CONTE A SUA HISTÓRIA, TAYSA MÉRCIA

13 de outubro de 2020 - 10:18, por Claudefranklin Monteiro

Sou Cenecista de formação, mas admirava o trabalho desenvolvido pelo Colégio Nossa Senhora da Piedade, das Irmãs Franciscanas do Bom Conselho. Conheci um pessoal de uma geração daquela instituição que marcou época e que produziu grandes frutos para Lagarto. Refiro-me à década de 1980, período em que tinha mais amigos do Colégio das Freiras do que do próprio Colégio Laudelino Freire. E alguns amigos e amigas de meus amigos ou parentescos deles.

 Nessa jornada, seja na vida escolar, social e, sobretudo, na vida pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Piedade que conheci uma amiga de sangue. Expressão usada para aqueles que não sendo filhos do mesmo pai e da mesma mãe, comungam a alma e a essência. Na psicologia, a sinestesia. No campo espiritual, a fraternidade emanada de Nosso Senhor Jesus Cristo.

 Talvez por tudo isso que eu e Taysa Mércia não conseguimos nos falar por menos de uma hora. Sempre há muito a dizer um para o outro, a compartilhar e dividir. Seja por telefone ou pessoalmente, há sempre uma boa e longa tertúlia para desenvolver. Ela e eu, temos muita coisa diferente um do outro, mas nossas trajetórias de lutas e de fé se confundem e se encontram: nossas escolhas, projetos e sonhos. Todos eles, assentados sobre o colo de Maria.

Taysa Mércia dos Santos Souza Damaceno é natural de Lagarto-SE, nascida no dia 14 de março de 1977. É filha de Israel Almeida Souza (grande desportista lagartense) e Luiza Áurea dos Santos Souza (professora). Viveu boa parte da infância em Propriá-SE (onde estudou no Colégio Nossa Senhora das Graças) e em Itabaiana-SE Lugares que morou por algum tempo, em razão da profissão do pai: jogador do Itabaiana.

Fixada em definitivo em Lagarto, teve ainda a infância marcada por três lugares: o Ginásio da Escola Normal Nossa Senhora da Piedade (onde estudou por nove anos seguidos), a Avenida Augusto Franco e a Rua Major Mizael Mendonça (espaços onde morou). Dos lugares de memória que marcaram os primeiros anos de sua vida, lembra com saudosismo:

(…) das brincadeiras, os cajueiros, as amizades lá plantadas e colhidas até os dias atuais; a brincadeira da rua, o “salve latinha”, as bonecas alunos/as de minha escola imaginária, andar de bicicleta, correr, cuidar dos meus irmãos…trata-se de um momento bem vivido. Minha infância tem sinônimo: brincar. Das minhas maiores lembranças, brincar foi muito bem vivido, amigos, primos, família, escola. Penso que isso me fortaleceu. Me fez ver um mundo possível, cheio de esperança.  

Taysa Mércia teve uma formação alicerçada em valores cristãos e marianos, tendo feito seu Ensino Fundamental no Ginásio da Escola Normal Nossa Senhora da Piedade, hoje Colégio Nossa Senhora da Piedade. Nos colégios Prof. Abelardo Romero Dantas e Laudelino Freire, estudou no Ensino Médio. É Licenciada e Mestre em Letras/Português pela Universidade Federal de Sergipe e Doutora em Linguística Aplicada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

A docência é marca registrada de sua vida. Sempre teve o desejo de lecionar desde a primeira infância, quando brincava com suas bonecas, suas primeiras alunas. Mantém até hoje algumas características que foram definindo a sua personalidade: a capacidade de interagir, argumentar, explicar. Encantava-a e a entusiasmava a ideia de lidar com as pessoas, talvez uma de suas grandes motivações para a escolha da profissão:  

Por muito tempo pensei em outras carreiras como o Direito, o Jornalismo, a Psicologia. Foi a arte a segunda motivação. Melhor dizendo, a Literatura, a palavra em seu estado bruto ou carregada de sentidos possíveis. Os efeitos das palavras, as intencionalidades as comunicações, as linguagens! Lembro-me de mergulhava fundo nesse mundo sempre. Na escola, nas relações familiares, com os amigos…até com as primeiras descobertas. Elas foram motivadas pelo universo de linguagem(ns).

Assim, no Ensino Médio se encontrou. Encontro mediado pela Literatura. E nesse sentido, a influência de professores a exemplo de Paulo Andrade Prata: “(…) no primeiro ano lá do “Poli”, me encantou quando em uma prova perguntou porque o palhaço era um artista. Escrevi linhas e linhas…a prova me contemplou. Falava de arte, de palavra, de criatividade”.

Mesmo nas aulas de Biologia com a professora Eliane Marques, não abria mão da arte da escrita e de escrever, quando numa redação, imprimiu toda a sua criatividade aliada ao conhecimento sobre células/organelas: “(…) mergulhei nesse universo de palavras…Fiz viagem interplanetária no texto…os planetas eram as organelas…o universo a célula. Já não dava mais para fugir. A língua…as linguagens invadiam a minha vida”.

Quando foi estudar no Laudelino Freire, encontrou no professor Anselmo Vital sua grande motivação para a escolha da profissão e pela docência. Com ele, além da relação professor-alunos, a possibilidade de discutir, em alto nível e de forma acessível, a Literatura, a docência e a arte: “(…) Lembro-me de que estudando Literatura Realista questionei sobre a dicotomia com o Naturalismo. Até hoje rimos quando lembramos. Foi o fio condutor que desembocou no hoje…24 anos de docência”.

