Cidade de Lagarto, 143 anos – Reflexões e inquietações sobre um porvir

20 de abril de 2023 - 07:23, por Claudefranklin Monteiro

Para além de uma data, simbólica, marcante e identitária, o que o lagartense tem, efetivamente para comemorar? O que realmente nos enche de orgulho e nos motiva enquanto povo e sociedade? Potencial já se provou que tem de sobra faz muito tempo. Afora estarmos celebrando os 143 anos de elevação da Vila de Nossa Senhora da Piedade do Lagarto à condição de Cidade de Lagarto, nunca é demais lembrar que desde quando Antônio Gonçalves de Santomé recebeu estas terras de Cristóvão de Barros, em 1596, muitos foram os fatos e os sujeitos que transformaram o Município em um dos mais pujantes do interior sergipano. Entretanto, ultimamente com essa coisa de um vir a ser que nunca chega ou um estar se esperando há pelo menos quatro décadas.

Coreto e Santuário (praça da Piedade) – marco arquitetônico identitário de Lagarto

            Por isso mesmo, hoje não quero escrever sobre o passado. Tenho feito isto há mais de 25 anos. Faz-se necessário pensar e refletir sobre o futuro. E a motivação desta matéria se deu, em grande medida, por uma afirmação feita por José Menezes de Carvalho (Juquinha), no programa Juventude Notícias, comandado por Prefeitinho, na última terça-feira, baseada em estudos de José Aguinaldo Seixas Neto. Segundo a principal liderança do PT hoje, em Lagarto, e também um dos grandes articuladores do Hospital de Amor, o Município não tem potencial elétrico para crescer. E para tanto, é necessário um investimento de cerca de 41 milhões de reais na área!

            Ora, uma cidade que se vangloria de ser um centro de saúde, de possuir um campus da Universidade Federal de Sergipe com foco nessa área, ser dominada economicamente por um grupo privado, que praticamente monopoliza a oferta de emprego, de ser capital da vaquejada e de se autodenominar de a capital do interior sergipano, prestes a ter em funcionamento um hospital para tratamento de câncer, de alto gabarito e organização, está realmente preparada para ser grande?

            O que essa situação elétrica revela, e não só ela, é que existe muita bravata política e, o que é pior, falta de planejamento para crescer, ser, viver e se comportar como grande. Nesse sentido, a autoridades públicas e a área privada estão cientes e prontas para isto? Ao que me parece e diz muito abertamente é que não, sobretudo por não existirem políticas públicas, por exemplo, claras e consistentes para este fim.

Vista aérea do Centro Histórico da Cidade de Lagarto

            Outra coisa. Esta cidade tem investido seriamente e com responsabilidade em educação? Educar vai além de reformas de lugares ou fazer meia solas em outros. Ou de um Ensino Médio velho ou novo. Há que se pensar, refletir e pôr em prática uma educação integral e não, necessariamente, uma escola integral. Sou de uma geração em que o ano letivo era apenas de 175 dias letivos. Eu, particularmente, preciso ainda provar algo mais para dizer que aprendi e transformei? Nem sempre mais é bom. Às vezes, menos é melhor, sobretudo se o menos for qualificado.

            E o poço é mais fundo e a realidade ainda mais gritante se partirmos para outras áreas, tais como a própria saúde, com muita demanda e pouca oferta; segurança, cultura, bem-estar social, mobilidade urbana, urbanismo e civilidade; emprego e renda, cada vez mais nas mãos de poucos muito ricos e nenhum pouco interessados com a pobreza e a fome que crescem em proporções assustadoras.

            Não, não é só museu que vive de passado (por si só a expressão é muito infeliz). Mas também, Lagarto. De um passado que lhe garantiu, em certo tempo e circunstâncias, a alcunha carinhosa de “cidade ternura”, tão démodé quanto as suas elites ainda assentadas em títulos, pompas, poses e aparências.

            Enfim, a Lagarto do vir a ser que nunca chega, porque, como dizia o próprio Juquinha, naquela mesma entrevista, carece de políticos mais preparados e inteligentes. Menos midiáticos e mais efetivos; menos discursivos e mais laboriosos; menos ensimesmados em seus próprios interesses e grupos e mais Lagarto. Muito mais LAGARTO.

            Ainda assim, meus parabéns, cidade amada. Que seu porvir venha a ser, finalmente, tão alvissareiro quanto o tempo histórico, seu passado histórico, que ainda lhe garante algo de grandeza, que dela esperamos e que sempre desejamos, com dignidade e justiça social, de preferência.

Vista aérea da principal entrada da cidade de Lagarto

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