Dr. Valter Santana: “A UFS ocupa hoje um papel de destaque no cenário educacional estadual e regional”

29 de maio de 2022 - 17:28, por Marcos Peris

Portal Lagarto Notícias

A entrevista da semana no Lagarto Notícias é com o reitor da Universidade Federal de Sergipe, Dr. Valter Santana.

Portal Lagarto Notícias – Quais atividades comemorativas estão sendo programadas para celebração dos 54 anos da UFS?

Dr. Valter Santana – O 15 de maio é nosso marco maior. Em torno desse dia, para todo o mês de maio, elaboramos um cardápio bem variado de atividades. O pontapé inicial foi a abertura de uma exposição sobre a construção da Cidade Universitária José Aloísio de Campos, realizada no dia 16/05 no saguão da nossa Reitoria, em frente ao simbólico painel “Instrução, Cultura Ciência e Arte”, do artista plástico Jenner Augusto, representando os pilares da Universidade. A programação também contou com outras atividades de cunho científico, artístico e cultural, como mesas redondas, plantio de mudas, sarau e apresentações musicais. Mas a maior novidade e menina dos olhos deste ano foram as celebrações em torno do recém-instituído “Prêmio Destaque UFS”, que prestou as devidas homenagens a pessoas que fizeram – e fazem – a diferença no cotidiano da nossa universidade. Dos professores aos alunos, passando pelos nossos técnicos e terceirizados, em diversos campi, pessoas fundamentais para a comunidade universitária da UFS, incluindo o CODAP, receberam essa justíssima demonstração pública do nosso reconhecimento e agradecimento. No próximo dia 31, fechando com chave-de-ouro, ocorrerá a instalação da TV UFS.

PLN – Quais os desafios enfrentados nesses 54 anos de existência?

VS – A UFS nasceu em 1968. Desde então, ela cresceu apesar de, em um estado que contava com recentíssimo movimento de industrialização e ainda enfrentava muitas dificuldades quanto à distribuição de renda e a oferta de formação de qualidade para os sergipanos. A UFS perseverou, a despeito dos momentos de restrições orçamentárias e conseguiu, pouco a pouco, fincar um pé em todas as regiões do nosso estado e possibilitar o acesso ao ensino superior àqueles que não podiam estar na capital ou, estando na capital, antes da UFS, não podiam sair do estado. Esse foi o maior desafio, estabelecer-se como um patrimônio público para conseguir entregar à população os serviços de seu interesse, lembrando as palavras de José Aloísio de Campos, nosso primeiro reitor: educação para construir uma sociedade livre, mais justa e mais humana.

PLN – Qual a estrutura da Universidade Federal em solo sergipano?

VS – Nossa Universidade hoje possui 6 campi ativos: nossa sede, a Cidade Univ. Prof. José Aloísio de Campos (São Cristóvão); o Campus Prof. João Cardoso Nascimento (Aracaju); Campus Prof. Alberto Carvalho (Itabaiana); o Campus Laranjeiras, o Campus Prof. Antônio Garcia Filho (Lagarto) e o Campus do Sertão (Nossa Senhora da Glória). Nessa estrutura devemos considerar todos os centros e facilidades, inúmeros auditórios, biblioteca, centros de convivência, restaurante universitário etc. Preciso destacar também nosso Colégio de Aplicação, em São Cristóvão, que atende do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º do Ensino Médio. Além disso, chegamos a 13 pólos de Educação a Distância capilarizados pelo interior do estado. Tudo isso é testemunho da ampliação da nossa oferta de formação e dos nossos esforços de expansão territorial. Hoje, nesses espaços, contamos com 108 cursos de graduação, 48 programas de mestrado e 20 de doutorado. Não posso deixar de mencionar também os nossos Hospitais Universitários (HU Aracaju e HU Lagarto) e Hospitais Veterinários Universitários (HVU) como importantes para o ensino e a pesquisa, bem como para atendimento ao público.

PLN – Como o senhor analisa a presença da Universidade Federal de Sergipe frente ao cenário educacional sergipano?

VS – A primeira universidade pública de Sergipe foi a UFS. E até o presente, ela segue sendo a única desta natureza. Atualmente temos a companhia de outras instituições do setor privado que se acrescem às possibilidades de formação. Naturalmente este é um cenário bem diverso daquele de 1968. Contudo, os desdobramentos da missão de uma universidade vão além da oferta de cursos, esta é meio para outras e maiores finalidades. Nesse sentido, a gratuidade, a capilaridade e o escopo científico da nossa universidade hoje, enquanto uma instituição federal, faz dela uma das instituições mais preparadas para atender a diversidade de demandas locais e perfis socioeconômicos do nosso estado. Seja pela ampla gama de Assistência Estudantil que conseguimos garantir aos nossos discentes, seja pela sua responsabilidade social com o desenvolvimento do estado, a UFS ocupa hoje um papel de destaque no cenário educacional estadual e regional.

PLN – Quais os planos do reitor Valter Santana para os próximos anos à frente da UFS?