A trajetória na docência foi marcada por grandes momentos e por um crescimento paulatino e vertiginoso. Entre os anos 1996 e 2013, foi professora de Língua Portuguesa e Literatura nas seguintes instituições: Colégio Cenecista Laudelino Freire (“minha primeira experiência e uma das mais gratificantes da vida, penso que aprendi a ser professora no LAUDELINO”); Colégio Municipal Frei Cristóvão de Santo Hilário; Secretaria Municipal de Educação de Riachão do Dantas-SE; Colégio Estadual Sílvio Romero; Colégio Nossa Senhora da Piedade (“luz, retorno, gratidão, voltei para escola que amo para dar aula no ensino médio, experiência do retorno à casa, lá fui muitas vezes agraciada pela caridade da Irmã Anunciação, sinto-me contemplada por esse trabalho na minha vida”); Escola Estadual Antônio Fontes Freitas (Povoado Tanque Novo); Colégio Estadual Prof. José Cláudio Monteiro (antigo Colégio Senadora Maria do Carmo Alves, núcleo do CEPARD, onde colaborou com a fundação do Ensino Médio, no Povoado Jenipapo – Lagarto, junto com o saudoso Gaudêncio e a professora Maria de Fátima Rosário L. da Rocha); Colégio Prof. Abelardo Romero Dantas; e Pré-Universitário – DRE 02/ Lagarto-SE.

Entre 2008 e 2013, atuou também no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Sergipe – IFS: “(…) minha grande casa, lá aprendi ser o meu hoje…conheci a rede federal de educação”.

A professora Taysa Mércia também esteve entre as primeiras pessoas que implantaram o Ensino Superior em Lagarto a partir da iniciativa do Grupo José Augusto Vieira. Ela atuou na criação do Curso de Letras: “(…) lá trabalhei como professora e coordenadora do curso, autorizamos e reconhecemos junto ao MEC, formamos as primeiras turmas…Hoje, orgulhosa dos frutos de uma FJAV ímpar….”.

Na Faculdade Amadeus, Taysa teve sua primeira experiência como professora da pós-graduação. Se firmou em definitivo no Nível Superior, a partir de 2013, Universidade Federal de Sergipe, atuando no Departamento de Letras Vernáculas e também no Mestrado Profissional.

É autora de diversos artigos científicos, capítulos de livros e algumas poesias. E de dois livros: Caderno de Criação Docente: Leitura e Escrita – O Jornal em sala de aula – Editora Criação, 2016; e Livro Didático: Gramática, Leitura e Ensino – EDUFS, 2015. Em abril de 2013, tornou-se a primeira ocupante da cadeira de número 11 da Academia Lagartense de Letras, cujo patrono é José Martins Fontes.

Taysa Mércia tem grande e destacada atuação no campo pastoral da Igreja Católica em Lagarto, mais de perto na Ação Social da Paróquia e Pastoral Familiar, tendo feito parte da Equipe Dirigente do Encontro de Casais com Cristo e da Comissão de Festa de Nossa Senhora da Piedade, juntamente com seu esposo, o professor Rangel Damaceno de Jesus, com quem casou em janeiro de 2005 e de cuja união, nasceu Isaac Souza Damaceno, em maio de 2015.

Ela atribui o nascimento de seu filho à intercessão de Nossa Senhora da Piedade, de quem é grande devota e entusiasta. Sobre isso, que ela atribuiu à experiência espiritual do Movimento Focolare, nos conta:

Essa foi plantada pela minha avó. Com ela, aprendi a amar Nossa Senhora. Lembro-me dos detalhes apresentados pelas leituras. Vovó era uma leitora nata. Trazia muito sobre Maria em seus livrinhos. E conversávamos muito. Via nela uma força e uma mulher que tinha um exemplo: Nossa Senhora. Assim comecei a vivenciar a experiência de em Maria entender e guardar muitas coisas “no coração”. Vovó sempre me dizia que “por fim, o Coração Imaculado de Maria triunfará”. Era forte. Era belo. Fé viva. Não podia deixar de aprender….

Nossa Senhora da Piedade sempre será a minha Mãe de dor e amor. Com a Mãe da Piedade aprendi e pude sentir que amar ultrapassa as nossas dores, nos conforta, nos redime, nos enlaça ao Cristo Jesus, ao Amor. A Virgem da Piedade traz no colo a expressão pura da entrega. Por muito, ficava intrigada com tanta dor ser amor…aos poucos fui aprendendo. Foi no serviço à comunidade, à igreja que pude entender como servir com alegria é resultado de ter no colo de Maria a certeza da comunhão, do amparo sempre. Ela avançou como aurora em minha vida. Toda atuação pastoral que possamos nos engajar terá o caminho de Maria nos levando ao Cristo Jesus.

Com sua biografia devidamente fincada na história cultural de Lagarto, Taysa Mércia não pensa em legado, pois centra a sua vida no presente, no hoje, como aquele tempo de nossas existências que nos permite sempre construir e reconstruir. Nesse sentido, assim se define:

E sou um pedacinho de muita coisa. Costumo dizer que uma colcha de retalhos…de tudo um pouco, mas capaz de cobrir e de, às vezes, colorir. Rasga, mas remenda. Amassa, mas passa. Hoje, penso que sou essa reconstrução. Sou Mulher porque muitas vezes me vejo forte, Mãe pela graça, Professora pela luta.

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