Esse maldito fecho éclair” foi uma grande sacada. Fez e faz muito sucesso, inclusive na voz de Simone (1983), Belchior (1996) e com Cláudia Leite, em ritmo de reggae (2010). A versão de Belchior é a minha preferida, tanto que por anos achei que fosse de sua autoria. Paixão também foi tema da novela Orgulho e Paixão (Rede Globo, 2018). Por falar em novela, as músicas da dupla também já tiveram em repertórios de Guerra dos Sexos (1983, Viva); Sabor de Mel (1983, Nem Pensar).

             Nem Pensar foi o carro-chefe do terceiro LP da dupla. Na mesma toada, a música Tô que tô (sucesso na voz de Simone, no álbum Corpo e Alma, CBS, 1982). O regional está presente em O Analista de Bagé. A primeira faixa do lado B é um dos grandes destaques do álbum: Viva (sucesso na voz de Caetano Veloso e feita em sua homenagem). Corpo e alma encerra com chave de ouro, uma linda versão da música Bridge Over Troubled Water, de Simon and Garfunkel (1970).

            No quarto LP da dupla (1984), uma homenagem para uma figura singular do Brasil: Beijoqueiro. Não fez tanto sucesso quanto os outros títulos. Ainda assim, destaco a faixa Só peço a Deus, sobretudo pela qualidade e profundidade da mensagem de sua letra. Dois anos depois, eles voltaram a lançar um novo trabalho. Destaque para Tô afim de ficar contigo, 1986 (uma representação do contexto). Ano de fatos marcantes como a passagem do cometa da Halley, o desastre em Chernobyl e a distensão entre EUA e URSS. Destaco ainda Pampa de Luz.

            Em 1986, a dupla se desfez pacificamente e foram fazer projetos próprios. Em 1999, é refeita e gravou o CD Clássicos do sul, com a participação de Xuxa na canção Seu Pezinho. Dez anos depois voltou a gravar um trabalho com canções inéditas: Autorretrato (CD e DVD). Em 2011, fez e lançou um trabalho direcionado para o público infantil, premiado: Par ou Ímpar. O último CD com músicas inéditas saiu em 2015: Com Todas as Letras. Também em formato de DVD.

            Outras importantes intepretações de seu repertório merecem destaque. Hei de Voltar pro sul, de Fogaça e Kledir (1982), com Nara Leão. Também de Fogaça, em parceria com Kleiton, Fafá de Belém interpretou Aprendizes da Esperança (1985).

            Manter-se sempre no auge talvez não tenha sido a pretensão da dupla, afinal isso requer um grande esforço em nosso país e gera algum desgaste. O fato é que jamais caíram no esquecimento. O conjunto da obra da dupla marcou um capítulo importante do cancioneiro brasileiro. O surgimento de novas plataformas digitais voltadas para a música, trazem à tona sucessos como Kleiton e Kledir: para os da minha geração, uma saudade que se renova; para os mais novos, a oportunidade de saber como o Brasil é capaz de produzir coisa boa há muito tempo.

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