SUJEITOS DOS CARNAVAIS LAGARTENSES: WANDERLAN ALMEIDA

15 de fevereiro de 2021 - 16:46, por Claudefranklin Monteiro

Um capítulo importante da história dos carnavais e micaretas lagartenses foi escrito uma empresa de transporte criada por amigos e por uma família de origens campo-britenses naturalizada nas terras da Piedade. Durante anos, me vali dessa empresa para estudar em Aracaju. Conhecia seu dono em Lagarto por intermédio de meu irmão mais velho, José Cláudio Monteiro. Na juventude, ele era um dos foliões mais entusiasmados das matinês e dos bailes da saudosa Associação Atlética de Lagarto (ALL). Na cidade, ele é conhecido como Wanderla da Fátima.

Wanderlan Teixeira de Almeida, filho de Josino José de Almeida e Edésia Teixeira de Almeida, nasceu em Lagarto-SE, na Praça Filomeno Hora, no dia 21 de maio de 1942. Fez seus estudos iniciais no Colégio Nossa Senhora da Piedade, das irmãs franciscanas. Em 1955, mudou-se para Aracaju a fim de continuar a formação ginasial no Colégio Jackson de Figueiredo, retornando em 1963 para a cidade natal. Voltou com a incumbência de administrar os negócios do pai, uma vez que seu irmão mais velho, José Almeida, ficaria com os negócios da capital sergipana.

Josino José de Almeida

A Empresa Nossa Senhora de Fátima foi criada em 16 de janeiro de 1953, por seu pai, Pedro Batalha de Góis, José Carlos Zacarias da Silva Júnior e José Martins Neto. Todos filhos da cidade de Lagarto. Foi originada de uma parte da antiga Empresa Bomfim, que pertencia à época a Marinho Tavares. A outra parte foi comprada por Oviêdo que passou para Lauro Menezes. Os primeiros transportes de passageiros se chamavam marinete. Uma delas ficou conhecida pelo apelido de “vaidosa”, um Dodge 1948.

Quando da existência da Voyage Turismo, as linhas de ônibus inovaram com trecho direto Lagarto-Aracaju-Lagarto, sem paradas, com ar-condicionado e videocassete, em horários comerciais e até mesmo à noite, para atender a profissionais que tinham negócios na capital ou mesmo pessoas que precisavam estudar em instituições públicas ou particulares de nível superior, em razão da inexistência do transporte escolar gratuito.

A coisa do trio elétrico, segundo Wanderlan, surgiu de uma brincadeira do irmão mais velho, que era músico também: saxofonista. Por volta de 1966, ele que pegou um caminhão e adaptou uma bandinha em cima, a Bandinha da Fátima. Depois, nos anos 70, adaptou um ônibus velho da empresa. Ambos, criados em Aracaju, para o carnaval de lá. Mas, também chegou a fazer a folia em Lagarto, sobretudo o segundo modelo. Por ocasião da campanha de Augusto Franco para o Governo de Sergipe, Seu Josino fez um terceiro, no final dos anos 70.

Bandinha da Fátima – Anos 60

Com a morte do fundador da Fátima, os filhos não quiseram mais tocar a brincadeira, que agora era negócio, de trio elétrico. Retomando o interesse com o primeiro Pré-caju, em 1992. Na companhia de um de seus filhos, Wanderlan Almeida Júnior, num bar em Aracaju, surgiu a ideia de montar um trio elétrico, o Voyage, dois anos depois. Os carnavais fora-de-época estavam estourando no país e eram uma grande oportunidade comercial.

A primeira experiência não foi bem-sucedida. Muito pesado, o carro não chegou a subir a ladeira da Barra no Carnaval de Salvador. Isso levou Wanderlan a investir numa carreta. Em seguida, fez um outro e foi fazendo as adaptações necessárias para as exigências do momento, de mecânica, layout e som. Do Voyage chegou a fazer também uma versão em tamanho menor, que ficou conhecido pelo nome de Voyaginho (o atual).

Os trios elétricos de Wanderlan Almeida além de terem feito a folia momesca em Lagarto e em outros lugares do Brasil, também estiveram presentes em micaretas e campanhas políticas diversas e até mesmo em eventos religiosos. Seu design é marcado pelas cores da Empresa Nossa Senhora de Fátima: branco, laranja e amarelo. No carnaval de Salvador, o Voyage já foi para avenida com grandes nomes, entre ekes a Banda Eva, o Bloco do Olodum e o Bloco Camaleão, com a Banda Chiclete com Banana.

Durante anos, Wanderlan cuidou da Empresa Fátima e da Voyage. Com o surgimento dos clandestinos, dos coletivos interestaduais e também dos autônomos e aplicativos de transporte, passou a se dedicar ao agenciamento de turismo. Os negócios do trio ficaram sob a responsabilidade de seu filho Júnior.

Wanderlan Almeida mora atualmente na praça da Piedade e é uma das figuras marcantes da folia lagartense, tendo contribuído de forma pontual, não somente para a ampliação dos negócios em torno dos trios elétricos em Sergipe, mas também em outras partes do país. Outra característica importante é o fato de ter sido ele mesmo o construtor de seus trios, nas dependências da Empresa Fátima em Lagarto.

Entrevista com Wanderlan Almeida no dia 12 de janeiro de 2019

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