Elenilton Correia: “É muito satisfatório poder através da nossa profissão, transformar vidas com saúde, educação e da ciência”

27 de agosto de 2023 - 17:40, por Marcos Peris

Portal Lagarto Notícias

A entrevista da semana é com o fisioterapeuta e docente do Centro Universitário Ages, Elenilton Correia de Souza.

PLN- Qual a trajetória de vida do professor Elenilton Correia de Souza?

Elenilton Correia – Sou natural de Lagarto, cresci no povoado Olhos D’água, um lugar que tenho muito orgulho e admiração, ao lado dos meus pais Edna e Benildes, sendo o 5º filho da família. Assim como muitos, boa parte dos meus irmãos foram para São Paulo em busca de novas oportunidades, que na época eram bem difíceis. No meu caso, desde muito cedo tive interesse nos estudos. Sempre tentei me dedicar para que através da educação eu pudesse ter oportunidades no futuro. Sempre fui aluno de escolas públicas, sendo egresso no ensino médio do Colégio Estadual Silvio Romero. Foram 3 anos de muito crescimento e estímulo ao lado de incríveis professores que me incentivaram na realização do sonho de ingressar na Universidade Federal de Sergipe. Prestar o vestibular ainda nos formatos tradicionais foi uma fase difícil, pois havia um nível altíssimo de concorrência pelas poucas vagas. Quando o resultado chegou, foi uma imensa felicidade e gratidão, pois ali iria iniciar uma outra história. Na Universidade Federal de Sergipe fui aproveitando cada oportunidade nos eixos de ensino, pesquisa e extensão que me projetaram para a minha profissão. Próximo a me formar, prestei seleção de mestrado e obtive aprovação (mais uma grande conquista). Além da parte acadêmica tive minha primeira porta aberta em uma clínica ortopédica em Aracaju, a quem tenho muita gratidão pelo aprendizado. A partir disso, algumas oportunidades surgiram: atendimentos em atletas de alto rendimento em competições locais e regionais, preceptoria de estágios e uma das maiores conquistas que considero: Ter sido selecionado e participado dos Jogos Olímpicos Rio 2016 (maior evento esportivo do mundo). Nos últimos anos me tornei classificador funcional nacional de atletas paralímpicos (Parabadminton). Uma conquista que destaco com muita gratidão é de ter participado como professor substituto da UFS campus Lagarto, onde pude ter contato com histórias parecidas com a minha! Atualmente, estou concluindo meu Doutorado em Ciências da Saúde na UFS e sigo na missão de ser educador na região.

PLN- Como surgiu o interesse pela área da fisioterapia?

Elenilton Correia – A escolha da profissão foi por etapas e pesquisando muito. Mesmo gostando também da área de exatas, sempre a área da saúde chamou a atenção. O interesse maior foi despertado assistindo jogos da seleção e vendo entrevistas sobre recuperação de atletas e suas evoluções. Observei e percebi que a área era ampla e com muitas possibilidades de atuação.

PLN- Como aconteceu a sua chegada no Centro Universitário Ages, instituição pertencente ao ecossistema Ânima?

Elenilton Correia – Desde muito pequeno já ouvia falar na AGES, principalmente por eu ser de um interior e a cidade ser próxima ao campus. Depois de já ter passado por boas experiências clínicas em Aracaju, submeti meu currículo após ver uma divulgação sobre possíveis vagas. Nesse primeiro envio, acabou não surgindo a vaga no curso. Porém, um tempo depois, já sendo supervisor de estágio em fisioterapia na capital, um paciente que chegou para ser atendido era professor de Farmácia da AGES. Comentei sobre o interesse de um dia poder contribuir com a minha região e quem sabe poder ministrar aula naquela faculdade que era referência e inspiração de muitos. O professor comentou que haveria um processo seletivo e me incentivou muito para participar. Fiz minha inscrição, submeti novamente o currículo e nas etapas classificatórias consegui ser aprovado pela banca de avaliadores do curso de fisioterapia e na sequência pelo diretor de campus.

PLN- Atualmente, o senhor faz parte da delegação da Seleção Brasileira de Parabadminton, responsável por realizar todo o monitoramento de saúde dos atletas brasileiros. Como surgiu o convite e a convocação?

Elenilton Correia – O convite surgiu a partir das experiências que eu fui adquirindo ao longo dos anos em um projeto de extensão para pessoas com deficiência, além de cursos de aperfeiçoamento na área. Um desses cursos que me projetou na modalidade foi o de classificação funcional realizado em 2019 em São Paulo no Centro Paralímpico Brasileiro. A partir daí, algumas oportunidades em campeonatos nacionais foram surgindo. Após acompanhar profissionais que já trabalhavam na modalidade e colegas do laboratório de ciências do Centro Paralímpico Brasileiro, fui me capacitando mais para poder ser convocado pela seleção brasileira.

PLN- A Seleção Brasileira Paralímpica (Parabadminton) participou de duas competições importantes na Espanha. Quais conquistas e dificuldades foram registradas?

Elenilton Correia – No início do ano a seleção foi à Espanha.  A primeira etapa foi na cidade de Vitória Gasteiz (internacional de parabadminton nivel 2) e a segunda etapa na cidade de Toledo (internacional de parabadminton nível 1). A competição no continente europeu, proporcionou aos atletas brasileiros melhorias na parte de desempenho, além de poder competir bons jogos com outros atletas do mundo. Além de alguns conseguirem avançar de fases, o Brasil conseguiu ter representante nas finais e conquistando medalhas na Classe SH6 em ambos os eventos. Uma dificuldade talvez tenha sido a intensidade e proximidade dos jogos, o que leva um grande esforço físico e biomecânico por parte dos atletas. A fisioterapia conseguiu amenizar as queixas musculoesqueléticas durante o período de competições.

