BARRETÃO CINQUENTÃO

22 de novembro de 2021 - 17:27, por Claudefranklin Monteiro

            A primeira lembrança nítida que tenho do Estádio Paulo Barreto de Menezes é do ano de 1979, por ocasião da realização do Congresso Eucarístico na cidade de Lagarto, cuja Paróquia Nossa Senhora da Piedade estava completando 300 anos de fundada. Eu tinha cinco anos de idade. Depois disso, voltei ao local algumas vezes, inicialmente acompanhado de meu saudoso pai, José Almeida Monteiro, que já foi do time amador do Lagarto. O auge, certamente, foi ter sido testemunha, com meu sobrinho Luan Henrique, do título de campeão sergipano do Atlético Clube Lagartense, em 1998. Sem falar na partida contra o Fluminense, pela primeira partida da Copa do Brasil de 1999.

            Em breve, parte de seu muro será demolido para o alargamento e duplicação da rodovia Lourival Batista. Aliás, na época da construção, alguns engenheiros achavam ser um problema a obra ser muito próxima da via.  No dia 7 de agosto de 2020, o Governo de Sergipe devolveu o espaço à comunidade, reformado e ampliado, com a implantação de um novo gramado, aplicação de grama verde esmeralda e um moderno sistema de drenagem e irrigação. Além de cabeamento estruturado em todas as cabines, com novas instalações elétricas e hidrossanitárias, com louças e metais sanitários; a revisão estrutural das arquibancadas, rampas de acesso, vestiários, coberturas e esquadrias; a climatização das cabines, refletores, além de novo Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA) e de incêndios. Sua capacidade atual é de oito mil pessoas.

            Palco de jogos e eventos inesquecíveis da memória e da história do povo lagartense, o Estádio Paulo Barreto de Menezes foi inaugurado no histórico dia 14 de março de 1971. As obras foram concluídas pelo governador de Sergipe João de Andrade Garcez (1970-1971), mas recebeu o nome de seu sucessor, Paulo Barreto de Menezes (1971-1975). A imprensa na época o chamava de “Lagartão”. Não demorou para ser enfim batizado, carinhosamente de “Barretão”. Típico daqueles tempos de ditadura civil-militar no Brasil.

João Andrade Garcez

            A propósito da homenagem, o escritor Ariosvaldo Figueiredo publicou uma interessante matéria no jornal Gazeta de Sergipe do dia 11 de agosto de 1971 (p. 2). O professor José Barreto Fontes, tendo lecionado alguns anos no Colégio Tobias Barreto, andava chateado e magoado com o governador Paulo Barreto pelo fato de o estádio de Lagarto levar a sua alcunha conhecida de Barretão. Segundo o professor, só existia um único Barretão em Sergipe e era ele e não o governador. E o professor dizia pra todo mundo que a homenagem era para ele e não para o mandatário maior do Estado (risos).

Paulo Barreto de Menezes

            O dia 14 de março de 1971 foi repleto de solenidades políticas, pois na mesma ocasião também foi inaugurado o Parque Agroindustrial Nicolau Almeida. Curiosa a nota que o Gazeta de Sergipe publicou no dia: “É o futebol sergipano através da cidade de Lagarto que ganha mais um estádio moderno e que deverá contribuir com o progresso. Será pelo menos consolação para o nosso futebol sergipano: estádios temos nós. E futebol? Vamos esperara que 71 responda a esta pergunta” (p. 7).

            O jogo inaugural foi com a equipe do Itabaiana, escalada com Marcelo, Augusto, Humberto, Elísio, Messias, Gustinho, Bené, Zequinha, Edmilson, Tatica e Horácio. A equipe do Lagarto Esporte Clube, com Cigano, Sinval, Israel, Messias, Lua, Dácio, Nado, Belo, Duda, Piranha e Raimundo e o lendário massagista João Petisco. A vitória ficou por conta dos donos da casa, com gol do ponta de lança Duda, que entrou para a história como o primeiro a marcar no novo estádio, sendo agraciado com um troféu de lembrança.

Em pé: Nado, Sinval, Israel, Cigano, Carlos e Zé Paulo;
Agachados: Belo, Duda, Piranha, Dequinha e Dácio (Acervo de Eudo Robson)

Segundo a impressa desportiva da época, mais dois atletas lagartenses se destacaram bastante naquela partida inaugural. O primeiro deles, o goleiro Cigano, com grandes e importantes defesas. E também o atacante Belo, segundo o Jornal da Cidade: “(…) um espetáculo à parte” (p.4). A nota decepcionante do jogo foi a ausência da torcida, que não chegou sequer a lotar o estádio. Apesar disso, a festa tomou conta da rua:

“Terminado o encontro do “Barretão”, o povo de Lagarto vibrou num espetacular carnaval, comemorando o histórico encontro. Nos bares, nas casas de família, nas praças, os blocos em euforia comentavam e bebemoravam o feito espetacular do time dirigido pelo modesto Arnóbio Silva. O presidente Edinho, hoje aniversariando, antecipava sua alegria, pagando aos craques um bicho de 100 cruzeiros, após o encontro, dentro do banheiro” (Jornal da Cidade, 15 a 22 de março de 1971, p. 20)

            O Estádio Paulo Barreto de Menezes veio coroar bons momentos que a cidade de Lagarto vinha passando com as gestões anteriores de Rosendo Ribeiro Filho (1963-67), Dionísio de Araújo Machado (67-71) e José Ribeiro de Sousa (1971-73). Momentos esses atestados pelo escritor Zózimo Lima em visita ao município em setembro daquele ano, onde destacou o seu progresso. Ele tinha estado na Terra de Nossa Senhora da Piedade por ocasião da vaquejada. Em texto publicado também no Gazeta de Sergipe, no dia 10 de setembro (p. 2), Zózimo diz estar encantado, tendo visitado inúmeros lugares, como a Matriz, o Hotel Palace, além de destacar a saborosa maniçoba, uma oferta de Dionísio Machado. Fez elogios ao Dr. João Almeida Rocha, forte candidato a prefeito nas eleições que se avizinhavam.

            Como última informação sobre aquele 1971, vale destacar que o campeão daquela 48ª edição do Campeonato Sergipano foi o Clube Desportivo Sergipano, auferindo seu décimo sexto título. O Lagarto Esporte Clube foi vice-campeão no ano seguinte, perdendo para o Sergipe em melhor de três: 0 x 1 – 2 x 1 – 2 x 4.  

Em memória do jornalista Emerson da Silva Carvalho.

Agradecimentos: Eraldo Ourives e Renato Araújo (a quem dedico essa matéria).

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