ANSELMO DE OLIVEIRA, LAUDELINO FREIRE E A ACADEMIA SERGIPANA DE LETRAS

14 de março de 2023 - 16:29, por Claudefranklin Monteiro

            Há exatos três anos de ostracismo voluntário e necessário das sessões e eventos presenciais da Academia Sergipana de Letras, na tarde de ontem, 13 de março de 2023, deixei um pouco de lado meus afazeres para ir prestigiar dois sujeitos de alta monta, nas dependências da Sala do Conselho Estadual de Cultura de Sergipe: o ilustre conterrâneo Dr. Laudelino de Oliveira Freire (1873-1937) e o Dr. José Anselmo de Oliveira, confrade admirável do Sodalício das Letras de Sergipe. Dois bons e justos motivos que por si só explicam tudo, inclusive meu desprendimento.

            E como foi bom viver aquele momento, acompanhado que estava de minha confreira e parceira editorial, a acadêmica Ana Medina quando fomos brindados por uma conferência robusta, fundamentada, didática, leve e profunda. Bem ao estilo de Laudelino Freire, avesso, como eu, às firulas desnecessárias dos discursos panegíricos que costumam marcar a ambiência do mundo acadêmico beletrista. Pois a língua é para ser entendida, acessível e comunicante, como queria Freire em seu “Grande e Novíssimo dicionário da língua portuguesa”, em cinco volumes, publicado postumamente entre 1939 e 1944.

Dr. José Anselmo de Oliveira
(por Claudefranklin Monteiro, em 13.03.2023)

            Natural da cidade de Capela-SE, aos 15 de junho de 1959, Dr. José Anselmo de Oliveira é graduado em Direito pela Universidade Federal de Sergipe (1983). Para além da militância na imprensa, falada e televisa, atua como magistrado desde 1989, com passagens pelas Comarcas de Canindé do São Francisco, Simão Dias, Estância e Aracaju, até a presente data. Professor e escritor, teve seu primeiro livro publicado em 1981, reunindo alguns de seus poemas. Autor versátil, de fala fácil e atitude amigável e simpática, segue prestando serviço à imprensa sergipana, notadamente, no Correio de Sergipe. Estes e outros inúmeros predicados o alçaram a uma cadeira na Academia Sergipana de Letras, quando tomou posse na cadeira 21, no dia 1 de setembro de 2011, tendo sucedido ao Imortal Bemvindo Salles de Campos Neto.

            Em fala muito feliz, o acadêmico Prof. Dr. Jorge Carvalho do Nascimento, presidente da Academia Sergipana de Educação, afirmou que o êxito da fala de Dr. Anselmo sobre Dr. Laudelino Freire foi o de tê-lo apresentado em suas diversas habilidades, de filólogo a político, chamando a sua atenção, e também a minha, a sua contribuição na seara da produção de livros de leitura (didáticos) na segunda metade do século XIX, a exemplo de “Quadro Corográfico de Sergipe” (1898), e que entrou século seguinte afora, em praticamente toda as escolas sergipanas.

Conferência de Dr. José Anselmo de Oliveira sobre Dr. Laudelino Freire
(Sala do Conselho Estadual de Cultura de Sergipe – por Jane Guimarães)

            Apesar dos inúmeros dotes de Dr. Laudelino Freire, o que permitiu-lhe ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, chegando a ser seu presidente, no final de vida, não há notícias de sua presença nos quadros da Academia Sergipana de Letras. Um de seus patronos, ele não poderia ter sido, posto que ainda era vivo quando a ASL foi fundada, em 1929, como acontecera a outros de seus conterrâneos, a exemplo de Sílvio Romero (patrono da cadeira 2).

            Ainda sobre o assunto, ao indagar Dr. José Anderson Nascimento, autor de Perfis Acadêmicos e atual presidente da Academia Sergipana de Letras, este deu-me a saber que o artigo 23 do Regimento Interno da instituição, datado de 25 de abril de 1931, estabelecia que para fazer parte de seus quadros era necessário, “de preferência”, ser sergipano e residir em Sergipe. Laudelino Freire, natural da cidade de Lagarto-SE, estava radicado no Rio de Janeiro-RJ há muitos anos, o que talvez explique, em parte, a nossa curiosidade, ainda não sanada, haja vista que outro lagartense, Ranulfo Prata, radicado em Santos-SP, foi o fundador da cadeira 7 (cujo patrono é Manuel Curvelo de Mendonça), ocupando-a até seu falecimento em 25 de dezembro de 1942. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos, quando, enfim, poderemos saber, efetivamente, porque uma personalidade da envergadura de Freire não teve acento na ASL.

            Por ora, reitero a minha satisfação de estar presente na sessão da Academia Sergipana de Letras no dia 13 do mês em curso e poder testemunhar à homenagem daquela casa ao Sesquicentenário de Nascimento de Dr. Laudelino de Oliveira Freire. Espero que tenha sido a primeira de tantas outras merecidas que possam acontecer até o final deste ano, como a que deverá ocorrer no próximo dia 26 de abril, na cidade de Lagarto, em parceria com a OAB e a Academia Lagartense de Letras.

            Fica aqui uma saudável provocação aos poderes públicos de nossa Lagarto, como também, da Assembleia Legislativa de Sergipe, onde Freire foi deputado estadual, tendo cumprido três mandatos. Que estas instituições possam também colaborar para a perpetuação da memória deste notável sergipano, discreto em comportamento, altamente gabaritado em conhecimento.

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