VS – O maior objetivo da nossa gestão é tornar a UFS uma universidade cada vez mais inovadora, integrada e inclusiva, uma instituição que zele esses valores em sua administração e produção acadêmica, deve ser também uma instituição melhor preparada colaborar com o para bem-estar social com o desenvolvimento econômico, dentro e fora da universidade. Isto significa planejamento e investimento para promover processos de inovação e desenvolvimento, que tendem a aumentar o nosso já destacado número de cartas patente, haja vista a marca de 78% dos pedidos de cartas patentes no estado, nos últimos 10 anos, terem partido da UFS. Significa também fomentar a integração entre comunidade universitária e a ampla sociedade, atuando em diversas frentes, através de Fóruns de Integração de Saberes, Observatórios Sociais ou do Projeto de Educação Empreendedora e demais ações que colaboram para o fortalecimento da relação ensino-pesquisa-extensão. Assim, integramos teoria e prática, docentes e discentes, academia e sociedade. Por fim, para uma universidade inclusiva, precisamos trabalhar em um desenho cada vez mais universal e acessível de nossos meios e processos, desde práticas pedagógicas diversificadas até obras de caráter estrutural, ampliação e fortalecimento das políticas afirmativas. Por isso, dentre outras preocupações naturais de uma reitoria em plena retomada pós-pandemia, uma questão à ordem do dia para a minha gestão é a observação destes três pilares: inovação, integração e inclusão. Que inovar, integrar e incluir se torne uma rotina e uma prática compartilhada e perene em todos os espaços e ações da UFS.

PLN – Quanto aos campi fora de sede, quais serão os desafios a serem enfrentados em cada um deles?

VS –    Sem dúvidas, a promoção da integração intra e intercampi será uma constante na agenda e isto trará consigo diversos desafios para nossa comunidade, envolvendo a promoção de atividades e projetos que favoreçam as interações já existentes e provoquem novos encontros e sinergias. O Campus do Sertão, particularmente, precisará de especial atenção durante o processo de finalização das obras estruturais e de acesso à sede definitiva.

PLN – Quais serão as principais mudanças promovidas na UFS desde a sua posse na instituição federal?

VS – Procuro incrementar a eficiência e a qualidade de tudo que acontece na UFS, por isso, trago uma preocupação aguda para com nossos processos administrativos, gestão organizacional e o desenvolvimento de pessoal. Assim, está no radar da minha gestão a incorporação de processos mais ágeis em nossa rotina administrativa, buscando transparência, eficácia e celeridade. Trata-se de uma profunda valorização dos nossos recursos financeiros, tecnológicos e humanos. Para isso, daremos especial atenção ao planejamento e realização de ações para a capacitação e valorização de pessoal. Minha aposta para aumentar nossa eficiência e qualidade reside também na otimização de nossa estrutura de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), uma demanda que se tornou incontornável nesse estranho momento de “novo normal”. Assim, avalio que viabilizar a maturação digital da gestão é tão indispensável quanto promover a reflexão sobre o uso das TICS em nossos fins institucionais – ensino, pesquisa, extensão e assistência estudantil. Por tudo isso, creio que as maiores mudanças de minha gestão dizem respeito ao desafio de implementar a Política de Governança Digital que desenhamos em nosso Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI – 2021-2015), cujos princípios considero elementares: TIC como ativo estratégico; Alinhamento com o Plano de Desenvolvimento Institucional; Gestão por resultados; Eficiência pública; Transparência ativa; Prestação de contas e responsabilização e Conformidade.

PLN – De que maneira a sua gestão está trabalhando as parcerias público-privadas na instituição?

VS – Nossas parcerias público-privadas se dão em três principais âmbitos: alternativas de fomento à pesquisa; ampliação das oportunidades de estágio para nossos discentes em formação; e, por fim, no campo da pesquisa e desenvolvimento, visando processos de inovação e empreendedorismo. Promovendo a articulação entre ente gestores municipais, estaduais e o setor produtivo, buscamos fortalecer a cultura da inovação e da interação entre universidade, governo, empresas e sociedade. A Educação Empreendedora e o Empreendedorismo já são realidade como política educacional na UFS; o Projeto de Educação Empreendedora da UFS – EMPREENDER UFS, é prova disso, incentivando a formação e o desenvolvimento de competências empreendedoras, de criatividade e de inovação entre discentes, docentes e servidores técnicos administrativos da UFS. Neste caso, em particular, ocorre uma pareceria com o SEBRAE/SE. Durante minha gestão vamos vigorosamente incentivar o Programa de Indução a Criação de Startups (PICS), iniciado em 2021, para atuar na criação e desenvolvimento de empreendimentos no ecossistema de inovação do Sergipe Parque Tecnológico e da UFS. Nessa direção, realço o o investimento direto em edital em parceria com Sergipetec e  AceleraSE, para fomentar a criação de startups. Essa determinação parte da visão que o nexo pesquisa e inovação é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do nosso estado.

PLN – Como descreveria o período vivenciado na UFS durante a pandemia?

