LAGARTO OU SILVIOPOLIS? DOIS NOMES, UMA IDENTIDADE E MUITAS HISTÓRIAS

20 de outubro de 2020 - 11:20, por Claudefranklin Monteiro

Dia 20 de outubro de 1698, fundação da Vila de Nossa Senhora da Piedade do Lagarto. Um marco histórico para o município que, recorrentemente, passa em branco, não fossem os esforços de fazê-lo lembrar. Assim o foi, quando da criação do Dia da Lagartinidade instituído pela Lei 321 em 5 de abril de 2010, na primeira gestão do prefeito Valmir Monteiro. Passados 10 anos, pouco ou nada se avançou nesse sentido e a data segue sendo uma ilustre desconhecida, apagada da memória e relegada ao esquecimento.

No afã de não deixar aquele momento significativo no anonimato em definitivo, compartilho com vocês, leitores atentos (e também críticos de plantão) de nossas investidas no campo histórico da boa e velha terra papa-jaca, um achado da confreira Ana Medina sobre a polêmica toponímica de nosso lugar. Refiro-me a um artigo publicado no Jornal Correio de Aracaju, no dia 4 de agosto de 1927, página 4.

Seu autor, assinado pelas iniciais E.D., faz uma curiosa digressão e reflexão à cerca do nome de batismo de nosso torrão identitário: Lagarto. E apresenta-nos, com argumentos interessantíssimos, uma proposta inusitada de substituição para SILVIOPOLIS. O cerne de sua tese, está na polêmica em torno das origens do nome Lagarto, sobre o qual tenho me debatido há alguns anos.

Antes de entrar no mérito do anônimo autor do artigo SIVIOPOLIS OU LAGARTO?, permitam-me atualizá-los da querela em torno do nome do lugar. Por anos a fio, cristalizou-se a lenda de que o nome de Lagarto seria derivado de uma pedra em formato de réptil, encontrada pelos fundadores, em finais do século XVI. O tempo, a história e a ciência, sobretudo o auxílio da genealogia, me fez crer que Lagarto nada mais é que o sobrenome da família do fundador do povoado Santo Antônio (1604): Antônio Gonçalves de Santomé, cujo pai era de origem galego-portuguesa, Cristovam Lagarto.

A propósito dessa lenda em torno da pedra, E.D. inicia seu texto dizendo: “Não, Lagarto não tem significação, é velharia rotineira, em uma causa lógica ou histórica que o perpetuasse no tempo”. Ora, a matéria era do início do século XX e já por aquela época nossa inteligência era subestimada com tolices inventadas por anedotas “históricas”, hoje propugnada a plenos pulmões por grotescas figuras que se arvoram de historiadores, apaniguados de políticos arcaicos que nenhum compromisso tem com a memória de seu povo.

Ainda sobre a peja da pedra do lagarto ou em forma de um réptil rastejante, disse E.D. na referida matéria de 1927: “(…) Querer aproximar o animal “Lagarto” com dragão da mitologia é tentar dar verdadeiro salto mortal nos domínios da história natural”. Motivo de chacota, foi o que fomos durante anos assentado na teimosia e miopia da tese sem base histórica alguma.

Fazendo um paralelo com a proposta de alteração do nome da cidade de Simão Dias para Anápolis, o desconhecido autor E.D. levanta uma série de argumentos para propor que Lagarto deixasse de ter um nome vazio de significado histórico e sem bases naturais ou toponímicos para um nome que fizesse jus ao seu talento e a sua inteligência: SIVIOPOLIS. Cuja inspiração maior foi Sílvio Romero: “(…) O maior padrão de glória da bela cidade de Lagarto é, a meu ver, ter sido o berço de Sílvio Romero, Laudelino Freire, Aníbal, Ranulfo Prata e tantos outros invejáveis”, ressalta com entusiasmo E.D.

Para alegria dos que até hoje criticam Sílvio Romero, a ideia de E.D. não encontrou eco à época e nem alcançou êxito. Como disse, ainda bem que a ciência histórica permite o movimento e traz os ventos das mudanças e do amadurecimento do saber. Mais pessoas, cada vez mais, se interessam em aprofundar-se no conhecimento sobre Lagarto, do povoado ao bairro, nas escolas, entre os jovens, permitindo dar ao seu nome o que E.D. não percebia em seu tempo: uma identidade histórica.

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