Bares e restaurantes lançam o ‘open delivery’, que padroniza dados dos estabelecimentos nas plataformas de entrega

14 de setembro de 2021 - 10:59, por Marcos Peris

Depois da chegada do open banking, sistema de compartilhamento de dados de clientes de instituições financeiras, bares e restaurantes resolveram lançar o open delivery.

A lógica é parecida: um sistema permitirá padronizar e compartilhar informações de restaurantes que trabalham com entregas, como nome, endereço, cardápio, preços, forma de pagamento, promoções, entre outras.

Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) lidera o projeto com mais 12 empresas financiadoras, em um investimento total de R$ 3 milhões. O objetivo é gerar mais concorrência e redução de custos, com a expectativa de que o consumidor seja beneficiado com preços mais baixos nos produtos, diz Paulo Solmucci, presidente executivo da entidade:

— Na pandemia o sistema de delivery tornou-se essencial, ajudou a manter muitos estabelecimentos abertos, mas as taxas cobradas pelos aplicativos pesaram. Ainda há muitas dificuldades operacionais, com padrões diferentes das informações, e poucos concorrentes. É um modelo que precisa de escala e, na forma como opera atualmente, é ineficiente.

Solmucci diz que o problema não é um aplicativo ou uma plataforma específica, mas sim um sistema que, segundo ele, padroniza informações.

Os testes terminam no fim deste mês. As companhias que passarem a usar o open delivery poderão continuar a utilizar seu próprio aplicativo, com o mesmo layout que já utilizam atualmente. Os dados dos restaurantes ficam armazenados nos sistemas das companhias aderentes, sem ingerência da Abrasel.

A diferença, segundo a entidade, é que a padronização dos dados traz mais eficiência e permite a entrada de novos concorrentes, segundo a Abrasel.

Hoje, é preciso manter abertas diferentes janelas de aplicativos de entrega nos computadores de restaurantes justamente porque não há padronização de dados. Ao uniformizar as informações, será possível ter um software único, que permitirá melhor visualização dos pedidos e entregas possibilitando melhor controle.

O sistema também vai permitir uma melhor negociação dos restaurantes com marketplaces, players de logística, tecnologia e meios de pagamentos.

— Hoje muitos estabelecimentos não têm sistema de gestão e, por isso, não conseguem trabalhar com nossa plataforma. Com o open delivery, isso vai mudar e haverá integração — diz Miguel Neto, fundador e presidente do Quero Delivery, empresa que atua em 13 estados e mais de 180 cidades, com presença mais expressiva no Nordeste do país em municípios com até 200 mil habitantes.

O presidente da Quero Delivery explica que a empresa cresceu 400% durante a pandemia, com as categorias de supermercado, farmácia e petshop. Com a chegada do open delivery, Miguel Neto projeta que poderá crescer ainda mais. Ele já está acompanhando a iniciativa e pretende aderir assim que for possível.

— Com as informações abertas e padronizadas, um carrinho de cachorro quente ou pipoca poderá utilizar o sistema e fechar o pedido na maquinha de adquirência, por exemplo – explica Solmucci, lembrando que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão federal que fiscaliza a concorrência no país, vem acompanhando a padronização dos dados, e que a adesão ao sistema é gratuita tanto para grandes empresas como para os pequenos empreendedores.

Com isso, cresce o interesse das maquininhas de pagamento em aderir ao sistema. Em vez de exercerem a função apenas de meio de pagamento, elas poderão atuar como recebedoras de pedidos. A Cielo e a GetNet, por exemplo, confirmaram que aderiram ao projeto da Abrasel.

Solmucci avalia que uma empresa que deseja entrar no segmento de delivery, seja ela do ramo do varejo, telecomunicação ou bebidas, vai economizar tempo e investimento, pois terá à disposição as informações dos restaurantes no open delivery.

Essa conexão padronizada e mais simples entre as empresas e os aplicativos de entrega deverá reduzir custos, prevê a Abrasel. As taxas de comissão cobradas dos estabelecimentos pelos aplicativos de entrega variam de 15% a 28% sobre o valor do pedido, considerando reserva e entrega.

— Os estabelecimentos que pagam taxas de 28% têm baixo poder de negociação. Ao ter acesso às informações no sistema, ganhando escala, elas poderão ter taxas mais convergentes para 15%. O ganho será transferido para o restaurante e para o consumidor – diz Solmucci.

Entre as companhias apoiadoras do open delivery estão Ambev, Coca-Cola, Cielo, Rede, Mercado Pago, iFood, entre outras. Procurado, o iFood informou que acompanhou desde o início o projeto de open delivery da Abrasel, como forma de fortalecer sua parceria com o setor organizado de bares e restaurantes.

O iFood inclusive faz parte do Conselho de Governança do open delivery, órgão de gestão do projeto, mas ainda não decidiu se vai aderir ao sistema.

“Como membro do Conselho de Governança temos acompanhado os trabalhos dos órgãos técnicos, inclusive o desenvolvimento da plataforma aberta, ainda em construção. Até o momento, não há nenhuma decisão por parte do iFood sobre aderir à plataforma aberta”, disse a empresa em nota.

O Mercado Pago informou que apoia a iniciativa “pela sinergia da proposta com o objetivo de democratizar o comércio e os serviços financeiros no Brasil”.

“Apoiamos a iniciativa assim como a tantas outras que promovem um ambiente de livre concorrência e melhores serviços para os diversos perfis de clientes que atendemos”, diz a empresa em nota.

A Abrasel reforça que os estabelecimentos têm toda a autonomia sobre as políticas comerciais com cada plataforma. Ontem (hoje, segunda) o open delivery foi aberto a empresas de software que queiram ter acesso à plataforma. Em outubro, o serviço será estendido aos restaurantes. (OGlobo)


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