A GENEALOGIA LAGARTENSE E O TRIO ELÉTRICO ARMANDINHO, DODÔ E OSMAR

21 de setembro de 2021 - 23:58, por Claudefranklin Monteiro

Betinho, André, Aroldo e Armandinho
(Foto promocional dos Irmãos Macêdo)

O trio elétrico foi uma criação dos amigos Dodô e Osmar, em 1950, em Salvador-BA. Em 1974, os filhos do primeiro casamento de seu Osmar Macêdo (Armandinho, Betinho, Aroldo e André) fundaram a banda Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar. Até a presente data, o trio elétrico com maior longevidade do país e também o mais famoso, em público, crítica e qualidade musical.

O Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar já esteve em Lagarto algumas vezes nos últimos quarenta e sete anos. Eu, particularmente, testemunhei as duas últimas passagens. Em ambas as ocasiões, Armandinho fez questão de dizer que sua descendência e a de seus irmãos era lagartense. Não tinha uma informação precisa ou dados que pudessem gravar melhor essa origem papa-jaca, apenas que seu parente se chamava Tolentino.

No dia 18 de abril de 2010, por ocasião do aniversário da cidade de Lagarto, eles estiveram por aqui novamente. Nessa oportunidade, tive a alegria de conhecê-los pessoalmente, graças ao então Secretário de Esportes, Ibraim Monteiro, e a intermediação de Uga, Uga. Eu estava acompanhado do amigo e confrade da Academia Lagartense de Letras, Alessandro Monteiro (Kiko). Ambos descemos a Rua Laudelino Freire em cima do trio, até o desfecho no largo do Tanque Grande.

Ao descer do trio, após registrar uma foto com Armandinho, fui convidado a comparecer no camarote da prefeitura, pelo então prefeito José Valmir Monteiro. Para minha surpresa, fui apresentado aos irmãos Macêdo: Armadinho, Betinho, Aroldo e  André. Fiquei horas conversando com Aroldo Macêdo, que me passou seu contato para aprofundarmos essa temática das origens lagartenses de sua família, mas também sobre a história do Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar.

Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar em última apresentação em Lagarto-SE
(18 de abril de 2010 – Acervo Claudefranklin Monteiro)

Em razão de minhas obrigações na  Universidade Federal de Sergipe e ter que cursar o doutorado em História pela Universidade Federal de Pernambuco entre os anos 2010 e 2013, precisei adiar esse reencontro e essa pesquisa várias vezes. Até pelo menos o mês de novembro, dia 26 para ser mais exato, do ano de 2016, quando tive um novo contato com Aroldo Macêdo, desta feita por ocasião do lançamento do projeto Irmãos Macêdo, no Café Rubi, em Salvador. Show acústico e de memória do grupo, o qual tive a oportunidade de curtir ao lado de minha esposa, a professora Patrícia Monteiro.

No ano seguinte, iniciei um ano de pós-doutorado no Programa de Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia, ocasião em que estreitei meus laços de amizade com os eles, mais de perto com Aroldo Macêdo, um entusiasta da memória e da história do trio elétrico. Eu tive acesso a inúmeras fontes e venho pesquisando afinco a temática, tendo lançado em 2019 o livro “A Vida é um Trio Elétrico”, de uma série de três volumes a respeito, temporariamente interrompido.

As informações que eu tinha não davam conta de resolver a questão das origens lagartenses dos irmãos Macêdo, até conhecer o trabalho entusiasmado de genealogia da professora e psicóloga Sônia Maria do Nascimento, também conhecida como Sônia Macário. Eu passei o pouco que eu havia encontrado sobre o assunto no acervo da Terra do Som, escritório e estúdio do Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar, e ela conseguiu dar conta de montar uma árvore genealógica até o início do século XVIII, que corresponde à sétima geração de Osmar Macêdo.

Sobre o Tolentino, a quem Armandinho se referia todas as vezes que vinha a Lagarto, trata-se, portanto, de Osmundo Tolentino Alvares, natural do povoado Santo Antônio, em Lagarto, que se casou com Honorina Cunha Alvares, em 28 de maio de 1892, em Cachoeira de São Felix, Bahia.

Segundo o Diário Oficial da União de 30 de março de 1890, Osmundo Tolentino Alvares, farmacêutico prático, com formação técnica, então com 25 anos de idade, solteiro, esteve em Salvador solicitando junto à Inspetoria Geral de Higiene, licença para abrir farmácia na Freguesia de Muritiba, no que foi atendido.

Alberto Macêdo e Lydia Álvares (década de 10)
(Acervo Terra do Som)

Do casamento com Honorina Cunha Alvares, nasceu uma considerada prole (Lydia, Ilza, Deusdete, Norita, Iacy e Maria Rosa), todos com o sobrenome Tolentino Álvares. Lydia Alvares casou-se com Alberto de Macêdo deu à luz a dois filhos homens: José de Macêdo (Zezito) e Osmar Álvares de Macêdo, sete anos mais novo, nascido na Ribeira no dia 22 de março de 1923.

Osmar Macêdo casou-se com Neuza Meireles Costa, que passou se chamar de Neuza Costa Macêdo, com quem teve os filhos Alberto Costa Macêdo, Armando Costa Macêdo, Aroldo Costa Macêdo e André Costa Macêdo. Os irmãos Macêdo, fundadores do Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar, como eu já havia anunciado no início do presente texto.

A descendência lagartense dos irmãos Macêdo não para por aí. Osmundo Tolentino Alvares é apenas a ponto da rama, como se diz no popular. Das sete gerações que antecederam ao nascimento deles, pelo menos cinco delas nasceram ou se criaram em Lagarto, notadamente na zona rural, na lida com a agropecuária.

Osmundo Tolentino Alvares era um dos mais de vinte filhos de Nicolau Tolentino Alvares (nascido em Lagarto, em 1822 e falecido em Lagarto em 1889) e Maria Rosa da Conceição Álvares, também nascida em Lagarto e falecida em Aracaju. A árvore genealógica, criada pela professora Sônia Macário, traz ainda uma série de outros parentescos, alguns deles com descendência portuguesa, daí o sobrenome Álvares.

Aroldo Macêdo destaca em suas memórias que a herança musical da família e do grupo tem um ramo lagartense forte, dado que a sua avó, Lydia Álvares e mais três outras tias, de modo particular a tia Iacy, estimularam o menino Osmar Macêdo a tocar instrumentos de corda e a apreciar choros desde os cinco anos de idade. Técnico em construção e engenharia, com diversas obras e projetos espalhados pelos Brasil e até mesmo no exterior, coube a Osmar Macêdo transmitir essa pegada musical para os filhos, como também o legado do “pau elétrico”, hoje guitarra baiana, e do próprio trio elétrico, frutos da parceira com Dodô.

Na história recente, vale destacar ainda, que André Macêdo, vocalista do Trio Elétrico Armandinho Dodô e Osmar, ao conhecer sua esposa Regina, colabora na criação de Paulo Vieira. Casado com a professora lagartense, Luana Riviane, ambos constituem família e moram em Lagarto. São pais de Maria Paula e Paulo Neto, nascidos em Aracaju, mas com raízes lagartenses, para orgulho do vovô Dedé.

Com ancestrais lagartenses, os Irmãos Macêdo são indubitavelmente parte da história de Lagarto, herança familiar e musical que na fusão com a alegria baiana e com o entusiasmo do frevo pernambucano legou para o Brasil e para o mundo a música e o carnaval trieletrizados.

Osmar Macêdo com os filhos Aroldo, Armandinho, André e Betinho, em cima da Fobica – o primeiro trio elétrico do Brasil

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