PLN- O senhor também acompanhou a seleção brasileira de Parabadminton durante competição na cidade de Sheffield na Inglaterra (Reino Unido) no início de agosto?

Elenilton Correia – Sim. Foi mais uma grande oportunidade poder fazer parte da Seleção Brasileira que vem seguindo um importante calendário da federação mundial da modalidade nesse ano pré-olímpico e paralímpico. Poder contribuir com a saúde da equipe é gratificante, já que muitas variáveis podem interferir nos jogos, como: dores musculares, fadiga, ou até mesmo alguma lesão. A nossa meta é sempre buscar aplicar protocolos de prevenção de lesões para que todos consigam atingir os objetivos. Na Inglaterra, nossos brasileiros conseguiram fazer todos os jogos sem grandes intercorrências. Eles estão de parabéns por se dedicar aos protocolos e pelo foco em campo de competição. Com certeza, a constância desse trabalho conjunto trará boas alegrias para o time brasil.

PLN – Como descreve a classificação do Brasil para os jogos parapanamericanos do Chile 2023 e para os Jogos Paralímpicos de Paris em 2024?

Elenilton Correia – No Brasil alguns esportes já contam com atletas classificados para os jogos panamericanos e parapanamericanos, que acontecem no final desse ano no Chile, além de vagas olímpicas e paralímpicas da França.

O time do parabadminton já tem vários atletas classificados para o Chile 2023, com possibilidades reais de medalhas. Em relação a Paris, o time vem se esforçando para a consolidação das vagas, faltando ainda algumas etapas internacionais até o próximo ano. O Internacional da Inglaterra foi o último de nível 1 no ano. A confederação já conta com um atleta muito próximo dessa vaga. A nossa torcida é que os atletas continuem focados, aplicando protocolos de exercícios, de prevenção e consigam atingir suas metas.

PLN- No tocante ao Centro Universitário Ages, a instituição tem adotado oportunidades nos mais diferentes cenários de saúde e inclusão na instituição em Paripiranga?

Elenilton Correia – Sim. A Ages tem me incentivado e apoiado em diversos projetos. Hoje contamos com ligas acadêmicas, projetos de pesquisa e extensão que aproximam a sociedade do centro universitário. É uma oportunidade para todos os alunos aperfeiçoarem suas habilidades profissionais. Dentre esses projetos, destaco a Liga Acadêmica Desportiva, Paradesportiva e Traumato-ortopédica (Ladepto), a qual sou orientador. A equipe já realizou diversas atividades na região com ênfases na saúde preventiva, inclusão social, esportes e reabilitação. Fico orgulhoso com a dedicação dos nossos alunos.

PLN- O senhor se considera um profissional satisfeito em sua atual profissão?

Elenilton Correia – Sim. Sou muito grato a Deus por ter me possibilitado fazer essa grande escolha de ser Fisioterapeuta, Professor e Pesquisador. Com muito esforço consegui fazer minha graduação em uma universidade pública, mesmo sendo de um pequeno interior. Tive pessoas incríveis no caminho que me impulsionaram e acreditaram profissionalmente, além de todo o apoio da família. É muito satisfatório poder através da nossa profissão, transformar vidas com saúde, educação e da ciência.

PLN- Quais os seus projetos para os próximos meses ou anos?

Elenilton Correia – Um dos grandes objetivos é a conclusão do Doutorado que já se encontra em fase final. Recentemente fui aprovado pela banca de qualificação. Será mais uma grande conquista para mim, minha família e comunidade que terá seu primeiro Doutor (filho de Olhos D’água-Lagarto). Seria também gratificante poder contribuir com a Saúde e o Esporte da minha querida cidade Lagarto (sempre estarei à disposição para alguma oportunidade). Outro projeto é poder continuar trabalhando com as ciências da reabilitação/saúde, além do esporte regional e brasileiro. Estamos na expectativa para o maior evento esportivo do continente americano no Chile (2023) e caso seja convocado, será mais uma importante missão profissional, representando os nossos alunos, a fisioterapia, minha cidade Lagarto e o Brasil.

PLN- Qual mensagem deixaria para aquelas pessoas que estariam interessadas em ingressar no curso de fisioterapia?

Elenilton Correia – Gostaria antes de concluir, agradecer ao Portal Lagarto Notícias pelo convite de contar um pouco da minha trajetória. Me fez refletir e voltar ao passado! Lembrei de cada momento e passo que dei até chegar aqui. Sou grato a cada um que acreditou no meu potencial e cedeu oportunidades. Sendo assim, destaco que a educação transformou e vem transformando a minha história, uma vez que a fisioterapia me possibilitou chegar a lugares que antes nem imaginava. Nos últimos anos, o curso foi um dos que mais cresceram na área da saúde, possuindo um mercado promissor e valorizado. Você que pretende ingressar nessa área, fica como uma dica, conversar com um profissional, tirar as dúvidas sobre os campos de atuação (que são vem variados) e estudar bastante. Lembre-se também que independente de onde seja, você pode realizar seus sonhos e conquistar o mundo. Siga firme no objetivo.

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