Perfil: Música e tradição remontam a história do sanfoneiro e afinador Nelson do Acordeon

27 de maio de 2025 - 09:40, por Marcos Peris

Nesta segunda-feira (26), é celebrado o Dia do Sanfoneiro, instituído por meio da Lei Estadual nº 9.046/2022, com o objetivo de homenagear e valorizar os sanfoneiros sergipanos e seu papel na cultura local. A Prefeitura Municipal de Lagarto, alinhada com a mesma finalidade, tem reforçado a presença de artistas do ramo nas programações culturais do município, em especial as festividades que estão voltadas para o ciclo junino. Um desses artistas é o sanfoneiro Nelson Bispo da Cruz, conhecido como Nelson do Acordeon, que abriu os festejos durante o Forró do Mastro, no último sábado, 24, como sanfoneiro da banda Jovens Brasas.

Dos 75 anos vividos por Nelson, 60 foram partilhados ao lado da sanfona. Entre um dedilhado e outro, o sanfoneiro relembra como a companheira de tantos anos começou a fazer parte de sua vida, ainda que seu pai fosse contra que ele e o irmão aprendessem a tocar o instrumento. “Um dia ele disse: ‘ói, se comprar uma sanfona, eu corto no machado. Em interior assim não existe sanfona, não’. Nós compramos uma e escondemos na casa de um vizinho, que era afinador de acordeon e nos ensinou umas notas”.

Um dia, quando Nelson tinha 15 anos de idade, seu pai viu os dois filhos tocando ‘Asa Branca’ e autorizou a levar o instrumento para continuarem aprendendo em casa. “A gente se acordava de madrugada, quando o ouvido estava mais apurado, e ligava o rádio no programa apresentado por Zé Beto. E foi aí que começamos a aprender as músicas e a tocar no interior”, lembrou.

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Nelson Bispo da Cruz, conhecido como Nelson do Acordeon, em sua oficina, onde toca e conserta sanfonas. (Foto: Dayanne Carvalho/Secom Lagarto)

Segundo o músico, sua participação em eventos começou quando seu amigo o convidou para tocar em uma festa e emprestou uma sanfona. “Era um sábado de Aleluia. Eu falei para ele que não sabia muita coisa, mas enchemos o salão, lá no povoado Santo Antônio. Geralmente, a gente começava a tocar de noite e só parava de manhã”, destacou, acrescentando que no início a tocada era só com o solo da sanfona, mas com o tempo foi acrescentada a zabumba e o triângulo.

O artista também lembra que já tocou em outros estados, a exemplo da Bahia e de Pernambuco. “Além de Lagarto, já tocamos em Aracaju, Itabaiana, Adustina, Arcoverde e Recife. São muitas lembranças, de quando comecei até hoje”.

Para Nelson do Acordeon, tocar sanfona também é uma espécie de terapia. “Isso aqui é minha vida. Pra mim, estou brincando. Quando estou de cabeça quente, pego a sanfona, fico mexendo, é um calmante. É uma terapia para a minha idade, eu já vou completar 75 anos no mês de outubro”, falou.

De sanfoneiro a afinador

A história se repete quando, além de tocar o instrumento, Nelson do Acordeon também conserta e afina, tal como o vizinho que lhe ensinou a tocar ainda jovem. Entre uma sanfona e outra, em sua oficina, ele explica que trabalha com o conserto e afinação há 6 anos, incluindo também a produção de zabumba. “Sempre tem tempo pra tudo, né? Pra trabalhar com afinação, no silêncio da noite é melhor porque não tem barulho, não atrapalha. Cada instrumento chega com um problema diferente, e sua qualidade depende do fabricante”.

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Nelson apresenta sua mesa de trabalho, onde costuma trocar a noite pelo dia para afinar o instrumento. (Foto: Dayanne Carvalho/Secom Lagarto)

Na esperança de passar o legado adiante, Nelson revela que, até então, apenas as netas chegaram a mexer em uma sanfona pequena que ganharam de presente do avô, “mas “mexeram, mexeram e não quiseram saber”.

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O avô segura a sanfona que deu de presente à sua neta Cecília. (Foto: Dayanne Carvalho/Secom Lagarto)

Festejos juninos

Junto ao amigo Pedro Francisco, conhecido como Galeguinho Jovem Brasa, Nelson faz parte das 40 atrações de artistas da casa que compõem as festividades juninas, iniciadas no último fim de semana com o Forró do Mastro, onde o grupo Jovens Brasas se apresentou, e a Pega do Mastro.

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Nelson (à direita) e seu amigo Galeguinho Jovem Brasa (à esquerda) tocam juntos há 9 anos na banda Jovens Brasas. (Foto: Dayanne Carvalho/Secom Lagarto)

Sobre o período junino e a sua participação em eventos, Nelson disse que não tem o que reclamar. Ele aproveitou para agradecer pela retomada do Forró do Mastro e pelo convite para tocar na festa. “Para mim, abrir os festejos da cidade neste ano, com a atual gestão foi muito bom. Um dia a recompensa chega”, celebrou.

O artista também deixou um recado para os novos e futuros músicos. “Não desistam. Continuem em frente na luta, porque desistir é pior. Isso aqui é uma terapia para gente, e forrozeiro tem que ser forrozeiro”, incentivou.

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Este é um perfil jornalístico produzido pelas equipes de Jornalismo e Marketing da Secretaria Municipal da Comunicação da Prefeitura de Lagarto. Este tipo de produção tem como finalidade destacar a história de vida, o trabalho e a importância dos lagartenses para o desenvolvimento da cidade nas mais diversas frentes.

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