VS – A UFS enfrentou a pandemia com o maior rigor e celeridade possível, para se ajustar às novas circunstâncias e constantes mudanças que enfrentamos nesses meses. É inegável que a rapidez com que a pandemia se instalou exigiu uma reação para a qual ninguém estava pronto de início. Foi um desafio compartilhado por gestores no mundo todo, cada um lidando com as especificidades de suas regiões, seu setor, seus “clientes”. Pesquisadores e profissionais da educação logo se viram obrigados a mudar sua rotina e na UFS não foi diferente. Aqui reagimos estabelecendo e comunicando claramente normas do Comitê de Enfrentamento à COVID-19 e os atualizados protocolos de biossegurança. As mudanças atingiram a UFS como um todos, graduação, pós-graduação e CODAP. Com a emergência de recorrer às TICS e ao Ensino Remoto, tivemos que reagir rapidamente, lançando editais extraordinários para subsidiar o acesso à equipamentos e internet, de modo que a desigualdade já existente não se tornasse um entrave ainda maior para membros da nossa comunidade universitária em situação de vulnerabilidade. Foi necessário também articular rapidamente as questões de acesso e suporte pedagógico às pessoas com deficiência, o que consideramos ter sido uma experiência de muito aprendizado para todos os envolvidos, sobretudo para a gestão, que entendeu a relevância de se iniciar ações considerando o design universal e não apenas adaptando o que já existe depois de pronto, o que se torna mais moroso e dispendioso para a instituição. Para mitigar a falta de conectividade que afetava muitos estudantes, com apoio da Rede Nacional de Ensino e Tecnologia (RNP) a UFS distribuiu chips de internet para viabilizar o ensino remoto. Já para os alunos residentes em áreas sem cobertura da operadora de dados em questão, foi criado outro edital oferecendo auxílio de R$ 900 para compra e instalação de internet banda larga. Fizemos bastante para atenuar o impacto da pandemia no nosso corpo social, sabemos que ainda foi pouco, mas estamos orgulhosos de termos superado juntos os momentos mais graves e dolorosos. Todo o país viveu desafios e um luto coletivo que ainda não é fácil para ninguém. Procuramos, então, sermos solidários. Em breve, entraremos na fase 4 do nosso Plano de Retomada Gradual das Atividades Presenciais e isto certamente trará desafios, mas o bom manejo que tivemos durante os momentos mais críticos, a compreensão e colaboração de discentes e servidores em geral nos dão confiança para retornar com segurança ao presencial.

PLN – No tocante ao fomento à pesquisa, como a gestão tem enfrentado essa questão atualmente?

VS – No tocante à pesquisa, a Universidade Federal de Sergipe tem buscado diuturnamente a aprovação de chamadas públicas que são lançadas pelas agências de fomento, fazendo treinamento para que os nossos pesquisadores consigam captar mais recursos dentro dessas chamadas públicas. Nesse sentido, a UFS tem se saído muito bem e conseguiu aumentar a captação de recursos mesmo em um delicado momento de restrição orçamentária, isso porque nossos pesquisadores têm realizado um trabalho muito importante. Além disso, a universidade tem colocado recursos próprios da instituição para, por exemplo, garantir a manutenção de equipamentos. No final do ano passado, por exemplo, a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (POSGRAP)lançou um edital exclusivo para manutenção de equipamentos. Graças a nosso planejamento estratégico, temos otimizado a utilização de recurso, ampliado a oferta de bolsas, quando possível para projetos específicos, e o que é mais relevante de tudo isso: os indicadores que são gerados a partir dessas ações têm promovido a UFS e feito com que ela se destaque em rankings internacionais como jamais visto. Hoje a UFS está classificada no ranking mais importante no mundo, o Times Higher Education, que classifica as universidades mundiais, como a quinta melhor universidade do Brasil, a melhor universidade do nordeste! E aparece também entre as 25 melhores instituições do Brasil quando se observa o quesito do cumprimento de ações e pesquisas, e atividades de ensino e extensão relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS). Então, a UFS transita com vários pesquisadores, entre os mais influentes do mundo, tem produzido artigos que são lidos e citados ao redor do mundo. Então, apesar do impacto das restrições orçamentárias, temos buscado de maneira sistemática, fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico dentro da nossa instituição.

PLN- Qual mensagem o senhor Valter Santana deixa para a população nesses 54 anos da UFS?

VS –Como diz o slogan da nossa programação desde ano: “UFS 54 anos – Construindo caminhos, concretizando sonhos.”. A ciência com sua fascinante abertura nunca deixará de inspirar nossos caminhos. Nesse percurso, mais importante que chegar, é o caminho mesmo. Então, gostaria de expressar meus votos para que nos próximos anos saibamos cultivar o senso do coletivo – tão arraigado na junção das diferentes faculdades que deram origem à nossa universidade. E, para não esquecer suas origens, que lutemos sempre pelo direito ao pensamento livre – condição tão fundamental para que esta e outras universidades sejam espaços de incontestável autonomia científica.

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O Xingó Parque Hotel & Resort está situado perto da usina hidrelétrica Xingó e dos famosos cânions do Velho Chico, a 77 km do Aeroporto Paulo Afonso. Tudo isso, às margens do Rio São Francisco no município sergipano de Canindé. 

 

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