Balé ‘Um quê de negritude’ começa temporada do espetáculo “Agbara-Obinrin – A força da Mulher”

17 de novembro de 2023 - 16:07, por Alexandre Fontes

São 16 anos de resistência, luta, pesquisa e resgate da história afro-brasileira em Sergipe. O novo espetáculo do balé ‘Um quê de negritude’, “Agbara-Obinrin – A força da Mulher” é uma viagem às raízes negras com um quê de negritude sergipana e muita sergipanidade. O grupo começou a temporada na quarta-feira, 15, e prosseguiu no Teatro Tobias Barreto, em Aracaju, na quinta-feira, 16, em duas sessões, uma especialmente preparada para a comunidade escolar da rede pública estadual de ensino.

A 16ª montagem do grupo faz alusão à historiadora, professora, escritora e ativista pelos direitos humanos sergipana Beatriz Nascimento e à sua ligação com as religiões de matrizes africanas. Em momento ímpar em que Beatriz Nascimento entra para o livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, Um quê de negritude acerta na temática e faz o público delirar em um misto sensorial de luz, cor e ritmo.

O grupo de dança que iniciou no Centro de Excelência Atheneu Sergipense em 2017 com o objetivo de difundir a cultura afro-brasileira e indígena por meio da dança, promovendo reflexões acerca da intolerância e do preconceito racial, amadurece ao longo dos anos e ultrapassa o quê pedagógico, para além do resgate das raízes de matrizes africanas, ao resgatar grupos folclóricos, dança popular e a pesquisa de personagens negros sergipanos.

A diretora Clélia Ferreira explica que ao completar 16 anos de antirracismo, de conquistas, de reconhecimentos, de lutas e resistência, ‘Um quê de negritude’ traz à tona a vida e obra da sergipana Beatriz Nascimento no ano em que a Lei 10.639/2003 completa 20 anos. Ela inclui também a filha da ativista, Bethânia Nascimento, bailarina negra que chegou a uma das mais famosas companhias de dança americana, a Harlem.

“Trazemos uma representação da filha de Beatriz, a Bethânia Nascimento, primeira bailarina negra a alcançar o mais alto posto de uma companhia internacional, como também mostramos por meio da dança e da cultura popular a história de Beatriz e sua relação com “o Quilombo” como processo de identidade cultural no qual o próprio reduto é espaço em que surgem grandes grupos de culturas populares”, explica Clélia Ferreira.

Dividido em quatro atos, o espetáculo traz em sua abertura recursos sensoriais através de projeções em todo o teatro Tobias Barreto ao lançar trovões, raios e um barco que aporta em solo brasileira, figurativamente, trazendo negros arrancados das suas terras. Com a poesia “Navio Negreiro”, de Castro Alves, o espetáculo faz o público questionar sobre a formação de quilombos como espaços de resistências e os quilombos de hoje.

Intercalando poemas, parte de um documentário com Beatriz Nascimento, danças representativas com os orixás, saudações a personalidades de grupos folclóricos populares com apresentação do historiador Fernando Aguiar, e muita dança de matriz africana com sergipanidade, a montagem do grupo é certeira na pesquisa e documentação da vida de Beatriz Nascimento e do resgate dos grupos de cultura popular.

“Nunca tinha ido a um espetáculo no teatro para utilizar todo o espaço. As projeções de um lado e do outro, o telão em cima do palco, as danças e os depoimentos reais de Beatriz Nascimento davam a impressão de que eu estava dentro do espetáculo”, conta o geógrafo Elias Serafim.

Personalidades são homenageadas, como Maria Ione do Nascimento, organizadora dos Parafusos de Lagarto; José Ronaldo (Mestre Rolinha) e os organizadores do Lambe-Sujo e Caboblinhos, de Laranjeiras; o Mestre Neilton Santana dos Santos, organizador do São Gonçalo; a Mestre Bárbara Cristina dos Santos, organizadora das Taieiras; o Mestre José Carlos dos Santos, organizador do Cacumbi.

A cada dança das yabás, a relação de Xangó e sua esposa Obá, Oyá-Iansã, Oxum, Oxumaré, Ewá, Obaluaiyê, Nanã, Oxalufâ/ Oxaguian, Iemanjá e Exu, arranca palmas do público presente numa uníssona saudação à liberdade de cultura, de culto e de ser. “Nós temos uma nação mística, Angola. Como temos uma nação mística Ketu, como temos uma nação mística Gêge. É a recriação do estado primário desses povos na África. Por isso a necessidade de saudar e de chamar os orixás, os antepassados”, define a voz de Beatriz Nascimento em projeção.

As projeções reais de discussões do movimento negro, como estudante e pesquisadora, mostram ao público uma Beatriz Nascimento combativa, certeira até ser anunciada sua morte em 1995, provocada por tiros disparados por um namorado da amiga dela, aos 52 anos de idade. Na época, Beatriz deixou a filha Bethânia Nascimento, que já trabalhava em Nova York como bailarina da companhia Harlem.

No fim do espetáculo, o público deixa a plateia e, no hall do teatro, a interação continua com os integrantes e a banda percussiva Maria Tambor. A 16ª montagem ainda estará em cartaz em palcos sergipanos e do país. Em seguida, é aguardar as próximas surpresas da 17ª apresentação. 

Fonte: Governo de Sergipe

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